
"Sente perto de mim, mas seja positivo!”, esbravejou um
torcedor.
Trajado com uma camisa do Fortaleza,
o homem da chamativa barba branca deu o aviso e tomou o lugar na arquibancada.
O sol, nada tímido, também marcava presença. Evidenciava o azul, o vermelho e o
branco das bandeiras, dos sorrisos, da confiança que animava os passos dos mais
de 40 mil torcedores do Leão, que chegavam à Arena Castelão na tarde deste
sábado. Aos poucos, o estádio se vestia de paixão pelo futebol. Era o clima de
decisão. Decisão parcelada em 180 minutos. Decisão porque valia um novo flerte
com a Série B do Campeonato Brasileiro.
Foi aos poucos que cada um deu cor ao cinza das cadeiras
vazias. Ingressos comprados de forma antecipada na manhã de sol quente, na
tarde depois do trabalho, na madrugada ou pouco antes do jogo. Que importava?
Não era só estar presente. Era gritar “Viemos pra te apoiar, Fortaleza, meu
amor” E apoiar mesmo. Não só sentar e assistir, mas gritar, chamar atenção do
companheiro, aplaudir. Era um jogo dentro de campo, outro nas arquibancadas.
Com tanto esforço para apoiar a equipe, a nação tricolor não esperava nada
menos que a vitória, nada menos que garra diante do Tupi-MG. Não se
decepcionou.
Gente de toda cor, de tantos credos,
de vários lugares. Teve até torcedor gremista dando força ao Leão. Também houve
mosaico, fumaça vermelha, suor, tambores... Mas, no estádio, a voz era uma só e
todas respiravam as mesmas cores: vermelho, azul e branco. Perdão. A outra
torcida estava lá sim, mas o Galo Carijó não cantou. O que se viu em campo foi
um Fortaleza que criou boas chances no ataque, foi raçudo. Cada bola roubada,
drible efetivo, arrancada, passe certo, chute a gol era motivo de aplauso da
plateia, de grito, de batuque. Momento de silêncio, se houve, foi quando a voz
faltou, quando o corpo não respeitou a ordem de cada coração nervoso por não
ver a bola entrar.
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No gramado, o espetáculo ainda não era perfeito. Faltava
sintonia na frente, um capricho a mais no desenho da jogada. Disputa em que
bola bate na trave, em que o jogador quase consegue o chute perfeito, quase,
quase... É um teste sofrido para os nervos de qualquer torcedor. Do outro lado,
Boeck, atento, trabalhou pouco, mas foi rápido e seguro quando acionado. Assim
foi o primeiro tempo. Sem comemorar gol, mas sempre lá, junto com o time. A
formação, desde o início, sempre foi 4-3-3-40 mil.
Mal deu para terminar a pipoca, o
refrigerante... Foi a vez dos refletores despertarem para iluminar Bruno Melo,
que cruzou para Leandro Lima abrir o placar no Castelão aos dois minutos do
segundo tempo. O barulho ensurdecedor dos gritos de euforia se misturavam às
lágrimas de alívio. Fôlego renovado, o Fortaleza precisava de mais, a torcida
queria mais, a história do clube merecia mais. Após chute de Hiago, a bola
bateu na mão do defensor carijó. Pênalti. A responsabilidade de ampliar o
marcador era de Bruno Melo. O lateral, impiedoso, chutou firme e não deu chance
para o goleiro adversário. No placar, o 2 a 0 era o
contorno justo da vitória, que poderia ter sido maior./i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2017/T/u/YWaLEiSqKsjBPGHdDgTg/jl-5448.jpg)
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Assim, cada lágrima, cada soluço
conheceu uma trégua neste sábado. A vitória foi um desabafo. “Dá-lhe, Dá-lhe,
Tricolor!” O Leão, após oito anos, venceu um primeiro jogo de mata-mata e
flerta, de novo, com a Série B. Deram certo os aplausos, os gritos, estar ao
lado, ser positivo. Se dentro de campo a vantagem foi boa, fora dele os mais de
40 mil torcedores mostraram porque o Fortaleza é o Tricolor de Aço.
Por Crisneive Silveira
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