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Ondoliva ainda induz consumidor ao erro com informações pouco precisas no rótulo (Divulgação) |
Nada de azeite virgem ou extra-virgem. O que seis fabricantes do produto colocavam em suas embalagens não passava de óleo de soja ou misto. A situação foi constatada após denúncia feita à Vigilância Sanitária Estadual, em maio deste ano, contra a empresa Olivenza Indústria de Alimentos, localizada em Mongaguá. Desde então, várias ações de fiscalização envolveram outras empresas da indústria e varejo, com interdições realizadas até a última terça-feira (25).
Após a denúncia, nos últimos meses, o Instituto Adolfo Lutz, ligado à Secrertaria de Estado da Saúde, realizou análises de amostras de produtos de outras marcas e comprovou que os azeites eram, na verdade, óleo de soja.
Além da Olivenza, cinco fabricantes foram inspecionadas e apresentaram falhas em seus produtos: Natural Óleos Vegetais e Alimentos, em Cajamar, Olima Indústria de Alimentos, em Itaquaquecetuba, Paladar Importação Comércio e Representação de Produtos Alimentícios e La Famiglia Alimentos, ambas de Santana do Parnaíba, e Super Via Distribuidora de Alimentos e Transportes.
A fiscalização observou, ainda, que os estabelecimentos importavam azeite de oliva virgem do tipo lampante - que é impróprio para consumo - mas não havia nenhuma evidência de que providenciassem o refino antes da utilização, como manda a lei. Na ocasião, a Olivenza chegou a ser interditada.
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Vigilância sanitária deve pedir novos testes de outras empresas em breve (Divulgação/Secretaria da Saúde) |
Fiscalização em supermercados
Na última terça-feira (25), técnicos da Vigilância Sanitária do Estado realizaram uma nova operação para analisar os produtos das prateleiras de supermercados e identificar se as fabricantes estão agindo corretamente quanto à compatibilidade do produto em relação às especificações indicadas nos rótulos.
Durante a blitz, foram observadas falhas no produto da marca espanhola Ondoliva, que apresentou inadequações nos rótulos por induzir o consumidor ao erro, uma vez que o produto não está especificado como óleo composto.
"A equipe também recolheu latas de azeite da marca Qualitá para análise laboratorial dos seus componentes e, sobretudo, se contêm azeite. A fábrica já passou por inspeção e está em conformidade quanto aos processos produtivos, bem como os rótulos", diz a Secretaria de Saúde.
Voltou a operar
De acordo com a Olivenza, a empresa foi reaberta e está funcionado regularmente após esclarecer ao órgão fiscalizador tudo o que era necessário. "A indústria está com seus produtos em conformidade com a legislação permanente”.
A Vigilância Sanitária informou que, em uma última fiscalização, equipes constataram que produtos das fábricas inspecionadas, como os da marca Olivenza, Natural e Olima, já tinham adequado a rotulagem.
De acordo com a Secretaria de Saúde, após se adequarem às normas estabelecidas, estas três fábricas foram desinterditadas, mas os lotes dos produtos por elas fabricados antes das adaptações exigidas não podem voltar a ser comercializados. Todas se comprometeram a não usar mais a palavra “azeite” nos rótulos e sim “óleo composto".
Outros nove estabelecimentos produtores de azeite no Estado de São Paulo ainda serão vistoriados pela Vigilância.
Varejistas e atacados
Em nota, os supermercados Extra e Pão de Açúcar informam que suspenderam a compra dos produtos da fabricante Paladar até que haja apuração e regularização da unidade interditada.
O Assaí, por sua vez, diz que retirou os azeites da Olivenza, Natural Óleos, Olima e Paladar de suas lojas, também até que haja apuração e regularização das unidades interditadas.
O Carrefour explicou que não comercializa produtos dos fabricantes citados, mas reitera seu compromisso em atender as orientações dos órgãos responsáveis. O mesmo disse o Atacadão.
Empresas avaliadas
A Natural Alimentos explica que, desde fevereiro deste ano, não comercializa o azeite de oliva extra-virgem, virgem e tipo Único Lisboa. "Essa decisão foi tomada pela empresa, por distorções de qualidade nos produtos importados, desde então, a empresa só fabrica óleo misto".
A empresa esclarece que passou por adequações nas documentações e recebeu orientações por parte do órgão regulador sobre o produto fabricado, em visita da Anvisa no final do mês de maio. "Hoje, a Natural Alimentos é a única empresa brasileira liberada a fabricar e comercializar óleos mistos ou óleos compostos entre todas as empresas".
A Super Via Distribuidora garante que não envasa e nem vende azeite de oliva. "Comercializamos óleo de soja".
A Tribuna On-line entrou em contato com as demais empresas: Olima Indústria de Alimentos, Paladar Importação Comércio e Representação de Produtos Alimentícios e La Famiglia Alimentos, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
Com informações do Jornal A Tribuna