O Secretário de Recursos Hídricos do Estado, Rennys Frota, explicou que o equipamento, na sua modalidade convencional, levaria mais de três anos para ser concluído.
"Os vazamentos estão sendo retirados de forma ordenada para evitar transtornos no trajeto da água. Nós perdemos praticamente dois meses por conta do embargo do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit) e também por causa do roubo de parafusos dos canos e cortes nas borrachas que vedam o engate do aqueduto", lamenta.
De acordo com o engenheiro sanitarista e ambiental do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Canindé, Elias Teixeira, a água vai chegar de forma bruta às duas cidades e será barrada na passagem da adutora que vem do açude Sousa, na BR-020, no quilômetro 303 e depois segue até a estação de tratamento, onde passará por todo processo de adequação para o consumo humano.
Tirando um peso
"Estamos tirando um peso muito grande da Prefeitura. Mesmo sendo uma obra do governo do Estado, enfrentamos muitas perseguições durante todo esse tempo. Foram dias ruins e cheios de contradições. Mas tudo se resolveu em harmonia", salienta o prefeito da cidade de Canindé, Celso Crisóstomo.
"Graças a Deus, a São Francisco e ao esforço conjunto de todos, Secretaria de Recursos Hídricos, empresa responsável pela execução dos serviços, técnicos, operários que viraram muitas noites nesse empreendimento, o povo de Canindé vai passar um Natal sem problemas com água para o consumo de casa e seus afazeres", destacou emocionado, na manhã de ontem, depois de ver, ao lado de diversas outras autoridades, a água chegar à estação de tratamento do Saae.
Não é a primeira vez que o Açude de General Sampaio, vai atender à população de Canindé com suas águas. Em 1961, pela necessidade de fornecer energia à região, foi construída uma usina hidrelétrica no pé da barragem, equipada com um único grupo gerador, com capacidade operacional de 500 CV, para fornecimento de energia elétrica para as duas cidades, com uma linha de transmissão de 40 km, à tensão de 13,8 kVA.
Usina
Foi à primeira linha de transmissão a longa distância feita no Estado do Ceará e executada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A usina se encontra desativada.
A barragem, projetada por conta da grande seca que assolou o Ceará em 1932, teve início no Boqueirão da Mãe Teresa, onde hoje está localizado o Açude General Sampaio, sobre o leito do Rio Curu, que corta toda a região de Canindé.
A obra atraiu milhares de pessoas ao local. Sertanejos famintos corriam atrás de emprego e uma forma de sobreviver ao flagelo da seca. Logo se formou um grande acampamento. Ao mesmo tempo, o Dnocs construía casas de alvenaria, dando um impulso urbano ao entorno do equipamento.
Chico Anysio
Segundo o historiador Célio Alves de Apuiarés, nesse mesmo ano, o presidente Getúlio Vargas autorizou a construção do açude, que recebeu o nome de General Sampaio, na localidade Boqueirão da Mãe Tereza, em terras pertencentes à família do José Antônio de Sousa Uchôa, o Zé Antônio, homem destemido e respeitado em todo sertão de Canindé.
A construção do açude começou em 1931 e terminou em 1935 e, no decorrer deste tempo, a família Paula morou na localidade Jacu, na casa hoje pertencente à Paróquia de Apuiarés, onde funcionou o Centro Social Maria Goreti, obra social inaugurada por dom Elizeu, arcebispo de Fortaleza, no começo dos anos de 1950. Durante a construção do açude, o pai de Chico Anysio trabalhou como construtor e empresário de veículos que foram usados na construção da represa do Rio Curu.
Antonio Carlos Alves/ Honório Barbosa
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