24 de maio de 2018

O que está por trás do aumento dos preços de combustíveis?

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Somente no último mês o preço da gasolina subiu 19%
Nesta semana, os protestos protagonizados pelos caminhoneiros em função dos recorrentes aumentos dos preços dos combustíveis tem tomado conta do noticiário no Brasil. De fato, nos últimos meses, os preços dos derivados vendidos pela Petrobras cresceram de forma intensa e contínua.
Desde 20 de fevereiro, o preço da gasolina vendido pelas refinarias da Petrobras aumentou 35% saindo de 1,52 real o litro para 2,04 reais o litro. Somente no último mês, o aumento foi de 19%.
Cabe ressaltar que, nesse período, não houve nenhuma mudança estrutural na cadeia produtiva dos derivados de combustíveis (variações nas alíquotas dos impostos ou significativas alterações nas margens dos distribuidores e postos), o que torna muito frágil a tese que enxerga os aumentos dos combustíveis como decorrência dos impostos e dos carteis dos postos. Nesse sentido, a questão central a ser debatida é a atual política de preços da Petrobras e seus efeitos para a empresa e para os consumidores.
Em primeiro lugar, é importante entender que a cadeia de produção do petróleo é bastante oligopolizada nos segmentos de produção, refino e distribuição e, por isso, a formação dos seus preços não obedece somente à lógica da microeconomia clássica de equilíbrio entre oferta e demanda.
Como lembra recente texto de Rubens Sawaya, professor da PUC-SP, “o debate sobre os preços deve tomar o capital como seu nexo central, resultado de sua forma de organização. As empresas (...) são entidades que pensam, planejam e atuam segundo táticas e estratégias muito bem elaboradas, com o objetivo de abocanhar o máximo possível da riqueza (...). Seus métodos de definição de preço seguem estratégias específicas. Como também apontava Kalecki, o mais normal são as grandes empresas operarem com custos marginais constantes, se não decrescente, podendo ofertar qualquer quantidade no mercado sem qualquer alteração do custo unitário”.
Esses aspectos também devem ser observados na determinação do preço, ainda mais por se tratar de um setor oligopolizado dominado por empresas gigantescas e com amplo poder de marcação de preços.
Em segundo lugar, a variação de preços no setor petróleo está relacionado a um conjunto de fatores geopolíticos, como conflitos entre os maiores produtores, embargos realizados pelos grandes consumidores, entre outros. Ou seja, um embargo realizado pelos Estados Unidos ao Irã pode afetar o preço do petróleo no mercado internacional.
Em uma economia aberta e onde há escassez da produção de derivados de petróleo, a política de preços para esse segmento apresenta poucas alternativas. Como essas economias são dependentes das importações de gasolina, diesel etc., o preço doméstico dos derivados obrigatoriamente acaba seguindo os internacionais. Como eles são obrigados a comprar os derivados pelo preço internacional do petróleo, as variações internas obrigatoriamente incorporam para as variações ocorridas no mercado internacional.
No entanto, os países (como o Brasil) que apresentam uma ampla capacidade de produção de derivados não necessitariam recorrer às importações de derivados para abastecer seus mercados. Com isso, os preços podem responder muito mais à estrutura de custos e receitas das empresas produtoras dos combustíveis do que à variação do preço internacional.
No caso brasileiro, essa relação causal entre preço e custos é ainda maior porque o País tem autossuficiência na produção de petróleo cru, ou seja, o Brasil tem uma demanda marginal de importação de petróleo cru para atender a demanda do parque nacional do refino.
Desse modo, a formação dos preços deve estar mais relacionada à capacidade de cobrir os custos variáveis das empresas e gerar um excedente do que aos movimentos dos preços internacionais.
Entre 2013 e 2017, a empresa reduziu o volume de produção de derivados em mais de 300 mil barris/dia, saindo de 2.124 mil barris/dia para 1.800 barris/dia. Nesse período, o consumo de derivados ficou relativamente estável na casa dos 2.400 mil barris/dia.
Com isso, enquanto em 2013 a Petrobras tinha capacidade de atender cerca de 90% da demanda interna de combustíveis, em 2017 esse percentual caiu para 76%, num cenário em que a empresa ampliou seu parque de refino (saiu de 2060 mil barris/dia para 2350 barris/dia). Ou seja, mantida a utilização das refinarias, a Petrobras seria capaz de ofertar ao mercado nacional quase toda a demanda de derivados sem necessitar das importações.
No entanto, a opção da companhia tem sido subutilizar suas refinarias e favorecer a entrada dos importadores. Em 2013, a Petrobras utilizava praticamente 100% do seu parque de refino e, em 2017, esse percentual caiu para 76%. Com isso, uma parcela substancial do mercado interno tem sido suprida com importações.
Com a enxurrada de importações (que já detém por 24% do mercado interno), a Petrobras fica refém de uma política de preço atrelada ao mercado externo. Isso porque, caso a empresa decida controlar os preços, os importadores sairão do jogo e a Petrobras terá de arcar sozinha com o diferencial de preços praticados no mercado doméstico e no exterior.
É evidente que, dado o custo de oportunidade existente em economias abertas, não é possível praticar durante um longo período um preço doméstico tão distante do mercado externo. Todavia, o maior uso do parque de refino daria graus de flexibilidade temporais e de intensidade para o reajuste dos preços.
Não resta dúvida que a atual política de preços da Petrobras tem gerado, por um lado, uma redução do papel da Petrobras no mercado de derivados e no refino e, por outro, tem potencializado o aumento da entrada e expansão de players internacionais. Isso ocorre em virtude da manutenção a “qualquer custo” do preço de paridade internacional mesmo que isso implique a redução das margens de refino (bruta e líquida) com a perda de mercado.
O que causa enorme estranheza é que a Petrobras abdicou de sua posição de price maker(formador de preço) – que lhe possibilitava mantém maiores margens - para adotar uma posição de price taker (tomador de preço) num mercado claramente oligopolizado.
A questão, portanto, não está na política de preços strictu sensu, mas sim na política adotada para o refino como um todo.
Por fim, cabe lembrar que essa política de subutilização do refino, combinada com a política de paridade do preços,visa facilitar a venda desses ativos para as empresas estrangeiras, tornando o mercado de petróleo nacional ainda mais dependente do mercado e do preço internacional.
*Rodrigo Leão é mestre em desenvolvimento econômico (IE/UNICAMP). Atualmente, é diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP) e pesquisador visitante do NEC-UFBA.
Eduardo Costa Pinto é professor titular do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (INEEP).
Por Eduardo Costa Pinto e Rodrigo Leão*
Com informações da Carta Capital

Chegou a hora de Ciro Gomes?

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O presidenciável Ciro Gomes e o grão-mestre do PDT
A eleição presidencial deste ano é a mais imprevisível desde a de 1989, motivo de no “mercado” circularem várias pesquisas paralelas, encomendadas por endinheirados que tentam enxergar o futuro de todo o jeito, a fim de enriquecer mais.

Em breve, por exemplo, o instituto Ipsos fará enquetes diárias para que o Eurasia Group, uma consultoria política global, prepare análises para dez grandes clientes brasileiros, algo inédito na trajetória da consultoria por aqui.

Após a última pesquisa vir a público, na segunda-feira 14, a Eurasia disparou um relatório em inglês a observar: “Ainda é cedo, mas é interessante notar que o único candidato que cresceu em comparação a março foi Ciro Gomes. Suas intenções de voto cresceram 1 ponto, e sua rejeição diminuiu um pouco”. 

Aos 60 anos, o presidenciável do PDT tem mais chances de vitória agora do que nas duas tentativas anteriores. Não que seus índices entusiasmem. No novo levantamento, feito de 9 a 12 de maio pela MDA para a Confederação Nacional do Transporte, ele aparece com 5,4%. Em abril, tinha 5% no Datafolha e, apenas em São Paulo, 4% no Ibope.

Números até piores do que a votação obtida em 1998 (7% do total de eleitores) e 2002 (9%). Mas o potencial de Ciro hoje é maior. Há 20 anos, a disputa encontrava um sentimento continuísta na população, devido ao Plano Real, daí a reeleição de FHC. Em 2002, o contrário. O povo queria mudança, insatisfeito com a vida, e aí o símbolo oposicionista era o PT.

Em 2018, o desencanto dá o tom de novo, graças ao desastre do governo Michel Temer, mas o líder do petismo está na cadeia, sua candidatura é incerta. Sem Lula, só Ciro cresce nas pesquisas, chega a 9% no Datafolha e na MDA.

Sem competidores que tenham caído no gosto popular e com muita gente no páreo, é possível que um candidato chegue ao duelo final com uma votação modesta. “Nos nossos cálculos, quem tiver de 17% a 20% vai para o segundo turno”, diz o deputado cearense André Figueiredo, líder do PDT na Câmara.

É outra semelhança com 1989. Fernando Collor foi ao round decisivo com 25% do total de eleitores e Lula, com 14%. Quer mais uma? Temer é o neo-José Sarney, o presidente de quem todos fogem. Quer outra? Ciro repete Leonel Brizola, fundador do PDT, graças à relação com Lula e o PT.

Ciro não perdoa os petistas por não o apoiarem, igual Brizola na primeira eleição pós-ditadura. Um dos principais líderes políticos derrotados pelo golpe de 1964, Brizola achava que, após o regime militar, a primazia no campo popular era dele. Com o PT abalado pela Operação Lava Jato, Ciro também crê que é a hora dele na raia progressista. A diferença é o argumento usado para desopilar o fígado. 

Morto em 2004, o ex-governador gaúcho dizia que Lula e o PT não eram de esquerda, eram o adversário do sonho da direita. Em um debate na tevê entre os candidatos há 29 anos, comentou que a crítica de Lula ao getulismo, berço de Brizola, “me distancia léguas desse cidadão e me faz desconfiar muito dele e do PT como partido de natureza social”. E arrematou: “Ou o PT substitui esse candidato hoje ou amanhã, ou ele vai perder a credibilidade nacional”. O texto campeão de leitura hoje no site do PDT intitula-se “Brizola tinha razão sobre o PT”, de 23 de janeiro de 2017.

O ex-governador do Ceará prefere ligar Lula ao MDB, ao pregar que o petista fique fora da eleição. Foi assim em julho de 2017, em Goiânia. “Se o Lula entrar, ele destrói completamente o ambiente de discussão do futuro do País, vai ser uma eleição marcada pelo ódio”, faltará “autocrítica de quem botou o Michel Temer na linha de sucessão (de Dilma Rousseff), de quem empoderou o Eduardo Cunha para ser o presidente da Câmara, tudo isso foi o seu Lula.”

A recente coleção de declarações de Ciro contra o ex-presidente é de espantar petista. Em setembro, após um evento no Rio, Ciro comentou: “Não é possível insultar a inteligência do povo brasileiro” ao falar de perseguição política contra Lula. No mês seguinte, no SBT:  “Eu acho que o Lula, que é o maior líder popular que o Brasil moderno produziu, tem cometido erros gravíssimos, porque faltam a ele petistas que digam a ele para não fazer tanta bobagem, para não brincar de Deus”. Em fevereiro, ao ir à Folha, disse que a condenação de Lula não era “arbitrária”, que ele “não é um mito”.

Declarações que levam um integrante do comitê da pré-campanha petista a comentar que “o Ciro parece ter feito o cálculo de que estar perto do Lula tira mais do que dá voto”.

O prisioneiro está magoado com seu ex-ministro. Conversa sempre com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e abre o coração. Ciro reagiu publicamente, dizendo ter “pena” da senadora, ao saber de um comentário feito por ela, a portas fechadas, de que o pedetista “não passa nem com reza brava” no PT, ou seja, não teria o apoio petista no primeiro turno. Talvez Ciro não saiba, mas quem fechou a porteira foi Lula, ressentido.

Em março, o governador da Bahia, Rui Costa, do PT, defendeu que o partido não precisava ter candidato, poderia indicar o vice de Ciro. Seu aliado baiano Jaques Wagner disse o mesmo em Curitiba, em 1º de maio. Dois dias depois, Wagner entrou na cela de Lula e foi enquadrado. Nada de azedar a relação com Ciro, disse Lula, nem de se entregar a ele. Só quem insiste publicamente no apoio ao pedetista é Camilo Santana, governador do Ceará.

Soldado antigo da família Gomes no Ceará, o deputado Leônidas Cristino, do PDT, está animado quanto às chances de Ciro. Enquanto no petismo há quem veja o presidenciável como autoritário, Cristino aponta nele a personalidade necessária hoje no País. “Ele é um líder, o Brasil precisa de um líder, até para não ser engolido por este Congresso.”

O Parlamento tende a seguir, em 2019, muito parecido com o atual, patronal e corrupto. Uma salva de palmas à Lava Jato, que na guerra contra o sistema político levou-o a aprovar regras facilitadoras da reeleição dos parlamentares.

O tempo de campanha caiu à metade, para 45 dias, pior para os desconhecidos. A grana do fundo eleitoral público, novidade em 2018, será rateada entre os partidos de acordo com as bancadas atuais (98% serão divididos assim) e, dentro de cada sigla, conforme a ordem das direções. 

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Pompa magna: Temer ainda aposta em Doria, a rigor com Sergio Moro e senhora de longo em Nova York, mas Meirelles não desiste (Marcos Oliveira/Ag. Senado)
Ciro é também, segundo Cristino, mais experiente, preparado e conhecedor do Brasil do que os rivais vistos hoje como os principais, Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), traços que serão explorados na campanha.
No PDT, há uma análise crua do trio a reforçar otimismos. Bolsonaro é deputado desde 1991 e nunca disputou nada, falta-lhe consistência.  A propaganda dele na tevê será, provavelmente, de míseros segundos, pois o PSL é nanico. Idem para a de Marina, tachada de meio monotemática, a causa ambiental. Alckmin teria um rosto demasiado paulista, e São Paulo não é o Brasil, embora pense que é. O que não impede Cristino de prognosticar um segundo turno contra o tucano. “O próximo presidente será de Pindamonhangaba”, terra natal de Ciro e Alckmin.
Mas Alckmin sobrevive até a eleição? Na nova pesquisa, foi o único a dar marcha à ré para além da margem de erro. Tinha 6,4% em março, agora tem 4%. Sua rejeição subiu de 50% para 55%, inferior apenas à de Marina (56%) e à de Temer (87%). É o resultado da ligação do PSDB com Temer, o impopular, e da vidraça ética de Alckmin, investigado pelo Ministério Público em São Paulo com base na delação da Odebrecht.
Um quadro a confirmar uma previsão de agosto do Eurasia Group. Alckmin seria a “Hillary do Brasil”, o establishment destinado à derrota, como a sra. Clinton perdeu para Donald Trump, comparação a aborrecer o tucano até hoje.
Antes da pesquisa, Alckmin ouvira de um deputado: “Você ganha a eleição se no primeiro debate na Globo o sorteio der que a primeira pergunta será do Bolsonaro para o Ciro”, esperança de que a dupla de esquentados quebrasse o pau, enquanto Alckmin posaria de sensato. Agora o PSDB se desespera. Um plano B com João Doria Jr. não pode ser descartado, para alegria de Temer. 
Henrique Meirelles, menos de 1% nas pesquisas,  foi lançado pré-candidato pelo MDB e aceita até pagar a campanha do próprio rico bolso, mas Temer, que voltou a festejar a chegada ao poder como se um impeachment não fosse um trauma, torce por Doria no páreo.  O presidente tem sido incapaz de convencer Alckmin a aliar-se ao MDB. Doria, que acaba de posar para fotos numa noite black-tie em Nova York ao lado de Sergio Moro, o imparcial, topa casar.
Uma troca no PSDB ajudaria a unir um tal “centro” de que falam Temer e tucanos, humorismo ridicularizado até pelo neoliberal americanófilo Arminio Fraga. “O centro é uma gororoba que, no fundo, é conservadora de maneira muito primitiva. É o conservadorismo para manter poder e dinheiro. Não tem valor”, disse no Estadão do dia 13.
Ciro também ironiza, como dia 7 na Band. “O centro é um ponto imaginário da geometria, ele não existe. O que está se reunindo é a direita, a direita que vai carregar o caixão do Michel Temer e seu conjunto absurdo de providências antipovo, antipobre e antinacional.”
pedetista ataca com paixão o MDB do presidente antipovo. Adora chamá-lo de “quadrilha”, promete destruí-lo, botá-lo na oposição, algo que não aconteceu desde o fim da ditadura, exceto por um hiato esquisito no abreviado governo Collor (1990-1992).
Sua artilharia poupa uns poucos emedebistas, caso do senador Roberto Requião, do Paraná. Que, aliás, acaba de mandar um e-mail a 30 mil delegados do partido com a proposta de ser candidato a presidente, uma jogada destinada a matar o sonho de Meirelles, afastar o MDB de Alckmin e, quem sabe, obter uma aproximação com o PT, de quem Requião toparia ser vice.
Quem não enfrenta o MDB, teoriza Ciro, vira seu “testa de ferro”, é destruído por ele. O pedetista diz e repete que foi ministro dos dois únicos governos que resistiram à chantagem emedebista, o de Itamar Franco (1992-1994) e o primeiro de Lula (2003-2006). Nesse último, sempre lembra da crise do “mensalão”, entre 2005 e 2006, quando fazia parte do núcleo duro de Lula e pregava que a salvação viria das ruas, não do MDB.
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Perón no exílio descarregou em Cámpora e ganhou (Arquivo/AFP)
Uma graúda testemunha petista daquele momento dramático simpatiza com a ideia de uma vitória de Ciro. Acha que ele seria um bom presidente e faria um governo parecido com o de Lula, não há barreira para o PT apoiá-lo em um segundo turno contra um direitista. Por ora, contudo, o PT insiste na candidatura de Lula e inspira-se no peronismo.
Juan Domingo Perón estava na ilegalidade e no exílio e não podia disputar a Presidência da Argentina, em 1973. Ele então escolheu o candidato de sua corrente, alguém para ser seu porta-voz, Héctor José Cámpora, e este ganhou com o slogan “Cámpora no governo, Perón no poder”. Uma vez empossado, Cámpora anistiou Perón e renunciou. Uma nova eleição foi realizada.  O vencedor? Perón, com 60% dos votos.
O PT não chega ao ponto de esperar por renúncia e nova eleição, mas o indulto a Lula está na mesa de negociação, embora o prisioneiro diga que não quer ver o tema tratado. Ciro foge do compromisso. Na terça-feira 15, estava na Suécia e disse que prometer perdão seria uma “loucura”. “Indulto é apenas para aqueles que já foram condenados em todas as instâncias.”
No mesmo dia, seis ex-líderes europeus progressistas defenderam o direito de Lula ser candidato. “A luta legítima e necessária contra a corrupção não pode justificar uma operação que questiona os princípios da democracia e o direito dos povos de eleger os seus governantes”, diz o manifesto, articulado e redigido por Françoise Hollande (França) e assinado ainda por José Luis Zapatero (Espanha), Elio Di Rupo (Bélgica) e os italianos Massimo D’Alema, Romano Prodi e Enrico Letta.
O chanceler Aloysio Nunes Ferreira teve um chilique. Em nota, chamou o gesto europeu de “preconceituoso, arrogante e anacrônico”, baita mal-estar no Itamaraty. Ferreira reagiu imediatamente, apesar de estar desde o dia 7 na Ásia, onde se reuniu, por exemplo, com autoridades do golpe militar tailandês de 2017.  Já sobre a ruptura dos EUA no acordo nuclear com o Irã, silêncio de uma semana do Itamaraty, quebrado por uma nota anódina.
A propósito, Ferreira reservou para si a embaixada em Paris e a de Roma e Portugal para Temer e algum emedebista encrencado com a Justiça, um plano de fuga pós-governo contra processos judiciais. 
No PDT, não há ilusão. Mesmo que não seja Lula, o PT terá candidato. A prioridade pedetista é conseguir outros apoios na seara progressista. Na quarta-feira 16, o presidente do partido, Carlos Lupi, foi cortejar o do PSB, Carlos Siqueira. No PCdoB, Ciro tem conversado com a presidenciável Manuela D’Ávila e encontra no governador do Maranhão, Flávio Dino, um defensor.
Uma eventual união das três siglas consolidaria o viés progressista da candidatura, apesar da possibilidade de o pré-candidato ter um vice empresário. Tudo somado, André Figueiredo, líder do PDT na Câmara, espera que o partido tenha melhor sorte agora do que em 1989.
Pedetista desde 1984, viu Brizola perder a vaga para Lula no turno final contra Collor por menos de 500 mil votos e depois apoiar o “Sapo Barbudo”, a quem a elite teria de engolir. Agora, quem quer ser sapo é Ciro. 
Por André Barrocal 
Com informações da Carta Capital

Brasil recebe certificação de país livre da febre aftosa com vacinação

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Depois de mais de 50 anos de trabalho na erradicação e prevenção da febre aftosa nos rebanhos, o Brasil recebe hoje (24) a certificação de país livre da doença com vacinação, da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). As ações, compartilhadas entre os governos federal e estaduais e o setor privado, incluem a vacinação nos pastos, a vigilância nas fronteiras e a estruturação da rede laboratorial do país.
A maioria dos estados brasileiros já tinha o reconhecimento de zona livre da aftosa com vacinação. Agora, com o novo status sanitário, a comercialização de carnes e animais vivos será facilitada tanto dentro quanto fora do país. “Isso mostra que o país, com um dos maiores rebanhos do mundo, tem se preocupado com as questões sanitárias. Isso passa mais credibilidade e segurança a compradores”, disse o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi.
Segundo ele, a certificação de país livre de aftosa pode, inclusive, agregar valor a outros setores, como o da suinocultura. “Não temos o mesmo risco [de outros países onde o vírus da febre aftosa circula], isso agrega valor muito grande às exportações, os mercados pagam bem melhor. Temos o ganho direto e o indireto”, explicou.
A diretora-geral da OIE, Monique Eloit, entregará o certificado sanitário ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, na sede da organização em Paris, durante a 7ª Sessão Plenária da instituição. A Comissão Científica da OIE aprovou a certificação do Brasil em 2017, mas os 181 países integrantes da organização oficializam a decisão nesta quinta-feira.
No último domingo (20), Maggi discursou na abertura oficial da 86ª Sessão Geral da OIE. Ele disse que o reconhecimento do Brasil como país livre da aftosa com vacinação é “a vitória de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de pecuaristas e do setor veterinário oficial”.
O Brasil iniciou o combate organizado à febre aftosa ainda na década de 60, por meio de campanhas de vacinação. “Naquela época, a doença se manifestava de forma endêmica, com milhares de focos por ano. Era um verdadeiro caos sanitário”, disse o ministro no discurso.
A partir da década de 90, as estratégias de combate à doença passaram do controle para a erradicação, com a implantação do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa), que previu a ampla participação do setor privado e a regionalização no combate a doenças, entre outras ações.
A última ocorrência de febre aftosa no Brasil foi em 2006, no Paraná e em Mato Grosso do Sul, na região de fronteira com o Paraguai. Em 2007, Santa Catarina recebeu o reconhecimento da OIE como livre de febre aftosa sem vacinação. Esse é o próximo status a ser buscado pelo país: gradativamente, retirar a vacinação do rebanho até 2023, para que, até 2026, haja a certificação internacional pela OIE, de país livre de aftosa sem vacinação.
Para Bruno Lucchi, da CNA, toda a cadeia pecuária brasileira tem ciência do compromisso sanitário. “O produtor rural, ele mesmo já tem internalizado a importância de ter uma condição sanitária melhor. E quem arca com o custo de vacinar o gado é o produtor”, disse. 
O vírus da febre aftosa é altamente contagioso. O animal afetado apresenta febre alta, que diminui depois de dois ou três dias. Em seguida, aparecem pequenas bolhas que se rompem, causando ferimentos. O animal deixa de andar e comer e, no caso de bezerros e animais mais novos, pode até morrer. A doença é causada por um vírus, com sete tipos diferentes, que pode se espalhar rapidamente, caso as medidas de controle e erradicação não sejam adotadas logo após sua detecção. 
O vírus está presente em grande quantidade nas feridas e também pode ser encontrado na saliva, no leite e nas fezes dos animais. A transmissão pode ocorrer por contato direto com outros animais infectados ou por alimentos e objetos contaminados. Calçados, roupas e mãos das pessoas que lidaram com animais doentes também podem transmitir o vírus, que é capaz de sobreviver durante meses em carcaças congeladas.
Com informações da Agência Brasil

Casos de câncer devem aumentar 58% até 2035, diz Fundo de Pesquisa

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Um relatório do Fundo Mundial de Pesquisa sobre o Câncer (WCRF - World Cancer Research Fund, em inglês) alerta para o grande aumento de casos de câncer nos próximos anos. O documento intitulado "Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: uma Perspectiva Global", divulgado hoje (24), ressalta o excesso de peso e a obesidade, somados a estilos de vida com pouco exercício e muita comida "rápida" e processada, como principais fatores no desenvolvimento do câncer.
Em 2012, foram registrados cerca de 14,1 milhões de casos de câncer em todo o mundo (7,4 milhões de casos em homens e 6,7 milhões em mulheres). De acordo com o documento, este número deverá alcançar os 24 milhões de casos até 2035, o que representa um alarmante aumento de 58%.
O Fundo Mundial de Pesquisa sobre o Câncer e o Instituto Americano de Pesquisa do Câncer lançaram também recomendações para a redução do risco de desenvolvimento da doença. Baseadas nos estudos mais recentes disponíveis, as recomendações são: ter um peso saudável; ser fisicamente ativo; comer cereais integrais, frutas, legumes e grãos; limitar o consumo de fast-foods assim como de carnes vermelhas e processadas; evitar o consumo de bebidas adoçadas, priorizando o consumo de água e bebidas sem açúcar; limitar o consumo de álcool; optar por satisfazer as necessidades nutricionais por meio de dietas, em vez de consumir suplementos alimentares; amamentar, que é saudável tanto para a mãe, quanto para o bebê.
“As recomendações de prevenção do câncer são a peça central do nosso novo relatório. Elas formam um projeto global, um pacote que as pessoas podem seguir para ajudar a reduzir o risco de câncer. Elas são úteis para os cientistas porque podem ajudar a determinar futuras direções de pesquisa e para os formuladores de políticas porque podem instruir o desenvolvimento de medidas para ajudar as pessoas. Elas também são úteis para profissionais de saúde em seu trabalho com pacientes com câncer e com o público em geral”, afirma Kate Allen, diretora executiva de ciência e relações públicas do WCRF.

Mundo

Em 2012, o câncer de pulmão foi o câncer mais comum no mundo, contribuindo com 13% do total de novos casos diagnosticados. O câncer de mama (somente em mulheres) foi o segundo mais comum, com quase 1,7 milhão de novos casos no mesmo ano. O câncer colorretal foi o terceiro, com quase 1,4 milhão de casos.
Entre os homens, o câncer de pulmão foi o mais comum em todo o mundo, representando quase 17% do número total de novos casos, em 2012. Os três principais tipos da doença, pulmão, próstata e colorretal, contribuíram com quase 42% de todos os cânceres (excluindo câncer de pele não-melanoma).
Entre as mulheres, o câncer de mama foi o mais comum no mundo, contribuindo com mais de 25% do total de novos casos diagnosticados em 2012. Os três principais tipos da doença, mama, colorretal e pulmão, contribuíram com mais de 43% de todos os cânceres (excluindo câncer de pele não-melanoma). O câncer do colo do útero contribuiu com quase 8% de todos os casos.

Obesidade e sobrepeso

A evidência da ligação entre o excesso de peso e a obesidade nos casos de câncer vêm se fortalecendo desde 2007, quando foi feito o último relatório. São 12 os tipos da doença ligados aos distúrbio do peso. Por essa razão, a orientação para que as pessoas tenham um peso saudável é a número um nas recomendações atualizadas.
O conjunto de recomendações trabalha como um modo geral de viver de forma saudável para prevenir o câncer. Ser fisicamente ativo, além de reduzir os riscos da doença, pode ajudar as pessoas a manter um peso equilibrado. Assim como a redução na ingestão de fast-foods e alimentos processados também contribui para que não se tenha sobrepeso. O mesmo acontece com a redução no consumo de bebidas açucaradas.
Com informações da Agência Brasil

Manifestações de caminhoneiros entram no quarto dia em todo o país

População faz fila nos postos de Brasília; combustível começa a faltar

Os caminhoneiros entraram hoje (24) no quarto dia de manifestações contra o preço elevado dos combustíveis. No Rio de Janeiro, a categoria faz atos de protestos em 14 pontos em cinco rodovias federais que cortam o estado. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a maioria das manifestações ocorre nos acostamentos, onde os caminhoneiros param os veículos em fila.

Mas, a Via Dutra (BR-116), no km 204, em Seropédica, está apenas com uma faixa liberada, a da esquerda. O tráfego é lento nesse trecho, assim como em Barra Mansa, na altura dos km 267, 269, 274 e 276.
Outros pontos de manifestação são: BR-101 Norte (em Campos, no km 75); BR-101 Niterói-Manilha (Itaboraí, entre kms 296 e 297); BR-493 (Itaboraí, próximo a Trevo da Manilha); BR-393 (em Paraíba do Sul, no km 182; em Volta Redonda, no km 281; e em Barra do Piraí, no km 247); BR-465 (em Nova Iguaçu, no km 17) e BR-116 Rio-Teresópolis (em Guapimirim, no km 104, e, em Teresópolis, no km 54).
A PRF informou que multará qualquer veículo que, deliberadamente, restringir o tráfego. A multa chega a R$ 5.689,40.
Consequências
A paralisação dos caminhoneiros tem provocado desabastecimento de combustíveis e de alimentos em diversos estados. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb), ao menos metade dos postos da capital estará hoje (24) sem algum dos três combustíveis: gasolina, diesel ou etanol. Em alguns postos de Brasília já falta álcool.
O problema afeta também a operação dos ônibus. Um levantamento da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), por exemplo, calculou que 40% da frota de ônibus não circularam na manhã de ontem por indisponibilidade de combustível. A previsão é que hoje até 70% dos ônibus fiquem na garagem.
Já o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro (Rio Ônibus) afirmou que, na capital, quase 30% da frota não circularam ontem. A BRT Rio, que usa os corredores exclusivos de ônibus, informou que hoje haverá redução da frota, por causa do problema de abastecimento de combustível. Com isso, os intervalos vão ter grandes alterações. Algumas estações estão fechadas.
Os produtos comercializados nas Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa), principal centro de distribuição de hortifrutigranjeiros no estado, tiveram uma grande alta de preços. A batata-inglesa foi o produto com o maior aumento, assim como a batata-doce, cenoura e morango. Nessa quarta-feira, por exemplo, o preço da batata-inglesa lisa (saco de 50 Kg), que custava na média de R$ 74 na semana passada, aumentou para R$ 350 – alta de 373%. Já a batata-inglesa comum (Saco 50 Kg) passou de R$ 64 para R$ 300 (variação de 369%).

Com informações da Agência Brasil

Colégio Militar de Fortaleza é homenageado pelos 99 anos

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A trajetória de 99 anos do Colégio Militar de Fortaleza foi celebrada em sessão solene na tarde desta quarta-feira (23/05), no Plenário 13 de Maio da Assembleia Legislativa. O evento, realizado em parceria com a Câmara Municipal de Fortaleza, atendeu a solicitação do deputado Manoel Duca (PDT) e do vereador Dr. Porto (PRTB).

O deputado Manoel Duca afirmou que a homenagem enaltece “uma das mais tradicionais instituições de ensino do estado do Ceará”, que completa “99 anos de sucesso na formação e educação de grandes cidadãos cearenses”. O parlamentar agradeceu pelos anos de serviço ao bem da sociedade cearense, parabenizando o corpo docente, discente, pais de alunos e funcionários civis e militares.

“A educação de nossos jovens é um pilar essencial para alcançarmos uma sociedade mais justa e com menos violência”, ressaltou o deputado. Para ele, “os governantes devem se espelhar na educação dos colégios militares para a construção de dias melhores na educação, vislumbrando um futuro com mais instrução, conhecimentos, cultura e menos desigualdades, violência e corrupção”.

Foram homenageados durante a sessão solene o comandante e diretor de ensino do Colégio Militar de Fortaleza, coronel Edson Alemany dos Santos; a servidora Maria Arlete Pereira Araújo; a professora Sofia dos Reis Barros; o subtenente Wagner Washington Costa Gomes e o capitão Potiguara Torres Castro. O Colégio Militar de Fortaleza também homenageou o deputado Manoel Duca e o vereador Dr. Porto.

O coronel Edson Alemany afirmou que o vínculo entre o Colégio Militar e a cidade de Fortaleza é algo raro de encontrar. O comandante e diretor de ensino da instituição indicou que o Colégio Militar de Fortaleza é o 3º mais antigo do sistema e uma escola de “relevo do sistema de ensino do Exército”.

O diretor de ensino ressaltou que a instituição tem como objetivo a formação integral dos jovens da sociedade cearense, preparando homens e mulheres para contribuírem com o País e serem cidadãos. Lembrando que todos os que passaram pela Casa de Eudoro Corrêa, ou Casarão do Outeiro, como também é conhecido o Colégio Militar, fazem parte de sua história, o coronel conclamou para que continuem enaltecendo os valores ali aprendidos.

Estiveram presentes na solenidade o capitão dos Portos do Ceará, capitão de mar e guerra Madson Cardoso Santana; o subcomandante da Base Aérea de Fortaleza, major intendente Iran Fernandes Benevides Júnior, e o assessor do vereador Dr. Porto, Lucas Frota Rodrigues.

Também participaram o comandante da Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará, capitão de fragata Marcos Werneck Regina, e Francisco Luis de Carvalho Rodrigues, representando o comandante diretor do Colégio do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, coronel Nildson Oliveira. 

Com informações da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa Ceará

No sufoco, Ceará empata sem gols com o CRB e se classifica para a semifinal da Copa do Nordeste



O Ceará conseguiu a classificação para a semifinal da Copa do Nordeste, de forma suada, ao empatar sem gols com o CRB, na noite desta quarta-feira, 23, no Castelão. O Alvinegro enfrenta o Bahia na próxima fase decisiva.

Apesar da classificação, o Vovô mais uma vez decepcionou o torcedor com o desempenho abaixo da média e aumentou a sequência negativa de oitos jogos sem vencer. Com pouquíssima criatividade ofensiva e erros na defesa, a equipe cearense quase se complica diante do limitado CRB. 

No 1º tempo, o Ceará jogou melhor e teve maior posse de bola, mas não teve qualidade para marcar. Já na etapa final, o Alvinegro ficou com um a menos aos 20 minutos, após expulsão de Luiz Otávio. 

Com um a mais, o CRB pressionou bastante, principalmente nos minutos finais da partida, mas o Ceará suportou o bombardeio regatiano e garantiu a classificação. Os jogadores do Vovô deixaram o campo sob fortes vaias dos torcedores presentes no Castelão.

O primeiro jogo da semifinal entre Ceará e Bahia acontece no dia 19 de junho, em Fortaleza. O duelo de volta, em Salvador, será no dia 26 de junho.

Com informações do O Povo