Para otimização do potencial de produção das cabras mestiças, recomenda-se o uso de três partos em dois anos, fazendo uso de estação de monta controlada
A caprinocultura leiteira no Brasil, principalmente no Nordeste, é uma atividade secular onde exerce importante papel social pelo uso do leite de cabra para alimentação humana; além de render divisas para os caprinocultores, principalmente os da agricultura familiar, somando-se com a venda de carne, leite e seus derivados e a pele.
Essa exploração, geralmente, é feita pelos pequenos produtores pertencentes à agricultura familiar, contribuindo para o fortalecimento de uma atividade rentável e sustentável, proporcionando-lhes aumento de emprego e de renda.
Os rebanhos de caprinos nativos e Sem Raça Definida (SRD) constituem o maior grupo populacional no Nordeste do Brasil, cerca de 70%. Os animais apresentam alta tolerância ao ambiente Semi-Árido, porém de baixa produção de leite, em média 550 g/cabeça/dia, num período de lactação de 150 dias.
A utilização de genótipos exóticos de aptidão leiteira como o Saanen, Parda Alpina, Toggenburg e British Alpine, usados como raças paternas em cruzamentos, principalmente de primeira geração, é mais recomendada com os tipos nativos e/ou SRD; com isso, objetiva-se produzir cabras mestiças de boa resistência ao ambiente Semi-Árido, proporcionando-lhes maior produção de leite em relação às nativas, já que a Região Nordeste possui duas estações bem definidas, aonde os custos com alimentação dos rebanhos chegam a 70% do custo de produção. Nas condições de Nordeste, em cabras meio sangue Parda Alpina x Nativa, é possível obter produções de leite de até 168 kg, num período de lactação de 150 dias.
Para conseguir estes índices é importante selecionar cabras que apresentem produção média em torno de 0,94 kg/leite/dia, na primeira lactação, o que poderá ser uma boa opção para os sistemas de produção de leite de cabras mestiças no Nordeste brasileiro. Nesses cruzamentos, associam-se no mesmo animal, o potencial produtivo da raça exótica e a rusticidade dos tipos naturalizados, proporcionando aumento na produção de leite. Este incremento é de fundamental importância para a Região, pois aumenta o fornecimento de proteína animal, via leite, para suprir as deficiências nutricionais das populações rurais.
O leite de cabra apresenta maior digestibilidade devido ao tamanho dos glóbulos de gordura e também não contém substâncias alérgicas, o que não acontece com o leite de vaca. As qualidades apresentadas justifica sua frequente utilização na alimentação de pessoas idosas com problemas enterogástricos ou mesmo de crianças com problemas de alergia.
É importante ressaltar que a exploração de cabras mestiças na Região Nordeste, usando tecnologias adequadas, proporciona incrementos significativos de produção leiteira, principalmente quando explorada em três estações de parição, no período de dois anos com o mesmo rebanho, mas em grupos de cabras diferentes. A vantagem comparativa das cabras mestiças em relação às puras de alto valor genético, é que as mestiças apresentam maior número de crias nascidas por fêmeas paridas em relação às cabras puras.
Para otimização do potencial de produção das cabras mestiças, recomenda-se o uso de três partos em dois anos, fazendo uso de estação de monta controlada, para isto faz-se necessário à formação de alimentos de qualidade para estocar durante a época seca e um bom centro de recria. É importante fazer o descarte orientado das fêmeas com idade superior a sete anos e das fêmeas com produção média de leite abaixo de 0,70 kg/dia.
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