Depois de um ano de insucessos, o Inter vislumbra uma realidade diferente para a próxima temporada. E para alcançar o objetivo de um novo futuro, começou com mudanças na comissão técnica. Mas Abel Braga, anunciado nesta sexta-feira, não terá facilidades. O treinador, que já comandou o clube em outras cinco oportunidades, encontrará desafios como a campanha pelo título Brasileiro e a busca pela união do vestiário após polêmicas entre os jogadores.
Abelão já realizou seu “raio-x” inicial. Sabe da necessidade de promover alterações. Quer acabar com o jejum de 34 anos sem erguer a taça do Nacional. A intenção é valorizar os garotos da base que se destacaram, exemplo de João Afonso, ao mesmo tempo de conseguir tirar o máximo dos chamados “medalhões”.
– Tenho a consciência de que alguma coisa precisa ser melhorada. Conversei com a direção, é o desejo deles. Todo o grupo de trabalho tem que ter a mesma consciência. É o desejo de todos nós a conquista de um titulo nacional. Há muitos anos que não se consegue – apontou à rádio Gaúcha.
O novo técnico colorado deve chegar a Porto Alegre na terça-feira. Antes que o comandante da conquista da Libertadores e do Mundial de 2006 comece a trabalhar, o GloboEsporte.com listou cinco missões de Abel na caminhada em 2014.
Confira os desafios:
1. A busca pelo Brasileiro
É a principal meta de Abel. O último dos três títulos nacionais do Inter foi em 1979, de forma invicta. Somado ao tempo de jejum, o Colorado apresenta declínio na tabela desde 2011. Naquela oportunidade, terminou na quinta posição. No ano seguinte, caiu cinco lugares – ficou em 10º. Já em 2013 chegou a brigar para fugir da zona de rebaixamento. Terminou na 15ª colocação, com apenas 48 pontos.
– O Gauchão é importante, mas é pouco para um time como o Inter. Temos que buscar sempre mais. Brasileirão se tornou fundamental. São muitos anos que não se chega nesta conquista - afirma.
2. Recuperar os medalhões
Forlán, Alex, Rafael Moura, Scocco e Índio. Jogadores que, em 2013, ficaram longe de seus melhores momentos da carreira. Figuraram no banco de reservas em boa parte do ano. Conhecido pelo estilo “paizão", Abel terá a chance de reabilitá-los. Índio, de 38 anos, porém, tem contrato com o clube até o fim da temporada. Quer permanecer, mas ainda não teve o futuro definido.
– Está chegando o momento do adeus, mas seria bom tê-lo no grupo – admite Abel sobre o atleta com quem conquistou quatro títulos (Libertadores 2006, Mundial 2006, Dubai Cup 2008, Gauchão 2008).
3. Unir o vestiário
O fim de ano do Inter foi marcado por polêmica entre os jogadores. Em novembro, depois da derrota de 3 a 1 para o Goiás, um funcionário do estádio Serra Dourada relatou ter ouvido uma briga entre dois grupos de atletas no vestiário visitante. À época, o Colorado confirmou uma discussão, mas negou agressões físicas. No jogo seguinte, Willians criticou publicamente Clemer por não promover determinadas substituições. Já em dezembro, durante um treinamento, Alex e Rafael Moura roubaram as atenções ao trocarem farpas depois de uma dividida pelo alto.
4. Cativar novamente a torcida
Abel deverá utilizar sua identificação com o clube para tentar recuperar a boa imagem do time perante o torcedor. Insatisfeitos com os resultados de 2013, os colorados vaiaram a equipe após o empate sem gols com a rebaixada Ponte Preta, na última rodada. Nesta temporada, o Inter também sofreu com a distância do Beira-Rio. Com a casa em reformas para a Copa de 2014, a equipe atuou em estádios alugados, como o Centenário e o Estádio do Vale.
– É uma relação muito grande. É um sentimento, muito respeito. Tenho respeito enorme pelo clube. E os torcedores sabem do carinho. Eles podem esperar como sempre foi. E ainda mais – promete.
5. Manter o bom desempenho de D'Ale
Principal liderança do vestiário, D'Alessandro se destacou num Inter pouco efetivo. Foi o artilheiro da equipe na temporada, com 20 gols. No Brasileirão, o argentino esteve em campo em 34 das 38 rodadas da competição. Balançou as redes 11 vezes e conseguiu nove assistências na competição. Ainda por cima, a liderança do capitão é notada nos gramados e nos bastidores do clube.
Ao fim do torneio, D'Ale deixou dúvidas sobre sua permanência, embora tenha contrato até a metade de 2015. O presidente Giovanni Luigi, por sua vez, descartou a ideia de negociá-lo.
– Tecnicamente é indiscutível. E na liderança também. Para estrangeiro ser capitão é porque exerce bem essa liderança. É um jogador que tem empatia enorme com a torcida. Termina o ano com declaração que gerou certa insegurança. Foi uma temporada em que ele correu muito, se destacou, mas não foram os resultados que ele esperava – lembrou Abel.
Por GLOBOESPORTE.COMPorto Alegre