2 de novembro de 2014

Fortaleza supera Ceará nos pênaltis e é campeão cearense sub-17

Fortaleza Sub-17
Leão venceu nos pênaltis por 5 a 3, e fez a festa no PV
FOTO: NATINHO RODRIGUES
Reeditando a final do Campeonato Cearense profissional, Fortaleza e Ceará se enfrentaram na manhã deste sábado (01), no Presidente Vargas, em partida decisiva do sub-17. Desta vez, o Tricolor levou a melhor, consagrando-se campeão do certame, nos pênaltis.

Depois de se estudarem bastante durante os 45 primeiros minutos, Fortaleza e Ceará guardaram as emoções da grande decisão para o segundo tempo.

Melhor na partida, mostrando entrosamento no ataque e segurança na defesa, o Ceará não demorou a chegar ao gol. Aos 14 minutos, o lateral Marquinhos cobrou falta e permitiu que o zagueiro Mateus subisse de frente para o gol e abrisse o placar para o Vovô.
Precisando empatar, o técnico Jorge Veras deixou o Leão mais ofensivo. Mesmo jogando mal, as alterações surtiram efeito e levaram o Tricolor ao empate. Em cobrança de falta direta para o gol, Rodrigo, filho de Marcelinho Paraíba, marcou um golaço, aos 20 minutos.

O Ceará voltou a dominar o confronto, mas apareceu o nome da partida, o goleiro Levi. Com grandes defesas, o arqueiro tricolor levou a final para os pênaltis.

Ingredientes finais de um Clássico-Rei

O Clássico-Rei também foi marcado por confusão. Depois de um lance em que o jogador do Tricolor caiu na área e o juiz não marcou o pênalti, a comissão técnica do Fortaleza invadiu o campo, e o treinador, Jorge Veras, e o auxiliar técnico, José Carlos, foram expulsos. O técnico do Alvinegro, Juca, reclamou da atitude dos adversários e também deixou o campo.

Nas cobranças de pênaltis, o atacante alvinegro Caio Cesar mandou a bola por cima do gol, depois de 4 atletas do Fortaleza colocarem a redonda nas redes. No último pênalti do Tricolor, o atacante Roberto converteu, dando ao time o quarto título da competição, e o terceiro de base neste ano de 2014.

Diário do Nordeste

Quando o Nordeste lutou para se separar do Brasil

As discrepâncias entre regiões no resultado da eleição provocaram onda de ofensas a nordestinos, das piadas de mau gosto ao preconceito sem máscaras. Como canal desse sentimento, gravuras do Brasil sem o Nordeste se espalharam nas redes sociais. O que hoje é brincadeira para propagar hostilidade e discriminação já foi parte de um projeto político para a região.
Ao longo de mais de 200 anos, houve possibilidade real de construir um território à parte em estados que hoje compõem essa parte do País. Correu muito sangue para evitar que isso acontecesse. A última delas deixou marcas inclusive no Centro de Fortaleza.
Do que hoje chamamos Nordeste - no que eram conhecidas na época como “províncias do norte” - veio uma das primeiras ameaças à unidade do País que ainda lutava para se consolidar como independente.
No fim de 1823, dom Pedro I dissolveu a primeira Constituinte do Brasil e outorgou uma constituição centralizadora, que tirava poderes das províncias. A revolta se espalhou pelo País, com ênfase em Pernambuco, onde havia ecos da revolução de 1817. Em 1824, eclodiu a Confederação do Equador, movimento separatista, antiabsolutista, cujo objetivo era criar uma república nas proximidades da linha do equador.
O Ceará nessa época era área de influência política pernambucana. As duas províncias haviam sido vinculadas até 1799. Desde os primórdios da colonização, o território pernambucano era importante polo da economia brasileira. Já a importância cearense era desde sempre periférica. Mesmo assim, o Ceará foi o principal aliado dos movimentos rebeldes que eclodiram no estado vizinho no começo do século XIX.

Além de Ceará e Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte aderiram à Confederação. Houve apoio também em Campo Maior e Parnaíba, no Piauí.
Os líderes da Confederação esperavam adesão de Alagoas - que até poucos anos antes era parte da província de Pernambuco - e Sergipe, que acabara de se emancipar da Bahia. Em Sergipe, o presidente da província, Manuel Fernandes da Silveira, acabaria deposto acusado de colaborar com os revoltosos.
A região que, por volta de meados do século XX, passou a ser chamada de Nordeste foi o centro da economia durante a maior parte do período colonial. Perdeu o protagonismo com a descoberta de ouro em Minas Gerais. Mas manteve papel crucial na agricultura, não só com a cana-de-açúcar, mas também com o algodão e o couro.
O café ainda começava a ganhar espaço na década de 1820, preparando-se para a explosão dos anos seguintes. Aquele “Nordeste”, portanto, tinha peso muito maior na economia nacional do que hoje. O processo de esvaziamento que aprofundaria contrastes regionais estava ainda no começo.
Durante a Confederação, a Câmara da vila de Campo Maior, atual Quixeramobim, chegou a declarar, em 8 de janeiro, destituído dom Pedro I e proclamar a República.
A reação ao projeto de dividir o Brasil foi furiosa. Foi contratado o mercenário inglês Thomas Cochrane, lorde do império britânico, herói das guerras napoleônicas, que servira a dom Pedro na repressão aos movimentos contra a independência. Em setembro de 1824, Recife se rendeu depois de um banho de sangue. O Ceará continuou a lutar. Vilas foram saqueadas e incendiadas. Cadáveres insepultos se amontoavam. A chegada de Cochrane a Fortaleza, em 1824, levou muitos revoltosos a se renderem.
No antigo Campo da Pólvora, atual Passeio Público, foram executados Padre Mororó, Pessoa Anta, Feliciano Carapinima e outros líderes. Por isso, o lugar é conhecido também como Praça dos Mártires. Houve ainda condenados ao degredo na Amazônia ou a trabalhos forçados em Fernando de Noronha. Foi o fim do sonho de uma república equatorial no Nordeste.
SAIBA MAIS
1. Desde os primeiros anos da colonização, o atual Nordeste foi alvo de disputa, cobiça e guerra. E Portugal esteve por um fio de perdê-lo. No começo do século XVII, após serem expulsos do atual Sudeste, franceses tomaram o que hoje é São Luís (MA). Expulsos, fundaram a Guiana Francesa.

2.
 Em 1624, os holandeses que tentaram tomar o Nordeste. Nas décadas de permanência, transformaram a história de Fortaleza e Pernambuco.  
LERConfira a ata da sessão da Câmara da atual Quixeramobim que proclamou a República http://bit.ly/1qbPxfN
O Povo

Cid Gomes quer fundar partido de esquerda para apoiar presidente Dilma


O governador Cid Gomes (Pros) começa articulações para tentar criar um novo partido. O objetivo é dar apoio à presidenta Dilma Roussef, em meio ao embate que a petista enfrenta com líderes do PMDB, seu principal partido aliado.

Segundo a revista Época, Cid acredita que pode juntar integrantes do Pros, o PDT e a ala dilmista do PSB para criar uma legenda de esquerda.  Na próxima semana o governador se reunirá com o presidente do PDT, Carlos Lupi, com o ex do PSB, Roberto Amaral, integrantes do PCdoB e apoiadores da presidente Dilma insatisfeitos em outras agremiações.

Leia abaixo:



Ceará News 7

Após 125 anos, desenhos originais da bandeira do Brasil são encontrados

foto bandeira nacional rascunho
Dois papéis históricos de valor inestimável foram descobertos no Rio de Janeiro. São os rascunhos que deram origem à bandeira do Brasil, riscados pelo engenheiro Raimundo Teixeira Mendes em novembro de 1889, após a Proclamação da República.
Em ambos os papéis se veem a esfera, as estrelas e os dizeres “Ordem e Progresso”. O primeiro é um papel milimetrado, que permitiu a Teixeira Mendes posicionar e dimensionar cada estrela com precisão. O segundo é um papel vegetal, onde estão os traços definitivos.
Os desenhos estavam na centenária Igreja Positivista, no bairro da Glória, esquecidos dentro de uma caixa. Foram descobertos por acaso, quando se limpavam os armários do último presidente da igreja, que morreu em julho. Os papéis estão nas mãos de restauradores. Quando o trabalho terminar, serão expostos ao público.
— Encontramos um tesouro que pertence a todos os brasileiros — afirma o atual presidente da Igreja Positivista, Alexandre Martins.
O material estava na igreja porque o positivismo exercia forte influência sobre os intelectuais brasileiros do final do século 19. Criado pelo francês Auguste Comte, o positivismo faz uso da ciência para explicar o mundo. Hoje ultrapassada, essa visão era vanguardista para a época.
Foi o positivista Benjamin Constant, ministro da Guerra do novo regime, que aprovou o desenho de Teixeira Mendes, também positivista. Amor, ordem e progresso formavam o tripé da religião.
Agência Senado
Blog do Eliomar de Lima

Chamusca sai de férias, diz que nunca viu torcida igual e que é torcedor leal do Fortaleza

Marcelo Chamusca foi um dos destaques do clube tricolor em 2014 (Foto: Nodge Nogueira/Fortalezaec.net)
Marcelo Chamusca foi um dos destaques do clube tricolor em 2014 (Foto: Nodge Nogueira/Fortalezaec.net)
O agora ex-treinador do Fortaleza, Marcelo Chamusca, escreveu neste domingo, em seu perfil no Facebook que saiu de férias e voltou para Salvador, onde sua família reside.
O ex-comandante tricolor já havia afirmado na última quinta-feira, em pronunciamento no Estádio Alcides Santos, de que seu desejo é de permanecer no clube, mas que iria aguardar as eleições para presidente.
Na rede social, Chamusca fez questão de ressaltar o carinho pela torcida e declarou abertamente que é torcedor do Fortaleza, ao citar uma estrofe do hino do clube. Confira:
“Pessoal, hj saio de férias. Vou curtir minha família na minha querida cidade. Quero aqui deixar registrado o meu muito obrigado por tantas manifestações de carinho para q eu fique no Fortaleza.
O tempo é Senhor da razão e nesse momento preciso dele.
Vc são fantásticos, em todos esses anos de futebol (+ou- 30anos) nunca vi torcida igual, digna de uma Champions League.
Receba um sincero,
Abraço desse torcedor leal,
à todos os tricolores de aço.
Marcelo Chamusca”
Blog do Kempes

Camilo Santana fala da trajetória, de família e do futuro governo

Camilo Santana, eleito governador do Ceará e com posse programada para jameiro. conversou com editores do O POVO na manhã da última quarta-feira, em seu apartamento, Camilo Santana entrou na política em 2000 como candidato, na época pelo PSB, à prefeitura de Barbalha, no Cariri, a 553 km de Fortaleza. Perdeu, voltou a ser derrotado quatro anos depois, em nova tentativa, já no PT, e, no momento em que se prepara para tomar posse no cargo de governador do Estado, faz uso dos episódios que sempre vai para as disputas sabendo que pode ganhar ou perder.
A principal referência dele na vida pública é o pai, ex-deputado Eudoro Santana, a quem viu ser retirado de casa por militares durante a ditadura, numa cena que o marcou e ainda nos atuais passeia por sua memória. Outro referencial importante para Camilo é o governador que sucederá, Cid Gomes, de quem foi secretário de Desenvolvimento Agrário (primeira gestão) e Cidades (segunda). Único dos quatro filhos de Eudoro e dona Ermengarda a optar pela vida pública, admite que enfrentou a resistência da avó, morta dois anos atrás, para trilhar o caminho da política. Ela alertava para o risco de se expor a ataques na vida particular, exatamente como diz ter sofrido nesta campanha.
Camilo recebeu O POVO em seu apartamento, na manhã da última quarta-feira, para conversa que tem seus trechos principais editados a seguir:
O POVO - O senhor lembra do momento em que foi comunicado pelo governador de que seria o candidato?
Camilo Santana - Foi no sábado, pela manhã (28 de junho). Ele me ligou e disse que o conjunto de partidos havia me indicado para representá-lo na disputa...

OP - E disse “sim” de imediato? Camilo - Perguntei se estava à altura de cumprir a missão. Porque, realmente, era uma coisa muito forte, até pelo fato de existirem vários outros candidatos se colocando à disposição. É um desprendimento, porque não era alguém do partido dele. Demonstração de que o projeto não é uma coisa só partidária ou só individual.


OP - No dia em que foi lançada sua candidatura, o senhor lembrou do dia em que militares chegaram à sua casa para levar preso seu pai, Eudoro Santana, na época da ditadura. De que forma esse episódio e a trajetória dele lhe marcaram?
Camilo - Papai é, pra mim, um exemplo, uma referência de vida, de política. Papai era funcionário da Petrobras, morava lá na Bahia, foi demitido na época da ditadura, perseguido. Voltou a morar no Cariri porque meus avós conseguiram um emprego para ele lá. Ele passou 15 ou foi 18 dias fora. Minha mãe estava grávida. Lembro da volta dele. Aquilo tudo me marcou, tinha sete, oito anos.

OP - O senhor consegue entender porque é o único dos quatro filhos que seguiu a vocação política do pai?

Camilo - A atuação política de cada um pode ser vista de várias formas. Meu irmão, Tiago, contribui muito com a arte pela maneira como olha o mundo, como fotógrafo. A minha irmã, apesar de morar fora do País, também. Claro que o ramo mais árduo é esse, de seguir carreira pública, porque a política partidária é muito desacreditada. Minha avó sempre dizia para eu não entrar nessa vida. Dizia que iriam me chamar de ladrão. E eu dizia: “Vovó, se não existirem pessoas dispostas a construir a diferença, como vamos mudar?”
OP – O senhor falou da importância do Eudoro para a vida pública, mas a dona Ermengarda, sua mãe, também tem sido relevante.
Camilo – Claro, inclusive porque mamãe é mais política do que o papai. Ela foi vice-prefeita de Barbalha, começou um trabalho importante de organização das comunidades, das associações, de base mesmo. Apesar de ter resistido muito à ideia de ser candidata. Chegou a chorar.

OP – O governador Cid, quando eleito, trabalhou para atrair a oposição. O senhor pretende conversar com o PMDB e com o resto da oposição?

Camilo – Nós temos um lado. Fomos eleitos por um lado. Quando falo de unir o Ceará, falo do ponto de vista de todos os cearenses. Faremos um governo de muito diálogo com setores da sociedade. Isso não quer dizer que não vá dialogar com os outros partidos.
OP – Houve uma fissura na antiga base do governo, com a saída do PMDB. O senhor está preparado para ter uma oposição maior?
Camilo – Oposição é importante. Até para se fazer uma autoavaliação. Espero que seja uma oposição responsável, propositiva. Não oposição raivosa por conta da derrota eleitoral. Oposição é parte da democracia. Não na perspectiva de disputa de poder ou espaço, mas na busca do melhor pro Ceará.

OP – O senhor falou, após eleito, em retomar o diálogo com os policiais. Na opinião do senhor, vai ser mais fácil do que seria para o governador Cid Gomes retomar esse diálogo, em função do desgaste que houve?

Camilo – É um novo governo. E, repeti isso diversas vezes, o papel da Polícia é garantir a segurança do povo do Ceará. Vou saber respeitar, dialogar. Agora, não vou admitir que não se garanta cumprir a missão que o povo espera.
OP – Há reclamações quanto a punições que têm ocorrido em relação a policiais. O senhor fala que não vai transigir em relação a garantir a segurança da população. Há margem para rever as punições?

Camilo – Em todas as áreas há excessos, desvios. Vamos exigir que a lei, a hierarquia, a disciplina sejam cumpridas. Isso não quer dizer que não vamos dialogar. 

OP – Outro desafio será pacificar o PT. Houve segmentos importantes, dos quais faz parte a ex-prefeita Luizianne Lins, que não reconheceram a candidatura como candidatura do PT. Como o senhor pretende atuar?
Camilo – Eu não gosto muito de falar do passado, mas a minha decepção é que essa parte do PT não pensou no projeto político. Todo mundo sabe quem é Camilo, todo mundo sabe de minha história. Fui militante com a Luizianne na universidade. Acho que a política e a vida partidária não podem ser feitas em nome ou de uma tendência ou de interesses individuais. Quando foi decidido que o Elmano (de Freitas) seria candidato (a prefeito de Fortaleza, em 2012), respeitei, fui pra campanha. Isso é ético dentro da política. Mas vamos falar de futuro.
OP – O senhor vai tomar alguma iniciativa, ou já tomou?
Camilo – Eu liguei para a Luizianne quando ela foi eleita. Para parabenizá-la. Pedi o apoio no segundo turno. Não tenho problema. Espero que o partido, como me deu apoio na decisão do diretório estadual, possa também dar o suporte necessário (no governo). 

OP – Como o senhor se sente com o PT, no âmbito municipal, fazendo oposição à gestão Roberto Cláudio?
Camilo – Tem vários municípios do Ceará onde o PT é oposição ao Pros, onde o PT briga com o PMDB. Essa coisa é muito específica. Vamos trabalhar essa questão ainda.
OP – O fato de estar assim hoje não quer dizer que vai estar assim em 2016?
Camilo – Só daqui a dois anos. O prefeito Roberto Cláudio me apoiou, apoiou a presidenta Dilma. Isso não é importante para o projeto do PT nacional? Não existiu uma campanha, talvez, no Brasil que fosse mais vinculado o governador, o prefeito da Capital e a presidenta Dilma do que a nossa aqui.

OP – Vou comparar o estilo mais pessoal. O senhor diria que os fotógrafos vão sentir falta do estilo Cid Gomes, com o senhor? Como no mergulho que ele deu nos braços da multidão durante a festa do primeiro turno? O senhor é mais contido que ele.

Camilo – Isso é bom... Pode ser que eu surpreenda mais ainda (risos).
Extras

Filhos
Os dois filhos, de 4 e 2 anos,nem ai para a gente estranha presente, foram para os braços do pai. No meio da entrevista. 

Segurança
O prédio onde mora Camilo Santana, em Fortaleza, já está com segurança reforçada por homens da Casa Militar. 

Bom humor
Charges dos jornais nas quais Camilo aparece decoram a parede da sala do apartamento. Quem cuida da moldura é a mãe, Ermengarda.

O Povo

Governador é petista; o seu governo não o será

e
Fac-símile da Capa do Diário do Nordeste que registrou a comemoração da vitória dos eleitos em 2010. Os senadores Eunício e Pimentel hoje são inimigos de Cid
O PT não vai controlar o Governo de Camilo Santana. Sua influência política, se tiver, será deveras tímida. O cerne da nova gestão sairá da base política fincada pelo governador Cid Gomes (PROS), embora ele fique fora do Brasil, durante todo o ano de 2015.
Os petistas crescerão muito pouco em representação no primeiro escalão do futuro Governo, e nada indica virem a ser uma fonte para as políticas públicas da gestão a se instalar. Camilo fará uma administração nova, como tem enfatizado, mas não tão diferente desta inaugurada em 2007.
A alguns petistas, inclusive coadjuvantes da campanha recém-finda, convencidos estão da realidade que se lhes apresenta. Camilo é pessoa de diálogo, dizem alguns, ouve a todos, fala pouco, mas tem suas razões de não ser o petista que gostariam que ele fosse. Camilo poderia ter sido vice-governador do Estado, no lugar de Domingos Filho, em 2010, e não o foi por falta de apoio do seu partido. Poderia ter sido o candidato a prefeito de Fortaleza e não o foi pela intransigência de parte do PT, cuja aversão ao seu nome era explícita e inclusive pública.
Ele, como o atual prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, também amigo de Cid, não teriam deixado o PT, como fizeram outros, inclusive o vereador Salmito Filho e o próprio pai de Camilo, Eudoro Santana, atendendo a ponderações do governador, sob a alegação de precisar de amigos naquela sigla.
Operadores
E Camilo saiu candidato à sucessão estadual por escolha pessoal de Cid, talvez até forçado pelas exigências do deputado José Guimarães, de ser candidato ao Senado, quando todas as pesquisas internas do Governo davam-no como empecilho ao sucesso eleitoral de qualquer chapa majoritária em disputa.
O desconforto de Camilo no PT, como o de Nelson Martins e alguns outros mais próximos do atual Governo se tornou mais acentuado ainda nos últimos meses. Um dos operadores do candidato Eunício Oliveira (PMDB) em Fortaleza, principal adversário do governador eleito, era petista próximo ao diretório municipal do partido.
E como se não bastasse, foi hostil a oposição feita ao vencedor do pleito por Luizianne Lins, Eudes Xavier, Antônio Carlos e outros filiados ao PT. Ao governador, a partir de 1º de janeiro próximo, se já não o foi dito o será, que apesar desse grupo do PT, do distanciamento da presidente Dilma e do ex-presidente Lula da sua batalha para ser eleito, assim mesmo ele chegou lá.
Cid Gomes, também por estar fora do Brasil, no primeiro ano da nova gestão, não imporá forte inibição a Camilo, como seria natural se aqui permanecesse. Ciro Gomes buscará novos caminhos. Diz que não, mas gostaria de ser ministro. De qualquer forma não estará tão próximo do Governo como esteve ao longo dos dois mandatos do irmão. Mas outras pessoas do grupo responsável pelo sucesso eleitoral aqui permanecerão para ajudar, cobrar e inibir ações políticas contrárias ao projeto do qual o próprio Camilo faz parte desde o seu nascedouro em janeiro de 2007, início do atual Governo.
O deputado José Albuquerque, presidente da Assembleia; Roberto Cláudio, prefeito de Fortaleza; deputado Ivo Gomes, Mauro Filho e Danilo Serpa vão estar sempre por perto. Nenhum deles quer o PT com mais espaços no Governo, além daquele hoje ocupado. O fosso separador de alguns petistas e o pessoal do PROS, o partido do atual Governo, antes de Camilo ser candidato só aumentou no curso da campanha. Essa situação estimula os governistas a serem mais restritivos em relação a esses filiados ao PT participarem da futura administração.
Elogios e acusações
A foto de capa do Diário do Nordeste, de 4 de outubro de 2010, horas após conhecido o resultado oficial da votação do dia anterior, mostra como os nossos políticos têm um discurso fácil de elogios aos aliados do momento.
Ali, como mostra o fac-símile que ilustra esta página, estão os três maiores inimigos da política local. Cid Gomes, ao centro, governador eleito, tendo como companheiros de comemoração os senadores Eunício Oliveira e José Pimentel, também eleitos no mesmo pleito.
Com Pimentel, o rompimento foi primeiro, nem bem completara um ano das trocas de elogios nos palanques e na propaganda eleitoral. Hoje, Pimentel e Cid evitam se encontrar e não sendo possível o desvio o cumprimento deles é muito frio. Pimentel não esteve à frente da campanha de Eunício contra o seu correligionário Camilo Santana, mas torcia por sua derrota, admitem alguns petistas, só para que o insucesso eleitoral fosse debitado ao governador.
Com Eunício, o rompimento demorou um pouco mais. Foi nos primeiros meses deste ano, pouco antes do prazo limite da homologação dos nomes dos candidatos ao Governo, pelas respectivas convenções. A troca recente de insultos dava a entender que nunca os dois haviam exagerado nos elogios um ao outro, talvez, na época, sonhando viver uma aliança eterna, desconhecendo a realidade da política que mostra serem os aliados de hoje os adversários de amanhã.
Edison Silva
Editor de Política
Diário do Nordeste

Governador eleito é visto como um homem simples, aberto ao debate e tímido. E não parecia levar muito jeito para a política.

“O Cariri se orgulha de ter um governo como vai ser o de Camilo, viu?” declara Raimunda Germano da Conceição, aposentada a quem o agora governador eleito Camilo Santana (PT) foi visto tomando a bênção no domingo do segundo turno. “Ele toda a vida me deu atenção”, comenta sobre o episódio respeitoso.
Dona Raimunda, que afirma conhecer o petista desde os anos 1980, muito antes de ele ser petista, governador ou qualquer coisa pela qual os cearenses hoje o conhecem. Ela, inclusive, carrega na carteira um santinho de Camilo de quando ele ainda era candidato a deputado estadual, ou, de acordo com a aposentada, de quando era “bem novinho”. Ela fez questão de mostrá-lo ao próprio Camilo no dia da votação.
Segundo a senhora, Camilo não era do tipo de criança que brincava na rua com frequência. “Era um rapaz estudado, né?”, comenta. João Bosco Sá, gerente do balneário do distrito de Caldas, onde o petista tem residência, confirma a tese. Camilo teria sido um garoto muito tímido. “Eu não sei nem se ele sabe dançar”, afirma. Bosco, que diz conhecer o ainda deputado estadual desde quando ele tinha um ano de idade, descreve um Camilo Santana estudioso e, apesar da timidez, muito aberto às pessoas. “Eu nunca vi nele uma postura de arrogância”. Mas afirma que ele sabe ser rígido.
Camilo, segundo Bosco, não parecia ter muita vocação para a política em sua juventude. O petista não teria se envolvido na campanha da própria mãe, Ermengarda Santana, para vice-prefeita de Barbalha, em 1992. Na época, ele estaria muito mais preocupado com os estudos no curso de Agronomia. “Não consegui entender nem como ele entrou na política”, arremata o amigo dos Santana.
A iniciação de Camilo no mundo político teria ocorrido após seus anos na Universidade Federal do Ceará, onde ele presidiu o Diretório Central dos Estudantes. “Quem faz política estudantil, ingressa na política partidária com muita facilidade”, declara.
A influência primordial para o ingresso de Camilo em uma agremiação partidária foi, na opinião do gerente, a família. O pai, Eudoro Santana, por exemplo, foi deputado estadual e diretor do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs). Hoje, é presidente do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor). De acordo com o barbalhense, “era ele que era para ser governador do Ceará”. O motivo para isso não ter ocorrido teria sido um ruptura com o então governador Tasso Jereissati, ainda no PMDB. Divergências quanto à eleição presidencial teriam levado Eudoro para o PSB e o hoje grão-tucano para PSDB.
Com a virada do milênio, começou a participação de Camilo na vida partidária. O hoje petista foi, segundo Bosco, um dos responsáveis pela reestruturação do PSB em Barbalha - PSB este que acabou apoiando o adversário do petista Eunício Oliveira (PMDB) – e, em 2000, foi o candidato socialista a prefeito de Barbalha. “Nessa eleição, eu não votei nele”, confessa Bosco, completando em seguida “foi a única eleição em que eu não votei com o doutor Eudoro”.
Quanto ao governo do conterrâneo, tanto Bosco quanto dona Raimunda – aquela a quem ele pediu a bênção – tem as melhores expectativas possíveis. “Eu rezo a Deus para que ele faça um bom governo”, diz a aposentada. Bosco acha que “ele vai ter uma diferença em relação a Cid Gomes, porque ele é um homem de diálogo”. Bosco não acredita que Camilo será o “preposto” dos Ferreira Gomes, como adversários vinham apregoando. “A (tropa da) Polícia acha que o Camilo vai ser fantoche do Cid, mas ele não vai ser fantoche de ninguém”, declara.


Assista ao vídeo com trechos da entrevista:
Bosco Sá
É compadre do pai de Camilo, Eudoro Santana, e afirma que os cabelos brancos nunca impediram Camilo de criticá-lo quando acha necessário

Dona Raimunda
Diz que Camilo conhece bem o Ceará e que sempre fez muito pelo Cariri. “Isso aí, quem conseguiu foi ele”, apontando para o novo calçamento na rua

SAIBA MAIS
O santinho de Camilo na carteira trouxe problemas para dona Raimunda. No dia da eleição, ela mostrou a amigos na seção eleitoral, o que lhe rendeu a expulsão do local. “Eu vou sair, eu já votei no PT, no Camilo”, relembra, aos risos.
Dona Raimunda, apesar de admitir ter votado em Eunício Oliveira para senador em 2010, soltou alguns adjetivos ruins para o candidato Eunício de 2014.
Bosco Sá afirmou que Camilo gosta de jogar futebol com os amigos quando está na cidade. Perguntado se ele joga bem, Bosco afirma que acha “que é só pela diversão mesmo”.
A timidez do jovem Camilo teria atrapalhado o agora governador eleito com as garotas. “Eu acho que ele namorou muito pouco”, afirma Bosco.
O gerente do balneário também elogiou o governador Cid Gomes. Na opinião dele, o melhor governo desde Adauto Bezerra.
O Povo