10 de novembro de 2019

Relatório aponta uso indevido de tratores doados por projeto

Equipamentos que deveriam fomentar o desenvolvimento no campo, encontram-se sucateados ou são usados de forma indevida
Estudo preliminar inédito realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) aponta que mais de 30% dos tratores fornecidos pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável, conhecido como São José, estão sendo utilizados de forma indevida. O levantamento começou no início do ano e foi divulgado nesta quinta-feira (7) pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).
No intervalo de 25 anos, associações comunitárias receberam do Estado cerca de 1.841 tratores, dentro da política de mecanização e desenvolvimento agrícola no Ceará.
Fora do Padrão
De todas as situações investigadas pelos técnicos da Ematerce, 593 estão em desacordo com a política de uso recomendada. Foram observados que 35 tratores foram vendidos, um foi roubado e um destruído. Além disso, três tratores foram alugados por prefeituras e 34 apresentaram problemas mecânicos. Ainda de acordo com o relatório, 148 não possuem qualquer informação sobre sua situação.
Observou-se também que 38 tratores estão sendo usados por particulares por meio da venda direta sem autorização da SDA. Foi identificado que alguns tratores foram alugados para terceiros ou são utilizados apenas pelo indivíduo que "cuida do trator".
Em valores atuais de mercado cada veículo custa, em média, R$ 105 mil.
Visitas Preliminares
O documento não está finalizado e, portanto, o número pode ser alterado. Porém, após as primeiras visitas às associações, a visão geral informada pelos técnicos é de que "muitos tratoristas não têm o conhecimento técnico e acabam causando acidentes e diminuindo a vida útil da máquina; a gestão da maior parte das associações é feita de forma precária; e que muitos implementos foram trocados, vendidos ou encontram-se inutilizados".
Projeto
Diante do cenário, a SDA informou que "ainda não é possível determinar quantas associações foram atendidas, uma vez que se trata de um relatório preliminar. Além de situações pontuais, que contrariariam o interesse do Estado, temos ouvido os presidentes de associações, e o nosso desejo é realizar, juntos às associações, cursos para capacitar novos tratoristas e entregar implementos agrícolas para que os equipamentos cumpram a sua total finalidade".
O Projeto São José III forneceu 180 tratores no valor de quase R$ 22 milhões para 180 associações comunitárias. Cada associação recebeu também cinco implementos agrícolas, totalizando 850 equipamentos entre carretas reboques, grades hidráulicas, batedeiras de feijão, debulhadoras de milho, cultivadores de milho, guinchos, ensiladeiras acopladas e colhedeiras.
Recomendações
A Ematerce recomenda desenvolver mecanismos para evitar desvios de finalidade. Sugere o recolhimento de tratores, máquinas e implementos, usados indevidamente, verificando possibilidade de realocação; novo ordenamento de uso - planejamento e controle; capacitação de operadores de máquinas agrícolas; capacitação de técnicos; recolhimento das unidades de mecanização em estado de sucata ou paradas para a Secretaria .

Com informações do Diário do Nordeste

Conheça algumas curiosidades de como é viver na Antártica

Durante a 38ª Operação da Marinha na Antártica foi realizada uma inspeção para acertar os detalhes da reinauguração da Estação Brasileira Comandante Ferraz no continente gelado, prevista para janeiro de 2020.
Desde a década de 80, por meio do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), o Brasil contribui para o desenvolvimento da ciência com pesquisas, principalmente, nas áreas de glaciologia, biologia marinha e meteorologia.
Na última semana, a Agência Brasil mostrou as dificuldades da viagem até a Antártica, desvendou a base brasileira, contou sobre as riquezas antárticas e embarcou no Navio Polar Almirante Maximiano. Mas ainda restam curiosidades sobre o continente polar. O repórter Mauricio de Almeida revela pequenas curiosidades da rotina de quem vive no continente gelado.
Acesse a playlist completa do Diário de Bordo.
Estação Antártica Comandante Ferraz é uma base antártica pertencente ao Brasil localizada na ilha do Rei George, a 130 quilômetros da Península Antártica, na baía do Almirantado, na Antártida. Na foto, Pinguins.
Baía do Almirantado, na Antártida. Na foto, Pinguins. - Alan Arrais/NBR/Agência Brasil
Quando eu recebi a notícia de que iria viajar para a Antártica fiquei um pouco preocupado. Afinal quem nasceu e sempre morou no Rio de Janeiro não está acostumado com o frio. Não tinha a menor ideia de como iria reagir diante de temperaturas negativas. Além de um possível problema de saúde surgiram algumas dúvidas como por exemplo: como vou tomar banho na Antártica? Embarquei sem saber ao certo o que iria encontrar no continente gelado e volto para a casa com vontade de algum dia conseguir retornar ao extremo sul do planeta.

Antes de chegar a Antártica, é claro que você precisa colocar roupas especiais, afinal a temperatura pode atingir menos 40 graus em algumas épocas do ano. Por sorte eu cheguei no verão antártico, quando o termômetro costuma girar em torno dos 6 graus negativos. Pode parecer pouco, mas para a região isso é considerado um dia quente. Esta foi justamente a primeira surpresa que eu tive logo depois de desembarcar no continente gelado. Ainda caminhando na pista do aeroporto da base chilena, o funcionário que nos acompanhava nos deu as boas-vindas e disse: “Vocês deram sorte porque chegaram num dia quente”. Achei que era uma espécie de brincadeira, mas todos que moram na Antártica estavam satisfeitos com o suposto “calor” polar. No alojamento brasileiro na Antártica, encontrei um militar com bermuda e camiseta que estava saindo para correr na praia da Ilha de Rei George, onde fica a Base Brasileira Comandante Ferraz. A imagem me impressionou e cheguei à conclusão de que para quem suporta menos 40 graus, 6 graus negativos é o auge do verão.
Estação Antártica Comandante Ferraz é uma base antártica pertencente ao Brasil localizada na ilha do Rei George, a 130 quilômetros da Península Antártica, na baía do Almirantado, na Antártida
Baía do Almirantado, na Antártida - Alan Arrais/NBR/Agência Brasil
Eu não tenho um perfil antártico então usava o tempo todo as roupas especiais. O problema era vestir o material. Ele é composto por um macacão, casaco, gorro, botas revestidas, óculos escuros e luvas. Todo o equipamento é impermeável e com diversos lacres para evitar a entrada do vento polar. Você precisa vestir sobre a sua roupa mesmo para aumentar a proteção térmica. Pode parecer simples colocar essa roupa, mas não é. A vestimenta chamada de andaina tem um monte de locais para fechar e depois que você coloca a luva grossa fica sem tato algum. Caso algum botão ou zíper não estejam completamente lacrados vai permitir a entrada do gelado vento Antártico e você não vai suportar ficar fora da base. A maior dificuldade mesmo é quando chega a hora de calçar a bota. Ela só entra à força. Um detalhe: você precisa colocar e tirar a roupa várias vezes durante o dia porque dentro da estação a temperatura é aquecida. Ao longo do dia, fazendo minhas reportagens, eu precisava entrar e sair várias vezes da base, então o troca-troca de roupa foi intenso.
Tudo é difícil para um marinheiro de primeira viagem, mas na estação brasileira existe um grupo especial de militares da Marinha, uma espécie de anjo da guarda dos visitantes. Eles nos acompanham o tempo todo e, gentilmente, ajudam os marujos recém-desembarcados no continente gelado. Eles também cuidam da nossa segurança, e sempre caminhamos pelo gelo acompanhados. Esta é uma regra Antártica nunca sair da base sozinho e sem rádio. O clima é muito instável e você pode ficar sem condições de voltar ou sofrer alguma queda no gelo e por isso a comunicação e a companhia podem ser a diferença entre a vida e a morte.
Para evitar sujar o interior da estação existe um vestiário logo na entrada. O primeiro procedimento é mergulhar as botas (ainda calçadas) num balde de água para limpar. Em seguida você tira a bota e deixa no meio de dezenas de botas iguais. Fiquei pensando como iria encontrar a minha depois, mas o grupo da base me orientou a colocar num local destinado aos visitantes e não tive problemas.
Agora vamos a questão do banho. Achei que seria impossível, mas foi uma experiência bem tranquila. Logo na chegada, o chefe da base ensinou como funcionava o sistema de água e consegui tomar um banho normal. Nem parecia que estava num lugar tão gelado. Aliás, dentro da base você pode usar roupas normais porque a temperatura é agradável. Na hora de dormir, os quartos possuem um sistema de aquecimento especial e você escolhe a temperatura. No primeiro dia, nossa equipe não conseguiu ligar o aquecedor e acordamos quase congelados no meio da noite. Mais uma vez os militares do grupo nos salvaram e mostraram como o equipamento funcionava.
Outra preocupação que eu tinha era com a comida, mas a alimentação foi perfeita. A base brasileira tem um grande estoque que é transportado para o local por navios da Marinha. Tudo é cozinhado lá mesmo e a comida é deliciosa.
Comida
Estrogonofe - Mauricio de Almeida - TV Brasil
Na hora de sair da base, você precisa passar protetor solar e reaplicar várias vezes ao dia porque sem ele certamente vai ficar queimado pelos fortes reflexos do sol nas camadas de gelo. O único problema de reaplicar, no meu caso, foi que o protetor congelou durante uma caminhada. Aliás, o protetor labial que eu levei também estava congelado e a tela do celular de um colega de equipe deixou de funcionar por causa do frio. Além disso, o cabo flexível do microfone da câmera ficou duro ao ser exposto a uma fina camada de neve. O cabo congelou, justamente, na hora da minha participação ao vivo no telejornal, e ninguém sabia o que poderia acontecer, mas a transmissão foi perfeita debaixo da neve. Tudo muito normal: afinal você está na Antártica.
Por Mauricio de Almeida
Com informações da TV Brasil

Fortaleza e Ceará se enfrentam em Clássico-Rei decisivo na Série A

Resultado de imagem para fortaleza e ceará"
Este 10 de novembro de 2019 é daqueles dias que a rotina de uma cidade inteira fica diferente. Não à toa que o domingo começou mais cedo para torcedores de Fortaleza e Ceará. Seja na praia, no tradicional almoço em família ou em reunião de amigos na mesa de um bar, o assunto entre os apaixonados por futebol na capital alencarina é um só. Hoje é dia de Clássico-Rei!

Tanto é que até o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que hoje terá o segundo e último dia de provas, acaba ficando em segundo plano para torcedores ávidos pela manutenção na Série A do Campeonato Brasileiro. Às 19 horas, quando a bola rolar no gramado da Arena Castelão, tricolores e alvinegros verão mais uma edição do centenário clássico num encontro que rememora o passado, mas que nesta edição está diretamente ligado ao futuro.

A partida de número 579 entre Leão e Vovô tem muita coisa em jogo. Por si só, o duelo já possui os elementos necessários para garantir emoção de sobra. Sendo ainda um confronto direto entre dois times que, restando somente sete jogos para o fim do campeonato, disputam, ponto a ponto, a manutenção na elite do futebol nacional.

Ceará e Fortaleza estão rigorosamente empatados na tabela em número de pontos (36), vitórias (10), empates (6) e derrotas (15). O Vovô leva a melhor no saldo de gols (1 x -6), e por isso ocupa a 13ª colocação, enquanto o Leão vem logo atrás, em 14º.

A distância de ambos para a zona de rebaixamento, porém, é de somente três pontos. O óbvio está posto. Quem vencer, além de garantir maior tranquilidade na luta pela permanência, empurra o rival para uma situação ainda mais complicada. Empate, porém, pode acabar complicando todo mundo.

O contexto do Clássico-Rei mudou drasticamente na última rodada. É óbvio que os dois times possuem grande necessidade de vitória, mas se antes o Ceará era quem teria maior responsabilidade de triunfo, agora é o Fortaleza quem se vê mais pressionado pelos três pontos.

Muito pelos resultados do meio de semana, em que o Vovô venceu o Internacional e o Tricolor do Pici perdeu para o Corinthians.

Buscando recuperação

O empate com o Atlético/MG e a derrota para o Corinthians ligaram o sinal de alerta no Fortaleza. Se chegou a abrir vantagem de cinco pontos para o Z-4, o Tricolor agora tem chances de terminar a 32ª rodada dentro da zona da degola.

Os resultados recentes foram ainda mais frustrantes pela forma como aconteceram. Contra o Galo, estava vencendo até os 41 minutos do 2º tempo. Contra o Timão, teve boa atuação, mas não venceu por contas de falhas defensivas.

O técnico Rogério Ceni terá a missão de fazer o time voltar a apresentar o futebol envolvente e de imposição que o torcedor se acostumou a ver. Para isso, ele não poderá contar com o meia Marlon, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Por outro lado, conta com o retorno de importantes jogadores como Wellington Paulista e André Luis, que não atuaram contra o Timão.

“A gente sabe da importância do jogo, sabe que vai ser um jogo muito difícil. O quanto mais rápido a gente fizer a pontuação que dá a nossa permanência, melhor. Agora, a gente tem que pontuar porque vai nos dá confiança para o decorrer do campeonato”, destacou o atacante Romarinho

A partida será especial para o zagueiro Juan Quintero, que completará 50 jogos com a camisa leonina.

Pra seguir no embalo

O Ceará vem motivado por bons resultados recentes. Nos últimos cinco jogos, foram três vitórias, um empate e somente uma derrota. O recente triunfo sobre o Internacional fez o Alvinegro ultrapassar o rival e chegar para o clássico com motivação mais elevada.

“Não só para mim, mas para todos nós do elenco é jogo importantíssimo. Se trata de um jogo diferente. É em um momento de definição da Série A, com o campeonato se afunilando e os dois clubes com a mesma pontuação. Em um jogo como esse, um clássico, sem duvida que a ansiedade aumenta, mas é trazer para o lado bom, pois um jogo como esse dá um motivação natural”, declarou o meia Felipe Silva.

O Camisa 10 será titular e, com ótimas atuações recentes, é um dos trunfos do time de Adilson Batista, que não poderá contar com dois jogadores. O atacante Bergson e o volante Pedro Ken foram advertidos com o terceiro cartão amarelo da série na partida contra o Internacional e não poderão atuar contra o maior rival.

As maiores preocupações do treinador alvinegro ficam por conta de dois jogadores do sistema defensivo. Luiz Otávio e William Oliveira sentiram dores na partida contra o Inter e acabaram sendo substituídos durante a partida, sendo dúvidas para o jogo de hoje. Se não atuarem, Eduardo Brock e Auremir devem ganhar chance no time titular.

Festa dos mosaicos

A promessa é de uma Arena Castelão lotada. Por ser mandante, o Fortaleza detém 70% dos ingressos e terá maioria nas arquibancadas e os tricolores esperam que isso possa fazer a diferença.

O aporte financeiro veio de todos os lados: através de empresas parceiras, iniciativas privadas e até rifas entraram na cota a fim de colaborar com a festa.

O Diário do Nordeste apurou que os torcedores do Leão preparam três mosaicos para a partida. O fato é que o Leão, mascote do Fortaleza, será estampado em um dos mosaicos com bastante papel picado, TNT e um show pirotécnico, cenário costumeiramente traçado para os principais jogos do clube ao longo desta temporada.

Mesmo em menor número, a torcida do Ceará não ficará atrás. A reportagem apurou que as torcidas organizadas do clube se reuniram para montar um mosaico em homenagem aos artilheiros históricos do clube, Mota e Sérgio Alves. O objetivo é reviver os “fantasmas do arquirrival” e tem inspiração em arranjos preparados pelo time alemão Borussia Dortmund, no campeonato nacional.

Certo é que a festa nas arquibancadas será mais um elemento para apimentar um Clássico-Rei, já histórico por tudo que foi comentado. Para o alívio – ou tensão – dos torcedores, o dia chegou.

Por André Almeida
Com informações do Diário do Nordeste

Brasil gera 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano

Rio de Janeiro - Microlixo vindo do mar coletado na areia da praia de Botafogo. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
No Brasil, em 2018, foram geradas 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de pouco menos de 1% em relação ao ano anterior. Desse montante, 92% (72,7 milhões) foram coletados - uma alta de 1,66% em comparação a 2017, o que mostra que a coleta aumentou num ritmo um pouco maior que a geração. Apesar disso, 6,3 milhões de toneladas de resíduos ficaram sem ser recolhidos nas cidades.

Os dados fazem parte do Panorama dos Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), lançado hoje (8). Comparando com os países da América Latina, o Brasil é o campeão de geração de lixo, representando 40% do total gerado na região (541 mil toneladas/dia, segundo a ONU Meio Ambiente).

“Os números mostrados no panorama colocam o Brasil numa posição muito abaixo de outros países que estão no mesmo nível de renda do Brasil. O nosso déficit é muito grande e nós precisamos realmente de medidas urgentes para não só recuperar esse déficit, como avançar em direção a melhores práticas de gestão de resíduos sólidos”, disse o presidente da entidade, Carlos Silva Filho.

Os resíduos sólidos urbanos abrangem o lixo doméstico e a limpeza urbana - coletados nas cidades pelos serviços locais.

A tendência de crescimento na geração de resíduos sólidos urbanos no país deve ser mantida nos próximos anos. Estimativas realizadas com base na série histórica mostra que o Brasil alcançará uma geração anual de 100 milhões de toneladas por volta de 2030.

“Há uma consolidação na geração de resíduos sólidos, o que não está sendo acompanhada na oferta da infraestrutura necessária para lidar com todos esses resíduos. O que a gente percebe é que a geração de lixo aumenta no Brasil, mas a destinação adequada, a reciclagem, a recuperação, não acompanham esse crescimento na geração”, avaliou Silva Filho.

Coleta ameaçada
Lixão da Estrutural
Em 2018, 29,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos seguiram para lixões - Wilson Dias/Arquivo Agência Brasil

De acordo com o estudo, há um contingente considerável de pessoas que não são alcançadas por serviços regulares de coleta porta a porta: 1 em cada 12 brasileiros não tem coleta regular de lixo na porta de casa.  

Na visão do presidente da Abrelpe, a falta de recursos dos municípios é um dos motivos. “Temos dois problemas, um é justamente a falta de percepção da importância da gestão adequada de resíduos sólidos para proteger o meio ambiente e para prevenir doenças, não existe essa percepção clara na sociedade e no Poder Público. O segundo fator, que é mais grave, é que, como esse serviço é municipal e os municípios estão bastante endividados, não têm recursos para custear todo esse processo”, lamenta Silva Filho.

A estagnação ou o retrocesso de alguns índices é potencializado pela falta de recursos destinados para custeio dos serviços de limpeza urbana que, em 2018, registrou queda de 1,28% de investimentos, além da perda de quase 5 mil postos de trabalho direto/formal. Para a execução de todos os serviços de limpeza urbana foram aplicados pelos municípios apenas R$ 10,15 por habitante/mês, em média.

De acordo com o estudo, o país utiliza o aterro sanitário como forma de disposição ambientalmente correta (59,5% do volume coletado). Entretanto, mais de 3 mil municípios ainda destinam seus resíduos para locais inadequados.

Em 2018, 29,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos seguiram para lixões ou aterros controlados, que não contam com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações. Considerando países com a mesma faixa de renda (países de média-alta renda, segundo classificação do Banco Mundial), o Brasil apresenta índices bastante inferiores, pois a média para destinação adequada nessa faixa de países é de 70%.

Conscientização ambiental
A Abrelpe enfatiza que a coleta seletiva está distante de ser universalizada, e que os índices de reciclagem estão estagnados há quase uma década. Para a entidade, enquanto o mundo fala em economia circular e alternativas mais avançadas de destinação/reaproveitamento de resíduos, o país ainda registra lixões em todas as regiões e precisa lidar com um problema de comportamento da população: o brasileiro ainda está aprendendo a jogar lixo no lixo e a fazer a separação do resíduo com potencial de reciclagem.

“Na questão da reciclagem, para que ela aconteça, a primeira etapa começa justamente com o cidadão, que precisa estar conscientizado da necessidade de separar o lixo dentro de casa, estar educado de como fazer essa separação de maneira correta e a grande maioria da sociedade brasileira não tem essa consciência. A partir do momento que não há essa preparação dentro de casa, toda a sequência na cadeia da reciclagem acaba sendo prejudicada”, avaliou o presidente da Abrelpe.

Por Ludmilla Souza
Com informações da Agência Brasil