17 de junho de 2015

Conheça o homem mais rico e poderoso do Ceará.

Francisco Ivens Dias Branco, o cearense mais rico do nordeste e o 5ª mais rico do Brasil.
Fortaleza – De uma Mercedes vinho ano 1993, desce um senhor grisalho, vestindo uma camisa verde militar e uma calça preta surrada. Ele cumprimenta algumas pessoas e segue rumo a seu helicóptero.
A bordo dele, voará por cerca de 2 horas sobre os arredores de Fortaleza, a fim de vistoriar do alto alguns de seus principais empreendimentos: uma empresa de cimento, um moinho de trigo, um dos maiores complexos turísticos da América Latina, que está sendo erguido numa faixa de 12 quilômetros à beira da praia, uma pista de pouso de 1 800 metros, de onde sai seu avião Challenger 300, avaliado em 20 milhões de dólares, e as aeronaves de outros empresários e políticos da região e, finalmente, a sede da M. Dias Branco, a maior fabricante de massas e biscoitos do país.
O homem discreto, entusiasmado com a própria descrição dos detalhes de seus principais negócios, é o quase octogenário Francisco Ivens Dias Branco. Com uma fortuna estimada em 3,8 bilhões de dólares, Ivens, como é mais conhecido, passou a fazer parte da lista de bilionários da revista Forbes neste ano.
De acordo com o ranking, é o nono homem mais rico do Brasil, com um patrimônio superior ao dos banqueiros André Esteves e Pedro Moreira Salles e ao dos empresários Elie Horn, dono daCyrela, e Rubens Ometto, presidente do conselho da Cosan. “Conseguir alguma coisa no Ceará é como tirar leite de pedra”, diz Ivens.
Ele se refere à pobreza histórica da região, a um ambiente que por décadas foi habitado por pouquíssimas grandes empresas — fatos que fazem de sua declaração uma manifestação do próprio orgulho. Ivens conseguiu tirar leite de pedra durante muito tempo, ganhou espaço com isso e aproveitou como poucos os sopros de crescimento do Nordeste brasileiro nos últimos dez anos.
As marcas da M. Dias Branco, seu principal negócio, já eram imbatíveis na região quando multinacionais como Kraft e Nestlé começaram a montar suas fábricas e investir agressivamente na região. Com os biscoitos Richester e os macarrões Fortaleza, a empresa é líder, dominando metade do mercado local.
Nos anos 90, o mais novo bilionário brasileiro da Forbes decidiu avançar para as regiões Sul e Sudeste e, em 2003, comprou a tradicional marca Adria. Hoje, a M. Dias Branco — com suas 12 fábricas, em sete estados — possui 25% do mercado nacional de massas e biscoitos.
Nos últimos oito anos, o faturamento da companhia triplicou, chegando a 2,9 bilhões de reais. A rentabilidade, de cerca de 20% ao ano, continua bem superior à média do setor, que varia de 5% a 8%, segundo os analistas.
Uma parte do sucesso da M. Dias Branco pode ser creditada a práticas que — até pouco tempo atrás — seriam consideradas obsoletas. Seu modelo de distribuição está concentrado em pequenos e médios varejistas, que normalmente negociam descontos menores que os grandes.
Ivens também insistiu na produção integrada. O grupo produz metade do volume que utiliza de farinha e gordura vegetal, suas principais matérias-primas. Desde 2001, Ivens é dono de um terminal portuário na Bahia. É lá mesmo que ele mói o trigo, transportado para a fábrica local por meio de esteiras.
Trata-se de um modelo de baixo custo, apoiado numa particularidade do Nordeste brasileiro: os agressivos incentivos fiscais usados por vários estados para atrair investimentos. Segundo estimativas de analistas, cerca de 40% do lucro da M. Dias Branco vem daí.
O Nordeste na bolsa
É impossível calcular o valor adicionado pelo recente crescimento do mercado de consumo nordestino ao negócio de Francisco Ivens. Criada na década de 50 a partir de uma padaria em Fortaleza, a M. Dias Branco se tornou a empresa certa, no lugar certo, num momento em que investidores e multinacionais despertaram para o poder da nova classe média brasileira.
Por duas vezes, nos últimos cinco anos, Ivens foi sondado para vender sua empresa. A primeira oferta partiu da americana Kraft e, segundo pessoas próximas às negociações, não foi fechada por uma questão de preço. A segunda veio da  Pepsico — e também não prosperou.
Naquela altura, Ivens já havia se tornado o primeiro empresário do Nordeste a abrir o capital na Bovespa. Em 2006, no auge da onda brasileira de IPOs, captou 411 milhões de reais numa emissão secundária — e, assim, todo o dinheiro investido por seus novos acionistas foi parar diretamente em seu bolso.
“Ele acreditava que estar na bolsa melhoraria a gestão, porque a cobrança por resultados é praticamente diária”, diz José Vita, sócio do banco BTG Pactual, que estruturou a abertura de capital. Desde a estreia na bolsa, o valor de mercado da M. Dias Branco mais que dobrou, atingindo 5,5 bilhões de reais.
Em 2010, a companhia fez uma nova oferta de ações, também secundária, para atender a uma exigência de liquidez do Novo Mercado. Com as duas operações, Ivens aumentou sua já considerável fortuna em cerca de 1 bilhão de reais. “Só fará sentido realizar uma oferta primária quando quisermos fazer uma grande aquisição”, diz Geraldo Luciano Mattos, vice-presidente financeiro e o único executivo do alto escalão que não pertence à família Dias Branco. Seguindo a tradição patriarcal nordestina, os cinco filhos de Ivens trabalham no grupo.
O homem mais rico do Nordeste é um empreendedor típico, fruto de uma organização familiar. No início da década de 50, foi convencido pelo pai a abandonar a escola para trabalhar na rede de padarias da família — Ivens tinha, então, 18 anos e jamais terminaria o segundo grau. Foi dele a ideia de sair do varejo e montar uma fábrica de massas e biscoitos.
Hoje, seu maior desafio é acelerar a expansão da M. Dias Branco fora do Nordeste, em regiões onde a companhia não domina a cadeia de suprimentos. “A questão é como crescer mantendo as margens de lucro elevadas”, diz Joseph Giordano, analista da corretora Raymond James.
Enquanto não resolve o problema, Ivens toca outros quatro negócios dentro de seu próprio território: um porto, uma empresa de cimentos, uma construtora e investimentos em hotéis. A cimenteira Apodi foi criada em meados do ano passado para competir no mercado nordestino com as gigantes Votorantim, Camargo Corrêa, Cimpor e Holcim.
Metade do investimento — de 600 milhões de reais — foi feita pelo empresário. O restante veio de investidores. Ivens é sócio do Aquiraz Riviera, um dos maiores empreendimentos turísticos da América Latina. Sua construtora, a Idibra, tem projeto de criar uma cidade planejada ao lado da sede da M. Dias Branco, no município de Eusébio, próximo de Fortaleza.
O porto de Aratu, na Bahia, foi concebido inicialmente para atender a M. Dias Branco, mas se tornou uma operação independente, que escoa para exportação a soja e o milho produzidos no oeste baiano. Hoje, esses negócios, somados, faturam pouco mais de 250 milhões de reais, uma fração da receita da M. Dias Branco.
“Mas, em dez ou 20 anos, essas empresas poderão dar tanto dinheiro quanto o restante do grupo”, diz Ivens. Aos 77 anos, ele não tem um sucessor indicado para o mercado. Pessoas próximas apontam Ivens Júnior, vice-presidente industrial da M. Dias, como o candidato favorito. Seu estilo, dizem, é muito parecido com o do pai. Enquanto o momento da sucessão não chega, Francisco Ivens Dias Branco vai reinando em um recém-descoberto pedaço do Brasil.
Ce24horas.com

Morre aos 88 anos o ex-deputado cearense Paes de Andrade

Morreu na tarde desta quarta-feira, 17, o ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-embaixador do Brasil em Portugal,Antonio Paes de Andrade (88). Segundo familiares, ele foi vítima de falência múltipla dos órgãos. O velório e o enterro ainda não foram divulgados pela família.
Natural de Mombaça, no Sertão Central, Paes de Andrade foi presidente da Câmara dos Deputados entre 1989 e 1991, assumindo por diversas vezes a Presidência da República. Em uma dessas ocasiões, sancionou projeto de construção do açude Castanhão.
Paes de Andrade era presidente de honra do PMDB e sogro do líder da maioria no Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB). Era também figura de destaque e prestígio na diplomacia brasileira.
Biografia
Filho de José Alves de Castro e Raimunda Paes de Andrade. Casou-se com Zilda Maria Martins Rodrigues de Andrade, filha de José Martins Rodrigues, deputado federal pelo Ceará de 1955 a 1969. Teve quatro filhas. Iniciou seus estudos superiores em 1949 na Faculdade de Direito do Distrito Federal, formando-se em 1953. Foi eleito deputado estadual no Ceará pelo PSD em 1950 e reeleito em 1954 e 1958 até 1962.
Eleito pela primeira vez para o cargo de deputado federal em 1963 e reeleito em 1966 pelo MDB, por causa da institucionalização do bipartidarismo. Foi por várias vezes reeleito, sempre representando seu estado natal, o Ceará. Foi presidente da Câmara dos Deputados de fevereiro de 1989 a fevereiro de 1991. É filiado desde 1980 ao PMDB, do qual já foi presidente nacional no ano de 1994.

Foi primeiro secretário da mesa diretora da Câmara dos Deputados no período de 1987 a 1989, quando em fevereiro deste último ano foi eleito presidente da Câmara dos Deputados, sucedendo a Ulysses Guimarães. Como presidente da Câmara dos Deputados e substituto constitucional do presidente José Sarney, Paes de Andrade assumiu a Presidência da República por 12 vezes durante o ano de 1989. Em uma dessas oportunidades, aproveitou para fazer uma visita presidencial à sua cidade natal, acompanhado de uma expressiva comitiva, sendo acusado de gastos excessivos. Foi por isto apelidado de “Presidente Mombaça”.

Foi embaixador do Brasil em Portugal de 2003 a 2007. Publicou A reestruturação agrária do Nordeste (1968), Afirmação democrática do Nordeste (1971), O itinerário da violência (1976), O poder absoluto (1977), A violência da reforma e a denúncia de Caracas (1979), Francisco Pinto, as imunidades parlamentares e a Lei de Segurança Nacional (1980), As secas (1980), O poder ou o subpoder (1980), A greve no ABC e os bispos do Brasil (1980), A universidade e o professor (1980), CNBB e reflexão cristã, O Poder Legislativo e o golpe militar na Bolívia (1980), A inviolabilidade absoluta, Dom Hélder e o seu cinquentenário de ordenação (1981), Comemoração do CLX aniversário da Confederação do Equador, 1824-1984 (1984), Proposta de ação econômica e social (1985), A Interparlamentar e os direitos humanos (1987), O Brasil e a União Interparlamentar (1988), Perfis parlamentares: Martins Rodrigues (1989), História Constitucional do Brasil – em co-autoria com Paulo Bonavides (1989) e Presença na Constituinte.

Blog do Eliomar de Lima