O número de casos confirmados de febre chikungunya no
Ceará voltou a crescer fortemente na semana passada. Conforme o boletim de
registros da Secretaria da Saúde do Ceará, divulgado semanalmente, os dados
mais recentes apontam 6.217 registros da doença neste ano, 28% a mais que na
semana anterior, quando a secretaria confirmava 4.833 pessoas infectadas pela
chikungunya.
Fortaleza é a cidade que concentra a
maior parte dos casos, com 3.690 casos confirmados. Em Caucaia são 888, e em
Baturité, 362. Em 2016, o Ceará teve mais de 29 mil casos da doença.
A infecção pelo vírus chikungunya
provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma
africano makonde, o nome chikungunya significa "aqueles que se
dobram", em referência à postura que os pacientes adotam diante das penosas
dores articulares que a doença causa.
Em compensação, comparado com a
dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é
associada a outros problemas de saúde, ela pode até contribuir como causa de
morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde (OMS).
Como as pessoas pegam o vírus?
Por ser
transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, e também pelo
mosquito Aedes albopictus, a infecção pelo chikungunya segue os mesmos padrões
sazonais da dengue. O risco aumenta, portanto, em épocas de calor e chuva, mais
propícias à reprodução dos insetos. Eles também picam principalmente durante o
dia. A principal diferença de transmissão em relação à dengue é que o Aedes
albopictus também pode ser encontrado em áreas rurais, não apenas em cidades.
O chikungunya tem subtipos diferentes, como a dengue?
Diferentemente
da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa
é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue
não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas
parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.
Quais são os sintomas?
Entre quatro e
oito dias após a picada do mosquito infectado, o paciente apresenta febre
repentina acompanhada de dores nas articulações. Outros sintomas, como dor de
cabeça, dor muscular, náusea e manchas avermelhadas na pele, fazem com que o
quadro seja parecido com o da dengue. A principal diferença são as intensas
dores articulares.
Em média, os sintomas duram entre 10
e 15 dias, desaparecendo em seguida. Em alguns casos, porém, as dores
articulares podem permanecer por meses e até anos. De acordo com a OMS,
complicações graves são incomuns. Em casos mais raros, há relatos de
complicações cardíacas e neurológicas, principalmente em pacientes idosos. Com
frequência, os sintomas são tão brandos que a infecção não chega a ser
identificada, ou é erroneamente diagnosticada como dengue.
Segundo o secretário de Vigilância
em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, é importante observar que o
chikungunya é "muito menos severo que a dengue, em termos de produzir
casos graves e hospitalização".
Tem tratamento?
Não há um
tratamento capaz de curar a infecção, nem vacinas voltadas para preveni-la. O
tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e analgésicos para aliviar os
sintomas. Se as dores articulares permanecerem por muito tempo e forem
dolorosas demais, uma opção terapêutica é o uso de corticoides.
Apesar de haver poucos riscos de
formas hemorrágicas da infecção por chikungunya, recomenda-se evitar
medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) nos primeiros dias de
sintomas, antes da obtenção do diagnóstico definitivo.
Como se prevenir?
Sobre a
prevenção, valem as mesmas regras aplicadas à dengue: ela é feita por meio do
controle dos mosquitos que transmitem o vírus.
Portanto, evitar água parada, que os
insetos usam para se reproduzir, é a principal medida. Em casos específicos de
surtos, o uso de inseticidas e telas protetoras nas janelas das casas também
pode ser aconselhado.
Com informações do G1 CE