11 de abril de 2014

Os passos de Eunício e os efeitos para Cid

Cid Gomes (Pros) é um sujeito atento aos gestos tanto quanto às palavras. Sua decisão de deixar o PSB foi precipitada pelos convites da cúpula do partido a dois de seus adversários: Luizianne Lins (PT) e Heitor Férrer (PDT). O senador Eunício Oliveira (PMDB) diz que ainda aguarda até o fim do mês pela palavra do governador sobre apoiá-lo ou não. Na prática, ele já se conformou que terá o Palácio da Abolição como adversário. E já se porta como tal. Conversou com os mesmos Heitor e Luizianne, e ainda com Lúcio Alcântara (PR). Pelo histórico, pode-se dar como certo que ele não está gostando nada disso. Soa provocação. Acirra ainda mais os ânimos já desgastados. E vale registrar o que o governador disse na entrevista à jornalista Hébely Rebouças, no O POVO de quarta-feira: “Até que o Eunício me diga que está procurando adversários, eu vou acreditar que ele está disputando um espaço dentro do nosso espaço de aliança”. Já procurou.

TASSO E O SONHO PEEMEDEBISTA
O sonho de Eunício para essa campanha era ter o apoio do governador para a sucessão, de modo a ser ungido numa campanha praticamente sem disputa. Desse, ele já acordou. Outro sonho é ter Tasso Jereissati (PSDB) como colega de chapa, disputando novo mandato no Senado. Na mesma entrevista citada, Cid disse ter ouvido de Eunício que o peemedebista nunca conversou com o senador tucano sobre eventual aliança. E isso é verdade. Há alguns meses, houve, sim, diálogos entre o senador e Luiz Pontes, presidente do PSDB cearense. Já quanto ao ex-senador, ele estava no Exterior e Eunício dizia a interlocutores que aguardava seu retorno para conversarem. Tasso, por sua vez, sustentava que já dera sua contribuição e que deveria dar a vez a outros. Contudo, as pressões para que se candidate são muitas. Sobretudo vindas de Minas Gerais.

Aliás, Tasso já está de volta. A conversa não deve demorar a ocorrer.

A chance de o senador se candidatar não é considerada grande por quem está próximo a ele. Mas já foi menor.

OS PALANQUES NACIONAIS
Eunício também está conformado em não ter o PT cearense em seu palanque. Mas colocou uma condição às cúpulas nacionais: Lula e Dilma Rousseff devem ficar fora do pacote de apoios petistas ao Pros. O problema é que o eventual acordo com Tasso passa pela formação de um palanque para Aécio Neves (PSDB) no Estado. No caso de o peemedebista se engraçar para o senador do PSDB mineiro, abrirá o flanco para o ex-presidente e sua sucessora caírem em campanha no Estado. Essa composição está longe de ser simples.

RECADOS DE CID
Além de apontar a tentativa de intrigá-lo com seu vice-governador, há sinais importantes na supracitada entrevista de Cid Gomes. Ressalta, talvez com mais letras que em qualquer outro momento, a primazia do Pros de lançar o candidato a governador: “É natural que o maior partido da aliança tenha preferência, de apontar o maior cargo em disputa”. Além disso, responde de certa forma à declaração de Eunício no sábado passado. “Essa eleição não vai ser eleição de poste. As pessoas já tiveram muitas decepções por candidatura imposta, tirada de bolso do colete. Acho que o coronelismo passou”, disse o senador peemedebista. Sem ser provocado sobre a declaração, questionado se já pensou em quem apoiará, Cid afirmou: “Não pretendo apontar dedo, tirar carta da manga e definir. Esses processos devem ser compartilhados. (...) O processo é democrático. Não serei eu quem vai apontar um escolhido. Não é meu estilo”.

O TRÂNSITO E A COLETIVIDADE
Bem-vinda a informação, trazida no O POVO de ontem, de que os veículos devem liberar a via no caso de acidente sem vítimas. A medida já é padrão em vários grandes centros. Em Fortaleza, havia sempre conflito entre a autoridade de trânsito responsável por apontar a responsabilidade pela ocorrência e aquela que faz a gestão de tráfego. O motorista envolvido no acidente acha que a coisa mais importante é que se esclareça quem vai pagar o prejuízo. Para a cidade, contudo, essa questão acaba se tornando menor diante do tamanho do problema que é obstruir a via. Numa cidade como São Paulo, se uma ou até mais faixas de trânsito ficarem paradas em função de cada pequeno acidente, o resultado será um colapso. Fortaleza está tristemente semelhante. Nesse caso, o interesse coletivo há de prevalecer.

O Povo

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