A reinauguração foi em fevereiro do ano passado.
O Cruzeiro venceu o rival Atlético Mineiro.
Na vitória por 2 a 1 o desrespeito ao torcedor foi imenso.
Confusão para chegar ao estádio, falta de água e comida aos torcedores.
A administração do estádio já era feita pelo consórcio Minas Arena.
Ele é uma associação da Construcap, Egesa e HAP Engenharia.
Depois de um ano, o estádio foi usado em 33 partidas e cinco shows.
Somente com a bilheteria de jogos foram a R$ 54,9 milhões.
A final da Libertardores entre Atlético e Olimpia chegou R$ 14,1 milhões
Mesmo assim, o governo estadual de Minas Gerais teve de gastar muito dinheiro.
Por contrato, o consórcio precisava ter um lucro mínimo mensal de R$ 3,7 milhões.
Como não conseguiu, foram necessários R$ 44,4 milhões de dinheiro público.
Mesmo assim, com tanto dinheiro, hoje foi um vexame.
Bastou uma chuva de 6 milímetros, de acordo com a Cemig, e veio caos.
Placas da cobertura de metal do novíssimo estádio voaram.
Não suportaram os ventos de 40 quilômetros em Belo Horizonte.
Por pura sorte caíram no gramado e não feriram ninguém.
Cruzeiro e Nacional jogaram pelo Campeonato Mineiro.
Por sinal, a chuva considerada fraca encharcou a grama.
Foi necessário o trabalho de muitos funcionários com rodos e panos.
O sistema de drenagem não suportou a água.
Este mesmo Mineirão está confirmado como estádio da Copa.
De uma das semifinais, inclusive.
É inaceitável o estádio soltar parte de sua cobertura.
E seu gramado não suportar uma chuva fraca.
Tudo isso acontece pela permissividade como a Copa foi feita por aqui.
A construção dos 12 novos estádios deixou a dever para a África do Sul.
Pelo aspecto mais importante.
Não houve um órgão governamental regulador.
Que acompanhasse as arenas.
Cobrasse as obras sem atraso.
Impusesse respeito ao levantamento de custos.
Fiscalizasse condições de trabalho dos operários.
Ou até mesmo o material utilizado nos novos estádios.
Cada um cuidou de si.
O que irritou demais a cúpula da Fifa.
A começar pelas 12 arenas.
Blatter fez questão de tirar com sua máscara de vilão.
Pelo menos nesta questão.
Deixou claro que oito estádios seriam suficientes para a Fifa.
Mas o governo federal exigiu 12 por uma 'composição política'.
Ou seja, agradar governadores, população, eleitores de 12 estados.
O secretário Jérôme Valcke disse hoje estar preocupado.
E não é com as manifestações acertadas para a Copa.
Seu temor está com os estádios brasileiros.
Ele deu uma coletiva hoje em Zurique e mostrou sua tensão.
A começar pelo Itaquerão.
'Estamos a 104 dias do primeiro jogo da Copa no Brasil, em São Paulo, um estádio que ainda não está pronto. E não vai estar pronto antes do dia 15 de maio.'
Ou seja, já se conformou
Seu 'prazo final' de 15 de abril já não existe mais.
A Fifa está sendo muito pressionada por sindicatos trabalhistas europeus.
Eles não se conformam com as sete mortes em acidentes nas arenas brasileiras.
O secretário achou por bem não pressionar ainda mais os brasileiros.
Sabe que os estádios que não estão prontos os turnos são intensos.
Com operários trabalhando de manhã, tarde e noite.
Tudo para tentar compensar o atraso.
"Nós definimos que o Brasil sediaria a Copa em 2007.
Sete anos são mais do que suficientes para construir estádios.
Mas as obras começaram muito tarde.
Essa pressa final não poderia estar acontecendo."
O desabafo de Blatter foi feito ao ministro Aldo Rebelo.
Ele responsabilizou cada estado por sua obra.
Mas por coincidência ou não, as arenas ficaram mais caras.
Com o atraso, o governo federal teve de colocar mais dinheiro.
Só para garantir todas as arenas estejam prontas.
"O Brasil pode não ter sido a melhor escolha para Copa."
O desabafo foi do presidente da Fifa, em julho passado.
Rapidamente ele tentou amenizar.
Só que está clara a irritação dos organizadores.
O lucro de R$ 4 bilhões está assegurado.
Mas o desgaste passou e muito do aceitável.
Itaquerão, Arena Manaus e Arena da Baixada.
A cem dias da Copa, o Brasil ainda tem três arenas inacabadas.
Isso já deveria ser motivo de muita preocupação.
Mas quando novas arenas começam a soltar a cobertura metálica...
E a drenagem não suportar uma chuva de 6 milímetros...
A situação é absurda.
Não há como transferir a Copa do Mundo do Brasil.
Mas muita coisa imprevista deverá acontecer até junho.
A Fifa que se prepare.
Blatter não sabia o que o esperava quando escolheu o Brasil.
Tinha convicção dos lucros.
Mas esses R$ 4 bilhões custarão caros demais.