8 de março de 2017

Das 130 premiações do Nobel da Paz, 17 foram para mulheres; conheça cada uma

A última personalidade a receber o Nobel da Paz foi o atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Ele foi premiado no ano passado por seus esforços para acabar com a guerra civil instaurada no país há mais de 50 anos. Foram 130 laureados com a premiação em 97 anos -- entre 1901 e 2016. Entre todos os que puderam receber o reconhecimento por seu trabalho pela paz mundial, 17 são mulheres. Elas ficaram atrás dos 88 homens e das 26 organizações que já receberam o prêmio. Além disso, a maioria das dividiu o prêmio com outros homens ou organizações.
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A historiadora e pesquisadora de história das mulheres e estudos de gênero pela Universidade de Brasília (UnB) Ana Vitória Sampaio lembra que o prêmio visa ao reconhecimento e à publicidade internacional de indivíduos que marcaram sua época. 

Sobre o número muito inferior de mulheres entre os laureados, Ana Vitória diz não encontrar outra razão que não seja a permanência e a naturalização do sexismo. “A história das mulheres já nos mostrou que elas não estiveram ausentes do mundo da ciência, das artes, da tecnologia, da política e até mesmo das guerras. No caso do humanitarismo, a presença de mulheres foi maior ainda, já que elas se lançaram, sem o menor temor, como voluntárias em guerras, zonas de conflito e países arrasados pela miséria, pela fome e pela doença.”

Ana Vitória lembra que  Madre Teresa de Calcutá tornou-se símbolo da luta contra a pobreza na Índia. Algumas são mais desconhecidas, mesmo tendo recebido o Prêmio Nobel, como Rigoberta Menchú Tum, ativista indígena da Guatemala, e Betty Williams e Maired Corrigan, ativistas da paz e dos direitos humanos da Irlanda do Norte. “Muitas outras ficaram esquecidas. Como disse Virginia Woolf: 'por muito tempo na história, 'anônimo' era uma mulher'”, destaca.

Quando se trata de mulheres esquecidas pela organização do Nobel, Ana Vitória destaca o trabalho da médica brasileira Zilda Arns. “Como brasileira, defendo que ela merecia o prêmio. Seu trabalho com a Pastoral da Criança é reconhecido no mundo inteiro e, como médica sanitarista, ela parecia não poupar esforços para se deslocar a outra parte do mundo e colocar a própria vida em risco. Sua morte no terremoto do Haiti foi uma perda mundial.”

De acordo com a historiadora, outra mulher que não recebeu o Nobel da Paz, mas teve uma atuação relevante para a paz mundial, foi a queniana especialista em tecnologia Juliana Rotich. “Ela desenvolveu um conjunto de plataformas com a finalidade de conectar diversos países africanos, difundindo informações sobre guerras e conflitos armados. No século 21, a comunicação é uma arma poderosa, tanto para a segurança das pessoas, quanto para a construção de medidas capazes de prevenir e erradicar a violência”, acrescenta Ana Vitória.

O Prêmio Nobel da Paz foi criado pelo inventor sueco Alfred Nobel, no fim do século 19, e os primeiros laureados receberam o prêmio em 1901, no início do século 20. As categorias originais eram física, química, fisiologia/medicina, literatura e paz. Desde então, o Nobel da Paz já foi concedido 97 vezes a indivíduos e organizações.

Os primeiros ganhadores do prêmio, em 1901, foram o suíço Jean Henry Dunant e o francês Frédéric Passy. Dunant foi o fundador do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Passy fundou a Sociedade Francesa de Arbitragem entre as Nações. De acordo com a historiadora, no caso de Henri Dunant, a Cruz Vermelha é, até os dias atuais, uma organização internacional atuante em zonas de conflito, tendo participado das duas grandes guerras nundiais e outras guerras que marcaram a história.

Conheça as homenageadas com o Nobel da Paz:

Mulheres que venceram o Nobel da PazBertha Sophie Felicita von Suttner, ganhadora do  Prêmio  Nobel da Paz em 1905/Wlkipedia

1905 – Baronesa Bertha Sophie Felicita von Suttner (nome de solteira: Condessa Kinsky von Chinic und Tettau)
Escritora, pacifista e compositora, Bertha nasceu em Praga, no então império austro-húngaro, hoje conhecido como República Tcheca. Ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1905 como escritora e presidente honorária do Gabinete Internacional Permanente para a Paz.

Bertha era amiga de Alfred Nobel, depois de ter virado sua secretária em 1875 por um breve período. A baronesa dedicou a vida à luta pela a paz. Ela escreveu o livro Lay Down Your Arms (Abaixe Suas Armas), que influenciou Albert Nobel a criar um prêmio anual para honrar pessoas que se dedicassem a busca pela paz. Ela foi a primeira mulher a receber o prêmio.

De acordo com artigo publicado na Universidade Federal de Campina Grande, Bertha ajudou a organizar o primeiro Congresso Internacional de Paz, em Viena (1891), e fundou a Sociedade Austríaca dos Amigos da Paz. Foi eleita vice-presidente do Escritório Internacional da Paz, durante o 3º Congresso Mundial da Paz, em Roma, e fundou o jornal Die Waffen nieder! (1892), dedicado à paz. Essa publicação foi substituída pelo jornal Friedenswarte (1899), para o qual continuaria contribuindo até sua morte. Viúva em 1902, continuou a trabalhar pela paz mundial, viajou constantemente por vários paíse. Morreu de câncer durante os preparativos do 23º Congresso Mundial da Pazantes, dois meses antes do começo da 1ª Guerra Mundial. De acordo com seu desejo, foi cremada em Gotha e suas cinzas foram espalhadas ao vento.

Mulheres que venceram o Nobel da PazLuta pelo desarmamento deu a Jane Addams o  Prêmio  Nobel  da  Paz em 1919/Wikipedia

1931 – Jane Addams (em conjunto com Nicholas Murray Butler)
A segunda mulher a vencer o Prêmio Nobel da Paz fundou o Women’s International League for Peace and Freedom (Liga Internacional das Mulheres para a Paz e a Liberdade) em 1931. Jane Adams foi assistente social, filósofa, feminista, pacifista e reformadora estadunidense. De acordo com o site oficial do Nobel da Paz, ela lutou muitos anos pela pacificação e pelo desarmamento das grandes potências mundiais.

Nos Estados Unidos (EUA), Jane Addams trabalhou para ajudar os pobres e acabar com o trabalho infantil. Em Chicago, administrou um centro que acolhia refugiados.

Durante a 1ª Guerra Mundial, Jane tentou convencer o então presidente dos EUA, Woodrow Wilson, a mediar a paz entre os países, mas os americanos entraram na guerra. Por lutar contra isso, foi considerada perigosa para a segurança do país. A atuação de Jane Addams foi crucial para o acordo de paz assinado pela Alemanha em 1919. Ao fim de sua vida foi honrada pelo governo norte-americano por seus esforços pela paz.

Mulheres vencedoras do Prêmio Nobel da PazEmily Greene Balch ganhou o Prêmio  Nobel  da  Paz  por ter dedicado a vida ao desarmamento e à paz/Wikipedia

1946 – Emily Greene Balch (em conjunto com John Raleigh Mott)
A terceira vencedora do Nobel da Paz foi Emily Greene Balch, que recebeu o prêmio 15 anos depois também por ter lutado pelo desarmamento e pela paz. Os EUA, no entanto, apesar do prêmio, continuaram tachando Emily de radical.

Formada em sociologia, Emily Balch estudou as condições de vida de trabalhadores, imigrantes, minorias e mulheres. Durante a 1ª Guerra Mundial, trabalhou com a vencedora do Nobel de 1931, Jane Addams, para persuadir líderes de nações neutras a intervir pela paz. Quando os norte-americanos entraram na guerra, foi declarada dissidente junto com Jane.

Em 1935, Emily Greene Balch se tornou líder da organização Women’s International League for Peace and Freedom (Liga Internacional das Mulheres para a Paz e a Liberdade). Lutou ainda contra o fascismo e criticou nações que não enfrentaram as políticas agressivas de Hitler e Mussolini.

Mulheres que ganharam o Prêmio Nobel da PazBetty  e  Mairead  organizaram  o  Community  of  Peace People/World Centers of Compassion/Free Gaza Movement

1976 – Betty Williams e Mairead Corrigan
Em 1976, Betty Williams presenciou o assassinato de três crianças inocentes em Belfast. Após a tragédia, ela decidiu protestar contra o uso de violência entre católicos e protestantes na Irlanda.

Ela se juntou à tia das crianças mortas, Mairead Corrigan. Juntas, fundaram o Community of Peace People (Comunidade de Pessoas da Paz). 

Mesmo com o fim do movimento pela paz no Norte da Irlanda, Mairead Corrigan continuou trabalhando pela paz.

Mulheres que venceram o prêmio Nobel da PazMadre  Teresa  de  Calcutá foi missionária na Índia e recebeu o Nobel da Paz em 1979/Creative Commons

1979- Madre Teresa de Calcutá
A religiosa, cujo nome verdadeiro é Agnes Gonxha Bojaxhiu, nasceu em uma comunidade albanesa no Sul da antiga Iugoslávia. Ordenou-se freira na Índia, onde recebeu o nome de Teresa. Em 1946, decidiu abandonar o convento e viver para os pobres. Sua atuação como missionária em Calcutá, na Índia, lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979.

Madre Teresa de Calcutá morreu em setembro de 1997 – seis anos antes de ser beatificada pelo papa João Paulo II. Conhecida em vida como "a santa das sarjetas", Madre Teresa foi transformada em santa pela Igreja Católica no ano passado, 19 anos após sua morte, quando o papa Francisco a declarou santa.

Ela criou a ordem das Missionárias da Caridade, uma congregação religiosa católica concebida com o objetivo de viver a caridade no dia a dia, assistir e auxiliar os pobres e desvalidos. A pequena congregação acabou se transformando em uma rede que hoje conta com mais de 4 mil religiosas trabalhando em cerca de 700 casas, dedicadas a ajudar os desfavorecidos em mais de 130 países.

Mulheres que venceram o Prêmio Nobel da PazAlva Myrdal ganhou o prêmio pelo seu trabalho em prol do desarmamento e do controle de armas /Wlkipedia


1982 – Alva Myrdal (em conjunto com Alfonso García Robles)
A sueca Alva Myrdall ganhou o prêmio pelo trabalho em prol do desarmamento e do controle de armas. Representou seu país em várias instituições, como a a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e foi embaixadora da Suécia na Índia. Em 1962, entrou no Parlamento da Suécia e foi enviada como delegada à Conferência sobre Desarmamento em Genebra, função que desempenhou até 1973.

Recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1982, juntamente com o diplomata mexicano Alfonso García Robles, pela defesa do desarmamento nuclear. Era casada com Gunnar Myrdall, também Prêmio Nobel, mas de Economia em 1974, com quem desenvolveu trabalhos relacionados com a segurança social. Escreveu obras pacifistas, como Dynamics of European Nuclear Disarmament (1965) e The Game of Disarmament (1965).

Mulheres que venceram o prêmio Nobel da PazAung San Suu Kyi foi premiada por lutar pacificamente por democracia e direitos humanos/Simon Davis/DFID

1991 – Aung San Suu Kyi
Filha de Aung San, o herói nacional da independência da Birmânia (Mianmar), ex-colônia britânica, que foi assassinado pouco antes da independência do país, Aung San Suu Kyi é uma política de oposição, vencedora do Nobel da Paz em 1991, criadora e secretária-geral da Liga Nacional pela Democracia (LND) na Birmânia. Foi premiada “pela luta pacífica por democracia e direitos humanos”. Inspirada por Mahatma Gandhi, ela se opôs ao uso de violência e pediu que o governo militar entregasse o poder a um civil em seu país.

Durante a eleição geral de 1990, foi detida e colocada em prisão domiciliar, condição em que viveu por quase 15 dos 21 anos que decorreram desde o seu regresso à Birmânia, em 20 de julho de 1989, até sua libertação, depois de forte pressão internacional, em 13 de novembro de 2010.

Mulheres que venceram o Prêmio Nobel da PazA guatemalteca Rigoberta Menchú Tum,  ganhadora
do  Prêmio  Nobel  da  Paz  em  1992/
Surizar

1992 – Rigoberta Menchú Tum
Nascida na Guatemala, com origem indígena, Rigoberta Menchú Tum recebeu o Nobel da Paz em 1992, “em reconhecimento pelo trabalho por justiça social e reconciliação étnico-cultural, baseada no respeito pelos direitos das pessoas indígenas”. Ela foi criada em um país marcado pela violência, e alguns membros de sua família foram mortos pelo Exército.

Rigoberta foi ainda embaixadora da Boa Vontade da Unesco e vencedora do Prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional. Sua premiação coincidiu com o quinto centenário da chegada de Cristóvão Colombo à América e com a declaração de 1993 como Ano Internacional dos Povos Indígenas.

Mulheres que venceram o prêmio Nobel da PazJody Williams recebeu o Nobel pelo trabalho em prol da proibição  do  uso  de  minas antipessoais/Terry Ballard

1997 – Jody Williams (em conjunto com a ICBL – International Campaign to Ban Landmines)
A americana Jody Williams recebeu o Nobel da Paz em 1997, prêmio que dividiu com a Campanha Internacional para a Eliminação de Minas (ICBL), pelo trabalho em defesa da proibição do uso de minas antipessoais e sua remoção. Quando ainda era estudante, nos anos 1980, envolveu-se com trabalho humanitário com vítimas da guerra em El Salvador.

A partir de 1991, dedicou-se à luta contra minas terrestres, que representavam perigo constante para os civis.

Mulheres que venceram o prêmio Nobel da PazPrimeira mulher a se tornar juíza no Irã, Shirin Ebadi lutou pelos direitos humanos no país/Shahram Sharif

2003 – Shirin Ebadi
Shirin Ebadi foi a primeira mulher a se tornar juíza no Irã. Após a revolução de Khomeini em 1979, ela foi demitida e abriu um escritório de advocacia para defender pessoas que estavam sendo perseguidas pelas autoridades. No ano 2000, foi presa por ter criticado a hierocracia do país.

Shirin Ebadi assumiu a luta pelos direitos humanos fundamentais e, especialmente, pelos direitos das mulheres e das crianças. Ela participou da criação de organizações que colocaram essas questões na agenda e escreveu livros propondo emendas às leis de sucessão e divórcio do Irã. Também queria retirar o poder político do clero e defender a separação entre religião e Estado.

Na escolha de Ebadi, o Comitê do Nobel manifestou o desejo de reduzir as tensões entre os mundos islâmico e ocidental após o ataque terrorista aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. Ao mesmo tempo, o comitê desejou estender uma mão ao movimento de reforma iraniano.

Mulheres que venceram o prêmio Nobel da PazWangari Maathai venceu em 2004 por sua contribuição para  a  democracia  e  a  paz/Free  Gaza  Movement

2004 – Wangari Muta Maathai
A queniana Wangari Muta Maathai foi professora e ativista política do meio ambiente. Primeira africana a receber o Prêmio Nobel da Paz, ela venceu “pela contribuição ao desenvolvimento sustentável, à democracia e à paz”.

Maathai fundou o Green Belt Movement, uma organização não governamental ambiental voltada à plantação de árvores, conservação ambiental, e direitos das mulheres. Wangari Maathai foi eleita membro do Parlamento queniano e era ministra dos Recursos Ambientais e Naturais no governo do presidente Mwai Ação contra Temer e DilmaKibaki, de 2003 a 2005. Além disso, era conselheira honorária do World Future Council. Em 2011, Maathai morreu de câncer de ovário.

Mulheres que venceram o Prêmio Nobel da PazTawakel Karman, Ellen Johnson-Sirleaf e Leymah Gbowee,  vencedoras em 2004;/Matthew Russell Lee/United States Department of State/Jon Styer - Eastern Mennonite University

2011 – Ellen Johnson-Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakel Karman
O prêmio foi para a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, Leymah Gbowee, ativista pelos direitos das mulheres africanas, e a opositora iemenita Tawakel Karman. Após a decisão, o primeiro-ministro da Noruega declarou: “Este prêmio é uma homenagem a todas as mulheres do mundo e seu papel nos processos de paz e reconciliação”.

Economista formada em Harvard, Ellen Johnson-Sirleaf foi a primeira mulher democraticamente eleita presidente da Libéria. Ela trabalhou para promover a paz, a reconciliação e o desenvolvimento econômico e social em seu país.

Leymah Gbowee trabalhou em prol de pessoas traumatizadas pela guerra civil, especialmente crianças que eram recrutadas como soldados. Ela liderou um movimento de mulheres pela paz que ajudou a acabar com a guerra civil na Libéria.

No Iêmen, a jornalista Tawakel Karman liderou um grupo, por ela fundado, chamado Mulheres Jornalistas Sem Correntes. Lutou pela democracia e direitos humanos. Foi presa e teve sua vida ameaçada diversas vezes no país.

Elas foram premiadas “pela luta não violenta para a segurança das mulheres e o direito de participarem integralmente de trabalhos pela paz.

Mulheres que venceram o Prêmio Nobel da Paz Aos 17 anos, Malalai ganhou o Novel da Paz pela luta contra a opressão de crianças e jovens e pelo direito
de todas as crianças à educação/”
Simon Davis/DFID

2014 – Malala Yousafzai (com Kailash Satyarthi)
A paquistanesa Malala Yousafzai dividiu o Nobel em 2014 com o ativista indiano Kailash Satyarthi. Os dois foram premiados “pela luta contra a opressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação”. Com 17 anos, Malala Yousafzai tornou-se a pessoa mais jovem a receber o prêmio.

A jovem tornou-se conhecida após ser baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola. O ataque ocorreu no dia 9 de outubro de em 2012. Malala estava em um ônibus escolar. Seu crime foi se destacar entre as mulheres e lutar pela educação das meninas e adolescentes no Paquistão. O país é dominado pelos talibãs, que são contra a educação das mulheres.

Em 2008, o líder talibã local determinou que todas as escolas interrompessem as aulas dadas às meninas por um mês. Na época, Malala tinha 11 anos. Seu pai, que era dono da escola onde ela estudava e sempre incentivou sua educação, pediu ajuda aos militares locais para continuar dando aulas às meninas, mas a situação no país era de muita tensão.

Ao discursar na cerimônia de entrega do prêmio, Malala prometeu lutar até que a última criança seja escolarizada. “Vou continuar essa luta até que eu veja todas as crianças na escola.”

Mulheres que venceram o Prêmio Nobel da PazWided  Bouchamaoui  participou  de  uma solução negociada para a grave crise política nla Tunísia em 2013/Dragan TATIC/Bundesministerium für Europa

2015 – Wided Bouchamaoui (Membro do Quarteto do Diálogo Nacional da Tunísia)
Wided Bouchamaoui foi a primeira mulher presidente da Tunisian Confederation of Industry, Trade and Handicrafts (Utica). Em 2013, Wided Bouchamaoui, acompanhada dos chefes de mais três organizações da sociedade civil, formou o Quarteto do Diálogo Nacional da Tunísia. A esperança do grupo era combater as crescentes tensões no país.

Pelo trabalho desenvolvido, o júri do Nobel concedeu o prêmio às quatro organizações da sociedade civil que patrocinaram uma solução negociada para a aguda crise política que a Tunísia vivia em 2013 e ameaçava acabar com o processo de transição, iniciado após a primavera árabe em 2011.

Por Líria Jade 
Com informações da Agência Brasil

Michel Temer: ninguém melhor do que a mulher para indicar desajustes de preços

Em cerimônia no Palácio do Planalto em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o presidente Michel Temer afirmou que as mulheres têm uma "grande participação" na economia porque ninguém é mais capaz do que elas para "indicar os desajustes de preço no supermercado e ninguém é melhor para detectar as eventuais flutuações econômicas, pelo orçamento doméstico maior ou menor".
Temer disse também que, com as perspectivas de recuperação econômica, as mulheres terão mais oportunidades de emprego, além de cuidar dos "afazeres domésticos". "Com a queda da inflação e dos juros, com o superávit recorde da balança comercial, com o crescimento do investimento externo, isso significa emprego, e significa também que a mulher, além de cuidar dos afazeres domésticos, terá um campo cada vez mais largo de emprego", afirmou, ressaltando que tem dito a empresários que a recessão "está indo embora".
O presidente declarou também que a formação dos filhos é feita pelas mulheres, não pelos homens. "Tenho absoluta convicção, até por formação familiar, por estar ao lado da Marcela (Temer), o quanto a mulher faz pela casa, o quanto faz pelo lar, o quanto faz pelos filhos. Se a sociedade, de alguma maneira, vai bem, e os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada formação em suas casas, e seguramente isto quem faz não é o homem, mas a mulher", disse.
Temer destacou que a Constituição prevê direitos e deveres iguais para homens e mulheres e que, neste momento, "cada vez mais rapidamente", a mulher vai ocupando "espaço cada vez mais significativo, mais enaltecedor". Afirmou também que as mulheres são "a força motriz mais relevante" do Brasil.
A cerimônia contou com a presença da primeira-dama Marcela Temer da ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, a secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Fátima Pelaes a advogada-geral da União, Grace Mendonça, e o ministro da Saúde, Ricardo Barros. A plateia era formada predominantemente por mulheres, muitas delas deputadas federais.
Marcela, que falou por pouco mais de 2 minutos, destacou as mulheres que cuidam de seus filhos sob condições precárias, muitas vezes sozinhas. "Mesmo com a busca pela legitimidade de apontar o que é melhor para nós, há momentos em que a realidade se mostra difícil para muitas mulheres", afirmou. "A essas bravas mulheres precisamos dar condições de criar seus filhos da melhor maneira possível", acrescentou.
Com informações do R7.com

Anvisa aprova resolução que proíbe venda de termômetro com mercúrio

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou hoje (7) uma resolução que proíbe a comercialização de termômetros e aparelhos de medir pressão que utilizam mercúrio. A medida vale a partir de 2019. De acordo com a Anvisa, a proposta de proibir o uso desses equipamentos no país faz parte do compromisso do Brasil de banir produtos com mercúrio até 2020.

Os aparelhos têm uma coluna transparente, contendo mercúrio no interior, com a finalidade de aferir valores de temperatura corporal (no caso do termômetro) e pressão arterial (no caso do esfigmomanômetro).

Em junho do ano passado, a agência abriu consulta pública sobre o tema. Na ocasião, a agência destacou o compromisso firmado com a Convenção de Minamata, onde 140 países, incluído o Brasil, se comprometeram com o controle do uso e redução de emissões e liberações do mercúrio para a natureza. A Anvisa destaca que no mercado já existem os termômetros e medidores de pressão digitais, alternativos aos com a coluna de mercúrio.

Termômetros mais caros
A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com duas redes de farmácias. Uma delas já não comercializa mais o termômetro de mercúrio. Na farmácia que comercializa ambos, o termômetro digital custa quase o dobro daquele feito com coluna de mercúrio. O primeiro custa R$ 19,90 e o segundo R$ 10. O aparelho digital, que funciona alimentado por uma bateria, tem a vida útil mais curta que o termômetro feito de mercúrio que, se não sofrer quedas, pode durar, como disse o próprio vendedor ao repórter, “a vida toda”.

Com informações da Agência Brasil

Aperto no peito está relacionado à tristeza? Entenda como seu corpo reage aos sentimentos

dor-no-peito
Em períodos de transição, associados à perda de entes queridos ou fases complicadas da vida, a tristeza está sempre em evidência. Assim como qualquer outro estado emocional, o corpo reage e em alguns casos, as pessoas até costumam relatar dores ou apertos no peito. Na maioria das vezes, essa reação é provocada pela liberação de um hormônio chamado adrenalina.
Este hormônio neurotransmissor produzido pelo sistema endócrino, mais precisamente pela glândula suprarrenal, é liberado a partir de uma mensagem enviada do cérebro para o corpo. Isso ocorre quando passamos por situações de estresse, que incluem tristeza e ansiedade.
Logo, nosso corpo entra em um estado de alerta, desencadeando estímulos naturais de defesa, conhecidos como de “luta ou fuga”: uma série de reações não controláveis provocadas pelo sistema nervoso autônomo para responder uma situação de perigo. Logo, teremos a opção de evitá-la (medo), ou confrontá-la (raiva), para garantir a sobrevivência.
Nosso corpo inicia esse protocolo para se prevenir. A liberação da adrenalina provoca algumas reações comuns, como a contração dos músculos, aceleramento dos batimentos cardíacos e dilatação das pupilas, por exemplo.
A contração muscular, principalmente do tórax, aumenta a quantidade de oxigênio no sangue, a fim de fornecer mais energia caso seja necessário, o que também permite ao corpo agir com maior rapidez. No entanto, às vezes essa tensão é tão grande que causa dores na região do tórax, e algumas técnicas de respiração podem ser úteis.
Porém, é importante ressaltar que existe uma diferença entre a tristeza e problemas mais graves de saúde como depressão e doenças cardíacas. Se você notar que ela persiste por algum tempo e que está sempre acompanhada de outros sintomas, é essencial que procure ajuda médica. Quando se trata de depressão, sinais de apatia, indiferença, falta de esperança, de perspectivas ou prazer de vida são comuns. Assim como qualquer outra doença, ela deve ser tratada.
Para os casos de problemas cardíacos, emoções muito fortes, como brigas e tristezas profundas por exemplo, podem, com o tempo, causar tais condições.
Conforme lembrado pelo biólogo, a tristeza pode até fazer bem para os seres humanos, sendo considerada normal e necessária. No entanto, quando sai de nosso controle pode provocar danos à saúde e por isso, é essencial procurar ajuda médica para diagnósticos e melhores tratamentos.
Com informações do Diário de Biologia

Mais de 500 mulheres são agredidas por hora no Brasil, mostra pesquisa

violência contra crianças
A cada três brasileiros, incluídos homens e mulheres, dois presenciaram algum tipo de agressão a mulheres em 2016 - Arquivo/Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A cada hora, 503 mulheres sofreram algum tipo de agressão física em 2016, segundo pesquisa do instituto Datafolha encomendada pelo Fórum de Segurança Pública. O estudo, divulgado hoje (8), foi feito com entrevistas presenciais em 130 municípios brasileiros. No total, foram 4,4 milhões de mulheres, 9% da população acima de 16 anos, que relataram ter sido vítimas de socos, chutes, empurrões ou outra forma de violência.

As agressões verbais e morais, como xingamentos e humilhações, atingiram 22% da população feminina. Ao longo do ano passado, 29% das mulheres passaram por algum tipo de violência, física ou moral. Entre as pretas (expressão usada pelo IBGE), o índice sobe para 32,5% e chega a 45% entre as jovens (de 16 a 24 anos).

Foram vítimas de ameaças com armas de fogo ou com facas 4% - 1,9 milhão de mulheres. Espancamentos e estrangulamentos vitimaram 3%, o que representa 1,4 milhão de mulheres, enquanto 257 mil, 1% do total, chegaram a ser baleadas.

A cada três brasileiros, incluídos homens e mulheres, dois presenciaram algum tipo de agressão a mulheres em 2016, desde violência física direta, a assédio, ameaças e humilhações. O percentual é de 73% entre as pessoas pretas e 60% entre as brancas.

Companheiros e conhecidos
A maior parte dos agressores, segundo os relatos das mulheres, era conhecida (61%). Os cônjugues, namorados e companheiros aparecem como responsáveis em 19% dos casos. Os ex-companheiros representam 16% dos agressores. A própria casa das vítimas recebeu o maior percentual de citações como local da violência (43%). Entre as mulheres entre 35 e 44 anos, 38% das agressões partiram dos namorados ou cônjugues.

Sobre as reações após a violência, 52% disseram não ter feito nada após a agressão, 13% procuraram ajuda da família, 12% buscaram apoio de amigos e 11% foram a uma delegacia da mulher. Entre as mais jovens (16 a 24 anos), o índice das que não fizeram nada após a agressão é de 59%.

O assédio atingiu 40% das mulheres no último ano. Entre as mais jovens (16 a 24 anos), o percentual chega a 70%, sendo que 68% ouviram comentários desrespeitosos quando estavam na rua. O índice é de 52% entre a população feminina entre 25 e 34 anos. Nesse grupo, 47% foram assediados na rua, 19% no ambiente de trabalho e 15% no transporte público.

Com informações da Agência Brasil

José Mariano Beltrame vê segurança pública ruindo e governos paralisados

Sondado por deputados do PMDB para ser secretário nacional de Segurança do governo Michel Temer, José Mariano Beltrame recusou. Diz querer distância do serviço público para sempre. Aposentado da Polícia Federal, está satisfeito como consultor da mineradora Vale. “Na iniciativa privada, tudo é mais ágil”, diz. Em dez anos como secretário de Segurança do Rio de Janeiro, ele criou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e reduziu os índices de criminalidade, que voltaram a crescer de forma alarmante. “Só uma união de esforços pode mudar o quadro. Nessa luta do bem contra o mal, não pode haver tantas barreiras constitucionais”, afirma nesta entrevista a ÉPOCA. Dos tempos de governo, Beltrame mantém apenas dois guarda-costas, devido às 51 ameaças de morte que colecionou. E duas ações judiciais contra o ex-governador Anthony Garotinho, que insinuou haver ligação dele com o esquema de propinas do ex-governador Sérgio Cabral, preso por corrupção.
ÉPOCA – Seus seguranças são da secretaria ou da Vale?
José Mariano Beltrame – Da secretaria. É padrão. Ando só com dois agora. O resto eu dispensei. Estou pensando em desmamar esses também. Mantenho por enquanto a segurança porque é mais fácil acontecer algo comigo agora, eu saí com muito recadinho, 51 ameaças de morte. Foram muitas punições, muitas expulsões de policiais que não se conformam.
ÉPOCA – O senhor sente mais medo de policial que de bandido?
Beltrame – Dos milicianos, que eu também considero bandidos. Policial que se desvia de conduta é pior que bandido comum. O traficante, quando perde, entende e aceita. O policial em desvio não.
ÉPOCA – O senhor foi convidado a integrar o governo Michel Temer?
Beltrame – O convite formal do governo Temer não houve, apenas sondagem e muita especulação. Não aceitaria nem aceitarei. Não tenho mais interesse no serviço público. Foram 36 anos de serviço – e os últimos dez, como secretário no Rio, eu vivi de maneira muito intensa. Posso até um dia contribuir, mas não quero mais vínculo. No Rio, se forem situações sérias, transparentes e objetivas, estou sempre disposto a ajudar caso precisem de mim. Em São Paulo, faço parte do conselho de segurança do prefeito João Doria, sem remuneração.
ÉPOCA – Como o senhor vê o acirramento da violência no Rio de Janeiro?
Beltrame – Vejo com muita tristeza. Porque é uma realidade nacional. A atuação do PCC [Primeiro Comando da Capital, a maior facção criminosa do país] no Recife, o túnel que os presos escavavam no Rio Grande do Sul... o serviço público brasileiro está ruindo, a segurança em primeiro lugar. Infelizmente, não vejo nenhuma atuação concreta para que isso seja evitado e repensado. Acho que o governo federal precisa entrar, mas corre do problema e vê tudo à distância. Os estados terão cada vez mais dificuldade de fazer frente a isso.
ÉPOCA – O que pode mudar isso?
Beltrame – Só uma união de esforços. Iniciamos no Rio quando juntamos várias entidades em prol de um projeto. Continuo achando que é uma luta do bem contra o mal. Não pode haver muitas fronteiras nem tantas barreiras constitucionais. O Ministério da Defesa tem de entrar nisso para mitigar o problema. Que os Ministérios e secretarias conversem entre si e mostrem à população um horizonte ao menos. Sem segurança, nada prospera. A violência barra investimentos, afugenta empresas, impede que as pessoas saiam de casa.
ÉPOCA – A quais barreiras o senhor se refere?
Beltrame – O Exército alega limitações constitucionais, a Polícia Federal também. Não falo de rasgar a Constituição. Mas de unir esforços com a Polícia Rodoviária, a Receita Federal, o Coaf que podem buscar muito para a Segurança na movimentação financeira. O Brasil precisa disso. Quando se quer mudar a Constituição, se muda até de madrugada no Brasil. A luta da segurança não se vence. O que pode dar a vitória a longo prazo é educação e coisas atreladas às causas da violência. No momento, os governos nem pensam em estratégia, estrutura, em planejamento.
José Mariano Beltrame ex-secretário de Segurança do Rio (Foto: Andre Arruda/ÉPOCA)



















ÉPOCA – Qual sua opinião sobre essas convocações-relâmpago das Forças Armadas?
Beltrame – Isso não pode acontecer, esse vaivém eterno. Precisamos perenizar essas atuações junto com as polícias, dividir esse ônus. Temos um contingente imenso dentro do Ministério da Defesa que pode ser somado à Força Nacional, à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária, às polícias estaduais. Um mapeamento, uma estratégia, metas. De que adianta dizer que, segundo a Constituição, o problema é dos estados? Essa é uma desculpa que não dá para dar.
ÉPOCA – Greve de policiais é ilegal?
Beltrame – Acho que tudo deve ser feito em ordem e com sensatez. É possível fazer um movimento em que os atendimentos essenciais à população sejam mantidos, para evitar o caos. O que não pode é deixar a população desassistida. No Rio de Janeiro, as polícias se comportaram bem. A paralisação no Espírito Santo não poderia ter acontecido.
ÉPOCA – A ferocidade dos motins em presídios o surpreendeu?
Beltrame – O Brasil tem certas batalhas já avisadas e as atitudes não são tomadas. O sistema carcerário é uma delas. É preciso uma inteligência carcerária que oriente os serviços de segurança. No Rio, nós antecipamos muita coisa nos presídios. Nós mandamos cerca de 90 bandidos para presídios federais. Fundamentalmente, é preciso identificar as lideranças, separá-las e mandar para fora do estado.
ÉPOCA – O PCC se tornou a facção mais poderosa?
Beltrame – Desde setembro principalmente, o PCC formou uma rede muito grande nos presídios. Foi quando mataram as lideranças do tráfico de armas, drogas e munições no Paraguai. Agora, o Brasil está dentro do Paraguai, com o PCC e o Comando Vermelho comprando e remetendo cada vez mais armas para nossas cidades. O assalto ao carro-forte no Recife, por exemplo. Nunca imaginei ver .50, .30, AK-47 em assalto na rua no Recife. Mas assaltaram a Brinks e levaram R$ 60 milhões. Essa foi uma ação planejada que tem a cara do PCC. Há coisas anunciadas que a gente não pode ficar esperando acontecer. Na semana passada, foram apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal na estrada, escondidos dentro do painel de um carro, 9 mil cartuchos de fuzil 762, a arma automática de maior energia, velocidade e potência que existe. Imagina tudo isso dentro de uma cidade como o Rio.
ÉPOCA – O senhor sente alívio por não chefiar a segurança de um estado falido?
Beltrame – Não, eu não diria isso. Fui muito feliz no período em que estive na secretaria. O que sinto hoje é tristeza. A situação financeira do Rio é gravíssima.
ÉPOCA – Como agir para mexer nos números da violência no estado do Rio de Janeiro?
Beltrame – Ah, eu iria insistir muito na união dos esforços. O estado colocou todas as suas forças na rua. Mas há uma série de limitações. Uma hora falta combustível, outra alimentação para cavalo ou para cães. Ficamos vulneráveis. A crise chegou até ao tráfico. Traficantes apelam para roubo de veículos e de carga, furto de rua.
ÉPOCA – O senhor trabalhou sete anos com o governador Sérgio Cabral, preso por corrupção. Como vê a situação dele?
Beltrame – Vejo com tristeza. Meu contato com ele era no Palácio. Não sabia detalhes da vida dele. Não tínhamos intimidade. Eram despachos, conversas sobre trabalho.
ÉPOCA – Como o senhor se sentiu quando foi publicada sua foto com seus filhos na lancha de Cabral, presenteada pelo empresário Paulo Magalhães Pinto?
Beltrame – Diante dessas pessoas que tentam denegrir minha imagem e de minha família, procuro o caminho racional e democrático, que é a Justiça. Tenho duas ações contra o [ex-governador Anthony] Garotinho com sentença já dada. Quando iria imaginar que a lancha que o governador me emprestara não tinha sido comprada legalmente? 
ÉPOCA – O apartamento em que o senhor morava pertence ao empresário Paulo Magalhães Pinto, apontado como “laranja” de Cabral?
Beltrame – Uma coisa é o apartamento pertencer a alguém – e esse alguém era um empresário, amigo do governador. Outra coisa é saber se eu pagava o aluguel e as taxas. Garotinho me acusa de viver de favor. E pagará por isso. Tenho todos os documentos provando que sempre paguei e declarei tudo. Esse é outro motivo da ação judicial. Não pode uma pessoa entrincheirada na internet vir com acusações infundadas e perseguir sua família. Exijo de Garotinho na Justiça R$ 120 mil por danos morais. O que ele fez é crime. 
Por Ruth de Aquino
Com informações da Revista Época 

Maioria das mulheres no Brasil e no mundo prefere trabalhar a ficar em casa


Relatório divulgado hoje (8) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela empresa de pesquisa de opinião Gallup indica que 70% das mulheres e 66% dos homens no mundo entendem que as mulheres devem ter trabalhos remunerados. No Brasil, o índice é de 72% das mulheres e 66% dos homens.

O documento Rumo a um futuro melhor para mulheres e trabalho: vozes de mulheres e homens fornece um relato inédito sobre atitudes e percepções globais sobre o tema das mulheres no mundo do trabalho. A pesquisa ouviu quase 149 mil pessoas em 142 países e territórios, incluindo o Brasil, e representa mais de 99% da população adulta global.

Os resultados mostram que mulheres em todo o mundo preferem ter trabalhos remunerados (29%) ou estar em situações em que poderiam trabalhar e também cuidar de suas famílias (41%). De acordo com o relatório, apenas 27% das mulheres no mundo querem ficar em casa, exercendo um trabalho não remunerado.

Ainda segundo a pesquisa, o índice de 70% de mulheres no mundo que gostariam de ter trabalhos remunerados inclui a maioria das mulheres que não está no mercado de trabalho. Os dados valem para quase todas as regiões do planeta, incluindo aquelas onde a participação das mulheres na força de trabalho é tradicionalmente baixa, como Estados e territórios árabes.

Opiniões convergem
O relatório aponta que 28% dos homens gostaria que as mulheres de suas famílias tivessem trabalhos remunerados, enquanto 29% gostariam que elas ficassem apenas em casa e 38% prefeririam que elas pudessem fazer as duas coisas.

Mulheres que trabalham em tempo integral para um empregador (mais de 30 horas por semana) são mais inclinadas a preferir situações nas quais pudessem equilibrar o trabalho e as obrigações da família e da casa. Mulheres e homens com níveis mais elevados de educação também são mais propensos a preferir que as mulheres tenham trabalhos remunerados e cuidem de suas casas e famílias.

“Esta pesquisa mostra claramente que a maioria das mulheres e dos homens em todo o mundo prefere que as mulheres tenham trabalhos remunerados. Políticas de apoio às famílias, que permitam que as mulheres permaneçam e progridam no trabalho remunerado e incentivem os homens a assumir a sua parte justa do trabalho de cuidados da família e da casa, são cruciais para alcançar a igualdade de gênero no trabalho”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

Além de investigar as preferências das pessoas sobre mulheres e trabalho, a pesquisa revelou que as mulheres são mais propensas do que os homens a considerar trabalhos remunerados perfeitamente aceitáveis (83%), enquanto os homens ficam um pouco atrás (77%). Os números são mais altos no Brasil, com 96% das mulheres e 94% dos homens considerando o trabalho remunerado perfeitamente aceitável para as mulheres de suas famílias.

Equilíbrio trabalho-família
Conciliar o trabalho com o cuidado das famílias, no entanto, representa um desafio significativo para as mulheres que trabalham em todo o mundo. Tanto homens quanto mulheres da maioria dos países e territórios pesquisados mencionam o equilíbrio entre trabalho e família como um dos maiores problemas enfrentados pelas mulheres que têm trabalhos remunerados.

Outras questões como tratamento injusto, abuso, assédio no local de trabalho, falta de trabalhos bem remunerados e desigualdade salarial também aparecem entre os principais problemas citados em várias regiões do mundo.

Os dados também revelam que mulheres entre 15 e 29 anos são mais propensas do que as mulheres mais velhas a mencionar tratamento injusto, abuso ou assédio no trabalho. Já as mulheres entre 30 e 44 anos são mais propensas do que as de outras faixas etárias a mencionar a falta de acesso a cuidados para seus filhos e famílias. À medida que as mulheres envelhecem, elas se tornam mais propensas a mencionar os salários desiguais em relação aos homens.

Renda e emprego
Em todo o mundo, a maioria das mulheres que trabalha diz que o que ganha é uma fonte significativa (30%) ou a principal fonte (26%) de renda da família. Os homens ainda são mais propensos que as mulheres a se declararem como principais provedores: 48% dos homens que trabalham dizem que seus rendimentos são a principal fonte de renda de sua família.

No entanto, entre mulheres e homens que trabalham e têm níveis mais elevados de educação, a diferença em relação à contribuição para a renda familiar é menor.

O relatório revela que, se uma mulher tem educação e experiência semelhantes à de um homem, mulheres e homens são mais propensos a dizer que ela tem a mesma oportunidade de encontrar um bom trabalho na cidade ou área onde vive. Em todo o mundo, 25% das mulheres e 29% dos homens afirmam que as mulheres têm melhores oportunidades de encontrar bons trabalhos.

No Brasil, 35% das pessoas entrevistadas acham que as mulheres com experiências e qualificações educacionais semelhantes às dos homens têm a mesma oportunidade de encontrar um bom trabalho. Apesar disso, a proporção de brasileiros que acredita que as mulheres têm oportunidades piores em relação aos homens é maior (32%) do que a proporção de brasileiros que enxerga oportunidades melhores para as mulheres (29%).

Com informações da Agência Brasil