12 de junho de 2014

Cabras Mestiças: opção para a produção de leite no Nordeste do Brasil

Para otimização do potencial de produção das cabras mestiças, recomenda-se o uso de três partos em dois anos, fazendo uso de estação de monta controlada

A caprinocultura leiteira no Brasil, principalmente no Nordeste, é uma atividade secular onde exerce importante papel social pelo uso do leite de cabra para alimentação humana; além de render divisas para os caprinocultores, principalmente os da agricultura familiar, somando-se com a venda de carne, leite e seus derivados e a pele.

Essa exploração, geralmente, é feita pelos pequenos produtores pertencentes à agricultura familiar, contribuindo para o fortalecimento de uma atividade rentável e sustentável, proporcionando-lhes aumento de emprego e de renda.

Os rebanhos de caprinos nativos e Sem Raça Definida (SRD) constituem o maior grupo populacional no Nordeste do Brasil, cerca de 70%. Os animais apresentam alta tolerância ao ambiente Semi-Árido, porém de baixa produção de leite, em média 550 g/cabeça/dia, num período de lactação de 150 dias.

A utilização de genótipos exóticos de aptidão leiteira como o Saanen, Parda Alpina, Toggenburg e British Alpine, usados como raças paternas em cruzamentos, principalmente de primeira geração, é mais recomendada com os tipos nativos e/ou SRD; com isso, objetiva-se produzir cabras mestiças de boa resistência ao ambiente Semi-Árido, proporcionando-lhes maior produção de leite em relação às nativas, já que a Região Nordeste possui duas estações bem definidas, aonde os custos com alimentação dos rebanhos chegam a 70% do custo de produção. Nas condições de Nordeste, em cabras meio sangue Parda Alpina x Nativa, é possível obter produções de leite de até 168 kg, num período de lactação de 150 dias.

Para conseguir estes índices é importante selecionar cabras que apresentem produção média em torno de 0,94 kg/leite/dia, na primeira lactação, o que poderá ser uma boa opção para os sistemas de produção de leite de cabras mestiças no Nordeste brasileiro. Nesses cruzamentos, associam-se no mesmo animal, o potencial produtivo da raça exótica e a rusticidade dos tipos naturalizados, proporcionando aumento na produção de leite. Este incremento é de fundamental importância para a Região, pois aumenta o fornecimento de proteína animal, via leite, para suprir as deficiências nutricionais das populações rurais.

O leite de cabra apresenta maior digestibilidade devido ao tamanho dos glóbulos de gordura e também não contém substâncias alérgicas, o que não acontece com o leite de vaca. As qualidades apresentadas justifica sua frequente utilização na alimentação de pessoas idosas com problemas enterogástricos ou mesmo de crianças com problemas de alergia.

É importante ressaltar que a exploração de cabras mestiças na Região Nordeste, usando tecnologias adequadas, proporciona incrementos significativos de produção leiteira, principalmente quando explorada em três estações de parição, no período de dois anos com o mesmo rebanho, mas em grupos de cabras diferentes. A vantagem comparativa das cabras mestiças em relação às puras de alto valor genético, é que as mestiças apresentam maior número de crias nascidas por fêmeas paridas em relação às cabras puras.

Para otimização do potencial de produção das cabras mestiças, recomenda-se o uso de três partos em dois anos, fazendo uso de estação de monta controlada, para isto faz-se necessário à formação de alimentos de qualidade para estocar durante a época seca e um bom centro de recria. É importante fazer o descarte orientado das fêmeas com idade superior a sete anos e das fêmeas com produção média de leite abaixo de 0,70 kg/dia.

Capril Virtual

Estudo aponta tendência de aumento no consumo de carne de ovinos e caprinos

Baixa participação da indústria de processamento é apontada como um dos principais entraves para o desenvolvimento da cadeia produtiva no país.

De fácil adaptação às condições climáticas do Semiárido Nordestino, a criação de caprinos e ovinos está entre uma das principais alternativas para promover uma melhor conivência com a seca. Somente no Rio Grande do Norte, o rebanho está estimado em mais de 860 mil cabeças. Apesar disso, gargalos existentes na atividade, como a falta de integração entre os elos da cadeia produtiva da caprinovinocultura, acabam reduzindo a oferta e comercialização de produtos derivados. É o que aponta os Estudos do Complexo da Ovinocaprinocultura, desenvolvido pelo Sebrae nacional sob coordenação do Sebrae na Paraíba, divulgado na última semana.

Segundo o estudo, o registro desta deficiência entre os atores da cadeia produtiva acabam por prejudicar a sustentabilidade do setor. Afeta diretamente o controle sanitário e causa o baixo interesse da participação da indústria de processamento na atividade. "Com isso, é reduzida a oferta de produtos derivados nas grandes redes e aumenta o número de abates clandestinos. Se houvesse uma integração entre a cadeia produtiva da caprinovinocultura, isso seria evitado. Teríamos uma atividade mais fortalecida", salienta José Ronil, gerente de Agronegócios do Sebrae no rio Grande do Norte.

A baixa participação da indústria de processamento é apontada como um dos principais entraves para o desenvolvimento da cadeia produtiva no Brasil, que produz um total de 51 mil toneladas de carne de ovino. Os Estudos do Complexo da Ovinocaprinocultura avaliam o setor em todas as regiões onde a atividade é desenvolvida, com foco especial para o Nordeste, que abarca 56% do rebanho de ovinos e 90% dos caprinos do país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o diagnóstico, a informalidade dos abates brasileiros favorece diretamente a importação de carne, principalmente do Uruguai, que envia ao Brasil cortes especiais de ovinos. "Por ter uma participação pequena da indústria de processamento, o mercado brasileiro importa produto de melhor qualidade de países como o Uruguai, onde a atividade possui rígido controle sanitário e participação efetiva da indústria. Com a interligação entre a cadeia, podemos ter um produto de melhor qualidade e evitar a importação uruguaia", observa.

Mercado consumidor
O tamanho do mercado consumidor doméstico do Brasil atualmente é estimado em 120 mil toneladas. Isto representa uma média de 700 gramas de carne ovina por habitante ao ano. Para José Ronil, há uma tendência de aumento no consumo do produto. Mas para isso, são necessárias ações de estímulo junto ao mercado. "Temos um mercado vasto, que deve ser estimulado. O aumento no consumo é uma tendência que deve ser explorada. As ações neste sentido farão a diferença", observa.

No Rio Grande do Norte, o Sebrae realiza uma série de ações com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da caprinovinocultura do estado. Entre elas, destaque para a realização de feiras e capacitação de criadores, estímulo à produção de alimentos à base de caprinos e ovinos.

"Estamos sempre buscando, por meio do Programa Aprisco, promover a inserção do produto no mercado e a realização de eventos e ações que promovam o fortalecimento da cadeia produtiva. Dessa forma, estimulamos a atividade, melhoramos o rebanho e promovemos a inserção do produto na alimentação", complementa José Ronil.

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