3 de dezembro de 2012

Sérgio Guedes se emociona e chora ao falar do rebaixamento do Sport Recife.


Na coletiva pós-clássico, treinador rubro-negro chorou ao elogiar os atletas.
As entrevistas costumavam ser longas, mas na noite deste domingo não havia muito o que falar. Emocionado com a derrota e o rebaixamento do Sport, o técnico Sérgio Guedes concedeu entrevista coletiva lamentando o final nem um pouco feliz da temporada rubro-negra. 

"Eu não me preparei para falar isso. Existem limites nessas ocasiões e você precisa interpretar. É um fato consumado, um fato que a gente precisa interpretar bem. Trabalhar para ser melhor assimilar. É um golpe duro, mas que está na regra da competição", declarou o treinador, tentando ser o mais objetivo e frio possível.
A emoção, contudo, não demorou a aparecer. "O que eu preciso dizer neste momento é que é um clube que tem uma torcida fantástica", disse Guedes, que não coseguiu evitar o choro. "(Tenho que) Agradecer aos atletas, que desconhecem o limite que eles possuem. Eles podem muito mais do que eles mostraram nesse final

Na análise da partida, o treinador destacou o nervosismo e lamentou que o Leão não tenha consegui abrir o placar. "O jogo foi se desenvolvendo de maneira que quem saísse na frente teria a ocasião que o adversário teve, de contra-ataque, de espaços. Se fosse o sport a sair na frente as coisas seriam o contrário. O adversário aproveitou a oportunidade", afirmou. 
Sérgio Guedes falou também em um "recomeço profissional". Porém não se sabe ainda se o treinador, que teve uma aproveitamento positivo no Sport, permanecerá na Ilha do Retiro. Isso por que ele havia conversado com o XV de Piracicaba, onde estava antes de aceitar o convite rubro-negro, sobre a possibilidade de voltar a treinar a equipe paulista. Não há contrato com nenhuma equipe, deixou claro o treinador na entrevista pós-clássico.
O que se sabe é que a chapa da situação, encabeçada por Luciano Bivar e com Gustavo Dubeux como presidente do Conselho, manifestou interesse de renovar contrato com guedes. A idea, inclusive, foi reiterada por Dubeux após a partida de hoje.
Já a oposição, que tem Homero Lacerda como candidato à presidência executiva, foimais reticente com relação ao nome do treinador contratado caso vença as eleições. No dia em que lançou sua chapa, Homero declarou que gostaria de ter uma conversa com Guedes antes de tomar qualquer decisão.
Resta, portanto, esperar o resultado das eleições.

Presidente mais pobre do mundo’ vive em uma chácara e doa quase todo salário

Nesta semana, desembarca no Brasil para um encontro da cúpula do Mercosul o presidente do Uruguai, José Mujica.

Ele é, com certeza, um dos presidentes mais diferentes que você já viu. Além de doar quase todo o salário que recebe, ele não quis saber de morar no palácio e escolheu como residência oficial uma chácara bem simples. Saiba por que José Mujica nosso vizinho está sendo chamado de "o presidente mais pobre do mundo".

Poucos quilômetros fora da capital Montevidéu, já saindo do asfalto. Na curva, se avista um campo de acelga. Mais à frente, um carro da polícia e dois guardinhas: o único sinal de que alguém importante vive na região.

A porteira da chácara estava aberta para o Fantástico e uma cadela de três patas logo aparece.

O morador ilustre é José Alberto Mujica Cordano, conhecido como Pepe Mujica, presidente do Uruguai.

Perguntado sobre quem é esse Pepe Mujica, ele responde: “Um velho lutador social, da década de 50, pelo menos, com muitas derrotas nas costas, que queria consertar o mundo e que, com o passar dos anos, ficou mais humilde, e agora tenta consertar um pouquinho alguma coisa”.


Ainda jovem, Mujica se envolveu no MLN - Movimento de Libertação Nacional - e ajudou a organizar os tupamaros, grupo guerrilheiro que lutou contra a repressão.

Foi preso pela ditadura militar e torturado.

“Primeiro, eu ficava feliz se me davam um colchão. Depois, vivi muito tempo em uma salinha estreita, e aprendi a caminhar por ela de ponta a ponta”, lembra o presidente uruguaio.

Dos 13 anos de cadeia, Mujica passou algum tempo em um prédio no qual o antigo cárcere virou shopping. A área também abriga um hotel cinco estrelas. Ironia para um homem avesso ao consumo e ao luxo.

No bairro Prado, a paisagem é de casarões antigos, da velha aristocracia uruguaia. É onde está a residência Suarez y Reyes, destinada aos presidentes da República. Esse deveria ser o endereço de Pepe Mujica, mas ele nunca passou sequer uma noite no local. O palácio de arquitetura francesa, de 1908, só é usado em reuniões de trabalho.

Mujica tem horror ao cerimonial e aos privilégios do cargo. Acha que presidente não tem que ter mais que os outros. Recebe o equivalente a R$ 25 mil de salário. Ele doa quase tudo para instituições de caridade.

“A casinha de teto de zinco é suficiente”, diz ele. “Que tipo de intimidade eu teria em casa, com três ou quatro empregadas que andam por aí o tempo todo? Você acha que isso é vida?”, questiona Mujica.

Mujica já foi chamado de “presidente mais pobre do mundo” pela imprensa internacional. Além da propriedade, ele tem um fusca azul e um trator, que pega na base do jeitinho.

O presidente uruguaio conta que a cadela Manuela perdeu uma pata por acompanhá-lo no campo e está com ele há 18 anos.

Exímio tratorista, ele entra de ré em um galpão. O Fantástico pergunta se é mais fácil dirigir um trator do que a presidência.

“Sim, o problema não são as coisas, são as pessoas”, afirma Mujica.

O Fantástico também perguntou sobre os vizinhos. Se a relação com a Argentina sempre foi difícil ou se com a presidente Cristina Kirchner ficou pior. Ele se lembra de um conselho da colega brasileira, Dilma Rousseff: “Tem que ter paciência estratégica".

No caminho de volta, ele fala de temas mais difíceis, como a polêmica proposta de estatizar a produção e distribuição da maconha.

“O problema não é maconha, o problema é o narcotráfico. A gente está propondo um registro. Com esse registro, a gente vai poder monitorar o usuário”, explica o presidente.

Nascido em Montevidéu, de classe média baixa, órfão de pai aos 9 anos, Mujica não se vê pobre e cita o filósofo romano Sêneca: “Pobre não é aquele que tem pouco. Pobre é quem necessita muito e deseja mais e mais”.

O país de Mujica tem pouco mais de três milhões de habitantes, está espremido entre Argentina e Brasil. Já foi chamado de pequena Suíça. Hoje, a pobreza avança, assim como a inflação.

Para Morena, a vida simples de Mujica é linda, mas ele está "fora dos trilhos". Precisa combater as mazelas do país.

Refugiado na chácara, Mujica não se importa com a popularidade, que, aliás, vem caindo. Pede um chimarrão.

Sobre a agenda do dia? De repente, ele se lembra que tem muito para fazer.

“Tenho que fazer algumas coisas”, diz o presidente, e se retira.

Da mesma forma como começou, terminou. Sem cerimônia, sem formalidade. Esse é Pepe Mujica, presidente do Uruguai, na sua forma mais natural de viver. 


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