Tecnologia reduz a idade de abate, melhora a qualidade dos animais e proporciona um retorno mais rápido do capital investido
No Nordeste brasileiro, principalmente nas áreas semiáridas, o pasto nativo pode ser usado para a terminação durante a época chuvosa e na época seca, onde há disponibilidade de água para irrigação, recomenda-se o uso de pastagens cultivadas.
No caso de uso de pastagem cultivada, qualquer gramínea pode ser usada desde que atenda os requisitos básicos de uma boa forrageira para pastejo, ou seja, boa adaptação ao local onde será cultivada; resistência ao pisoteio; alta produtividade e qualidade. Levando em consideração essas características, os capins Gramão e Tanzânia, sob irrigação na época seca, estão sendo usados com sucesso em sistema de pastejo em lotação rotacionada no Semiárido Nordestino.
O uso de irrigação durante a época seca, adubações periódicas e rotação de pastagens constituem importante estratégia de manejo para neutralizar os efeitos negativos da estacionalidade de produção de alimento sobre a produção de caprinos e ovinos.
O sistema de irrigação a ser utilizado deve ser orientado por um técnico especializado para cada situação. A adubação de manutenção deve ser realizada após cada ciclo de pastejo, em função dos resultados obtidos na análise do solo.
O pastejo em lotação rotacionada tem por princípio básico a divisão do pasto em piquetes. O número de piquetes é determinado em função do período de descanso e ocupação, sendo obtido através da fórmula: (período de descanso/ período de ocupação) +1. O período de ocupação varia de um a seis dias, já o período de descanso pode variar de 21 a 42 dias. Para os capins Gramão e Tanzânia, a Embrapa Caprinos têm utilizado um período de ocupação de quatro dias com 28 dias de descanso. De acordo com o cálculo mencionado, o número de piquetes será igual a oito ([28/4] +1). Neste caso, as taxas de lotação com 40 e 60 ovinos/ha/período podem ser utilizadas, obtendo-se ganhos de peso variando de 60 a 160g/cabeça.
A viabilidade técnica e econômica da terminação em pasto depende não somente de um bom manejo do pasto, mas da combinação entre esse e o uso de animais que possuam alto potencial de conversão de pasto em carne. Os animais a serem usados devem ser saudáveis, entrar na terminação com peso vivo em torno de 15 kg e idade entre 75 e 90 dias. Os animais devem permanecer em terminação por 90 dias, dobrando de peso nesse período. Para isso é importante trabalhar com animais de bom potencial genético.
Para produção de ovinos no Nordeste, as raças Santa Inês, Morada Nova, Somalis, Dorper e seus mestiços com SRD (Sem Raça Definida), além do próprio SRD podem ser utilizados. Em relação à espécie caprina, são recomendadas raças com aptidão para produção de carne como a Boer e Anglo Nubiana, bem como seus mestiços com SRD e o próprio tipo SRD. É importante lembrar que os tipos SRDs apresentam produção inferior à obtida com raças especializadas e seus mestiços.
Autor: Francisco Beni de Sousa - Pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos |
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