14 de maio de 2016

Gestão ao Máximo: Ressurge o Leão de Aço Cearense!

img-20150420-wa0018
54.124 torcedores pagantes. Final de Libertadores? Copa do Brasil? Última rodada do Campeonato Brasileiro? Não! Essa é a quantidade de pessoas que compraram ingressos para assistir ao segundo jogo da final do Campeonato Cearense entre Fortaleza e Uniclinic, jogo vencido pelo tricolor da cidade, conquistando assim o título da competição. Mas o que esse número mostra? Demonstra que o Fortaleza Esporte Clube, tradicional time cearense, com diversas passagens pela Série A nacional está voltando aos seus bons tempos, recuperando a confiança da torcida, investindo em jogadores de certo renome nacional, como Ricardo Berna (ex-Fluminense), Correa (ex-Palmeiras), Dudu Cearense (Seleção Brasileira) com o objetivo de voltar ao seu lugar no futebol brasileiro.
Mas o que o clube vem realizando para voltar aos bons tempos? Quais ações são realizadas pela diretoria? Quais os próximos passos?
Para entender o projeto do Tricolor de Aço, entrevistamos Marcelo Paz, diretor de futebol do clube:
Fut Paulista: Como iniciou sua trajetória no Futebol?
Marcelo Paz: Bem, como todo garoto, joguei futebol de campo, futsal, brincava de tudo relacionado à futebol, futebol de botão, coleção de figurinhas e naturalmente como sempre fui apaixonado e sempre quis estar ligado ao futebol, busquei meios para alcançar. Meu primeiro trabalho na área foi com futebol de base, em um time chamado Estação, revelador de talentos do nosso estado. Eu ajudei no projeto por vários anos, disputando competições, o primeiro título do clube que existe desde 1974 foi em nossa gestão e após isso, fui para o Fortaleza
FP: Qual a sensação de trabalhar no seu time de coração?
MP: A sensação de trabalhar no meu time de coração é indescritível. Entrei no Fortaleza querendo ajudar, com o sentimento de torcedor, pois o clube vinha em dificuldades, vários anos sem ganhar o estadual, na série C, querendo unir o conhecimento técnico que adquiri no outro clube, por ter atuado como comentarista esportivo de rádio e Tv, além da experiência administrativa, por ter formação na área de Administração e Gestão. Além de ser um trabalho, mesmo que não remunerado, pois sou diretor estatutário, que encaro com profissionalismo e amor. Não me pesa trabalhar qualquer horário pelo Fortaleza, mesmo de madrugada, de manhã, com viagens, treinos. Isso é algo diferente e que espero deixar um legado.
FP: Quais as principais dificuldades que encontrou no Fortaleza quando assumiu ao cargo?
MP: No início tivemos muitas dificuldades, pois, havia uma transição de gestão. Como todos os clubes brasileiros encontramos uma péssima situação financeira, havia uma descrença muito grande pelo fato de nossa diretoria ser nova, com pessoas sem passagem pelo futebol, com exceção de nosso presidente, que já havia sido vitorioso. Dificuldade em enfrentar o rival com poder financeiro muito maior e entender um pouco mais desse cotidiano do futebol que é muito legal mas que gera obstáculos como pessoas querendo atrapalhar o projeto e que temos que superar com ética e trabalho.
FP: Quais as principais mudanças realizadas?
MP: Em termos de mudanças, uma coisa que sempre busquei fazer foi estruturar o clube, não focar apenas em contratações e no resultado esportivo mas fazer situações externas para obter resultado no campo, através de equipamentos para fisiologia, fisioterapia, preparação física, qualificação de pessoas. Passamos a trabalhar com analista de desempenho, com analista de mercado, com nutricionista esportivo, melhorar comissão técnica. Integramos os departamentos, melhoramos a gestão de pessoas, procuramos fazer isso, afinal, o futebol é um meio com muita vaidade, todo mundo quer palpitar, acha que sabe e temos que saber fazer o filtro, pois, todo mundo quer ajudar. Como filosofia de contratações, buscamos não trazer jogadores com histórico negativo extra-campo, por melhor que fosse tecnicamente decidimos não trazer jogadores com perfil desagregador, trouxemos jogadores com perfil intelectual, com boa leitura de jogo, que saiba se comunicar e logicamente, que tenham bola, que sejam bons tecnicamente.
FP: Como é trabalhar com uma torcida apaixonada e calorosa como a nordestina?
MP: Trabalhar com uma torcida apaixonada como a do Fortaleza é estar sob pressão o tempo todo, tempo todo mesmo. Havia 4 anos que não ganhávamos um título e conseguimos vencer em uma final emocionante, que até hoje é lembrada. Foram momentos de muita emoção. Passamos momentos ruins também, de muita cobrança, de rojões na porta da sede, de críticas em redes sociais mas esse ano conseguimos o bi-campeonato e os elogios voltaram, pessoas chamando de “pé-quente”, o que acho engraçado e penso que não é ser pé quente, e sim trabalhar bastante. A torcida do Fortaleza é espetacular, atuante, cobra bastante mas quando o resultado vem, ela agradece, incentiva, apóia e faz valer o esforço.
FP: Acredita que o time conseguirá o acesso à serie B nesse ano depois de bater na trave na última competição?
MP: Eu acredito totalmente que conseguiremos o acesso para a Série B pelo trabalho que estamos fazendo, pela capacidade das pessoas que estão no clube, pela experiência que acumulamos, com a torcida que nos apóia. Na verdade, penso que o Brasil inteiro torce para o Fortaleza subir, pessoas ligadas ao futebol que nos dizem que estamos no caminho certo e que com muito trabalho, conseguiremos.
FP: O Fortaleza eliminará o Flamengo na Copa do Brasil?
MP: Bem, eu vou para Volta Redonda buscando eliminar o Flamengo. É um grande time, vencemos no primeiro jogo e essa vitória deu uma bela repercussão no cenário nacional ao Fortaleza, isso é bacana, envaidece, valoriza o trabalho. É um grande clube, joga em casa mas temos a vantagem do empate e vamos para o Rio para passar de fase, atingir o objetivo.
FP: O Fortaleza tem alguns jogadores de certo renome no futebol, como Ricardo Berna, Dudu Cearense e Correa. Como é a gestão desses atletas?
MP: Contamos muito com esses jogadores, são atletas de extremo currículo, Dudu com passagens pela Seleção Brasileira, Correa também atuou em grandes clubes nacionais e europeus, Berna foi campeão pelo Fluminense, disputou Libertadores e são jogadores que ajudam muito mas muito mesmo no dia a dia do clube, com experiência, por possuírem um perfil intelectual, segurarem a barra em momentos complicados. A gente se aconselha com eles também, toma algumas decisões consultando-os, tem o Lima também que é nosso capitão, tem um perfil interessantíssimo, um grande líder. tem o Everton também que passou pelo Cruzeiro, pelo Fluminense. Foi campeão de Série A e B, esperamos que agora seja da C. É um líder técnico, excelente atleta e junto com os demais não citados tem total capacidade para nos ajudar a alcançar os objetivos traçados.
FP: Quais os planos que tem para sua carreira no futebol?
MP: Bem, meu plano a curto prazo é ajudar o Fortaleza a subir, é o que mais quero, o que mais sonho e sobre isso podem vir outros desafios no próprio Fortaleza ou fora dele. Gosto muito de futebol, não me vejo fora dele e acho que devo prestar outros serviços ao futebol, com negócios, estudos, tenho me aprofundado nisso mas hoje meu foco está totalmente em subir com o Fortaleza. O que vier após isso, será analisado com calma.
FP: Que conselho daria para quem pretende entrar na área de Gestão Esportiva?
MP: O conselho que dou para quem pretende entrar na área é que estude, se especialize, converse com pessoas que atuam no Futebol, escute muito, pondere, assista a todo jogo que puder, de todos os campeonatos, veja treinos e busque aliar essa experiência visual com a prática. É muito enriquecedora a oportunidade de estar em clube de futebol, sei que não é facil para conseguir uma vaga mas se puder, vá de graça, não tem problema. Isso não tem preço, você vivenciar a rotina de um clube de futebol, decisões que são tomadas, treinos, palestras, isso não tem valor para quem quer atuar na área. Busque conciliar o conhecimento científico, os livros, os vídeos com a experiência prática.
futpaulista.com