8 de abril de 2018

Lula é o primeiro ex-presidente da República preso por crime comum no país

Resultado de imagem para Lula é o primeiro ex-presidente da República preso por crime comum no país
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o primeiro presidente da República do Brasil preso por crime comum. Condenado a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro, ele ficará preso em uma sala especial da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Antes de Lula, cinco ex-presidentes da República foram detidos só que por motivações políticas. As prisões começaram com Hermes da Fonseca, no começo do século 20, depois, Washington Luís e Arthur Bernardes, nos anos de 1930, Café Filho, na década de 1950, e Juscelino kubitschek, durante a ditadura militar.

No caso de Lula, ele foi condenado após acusação de ter sido beneficiado com o repasse de R$ 3,7 milhões para a compra e reforma do triplex no Condomínio Solaris em Guarujá (SP). Deste valor, uma parte teria sido utilizada para o armazenamento, entre 2011 e 2016, de presentes que Lula recebeu durante os mandatos como presidente.

De acordo com a denúncia, as reformas feitas no imóvel pela construtora OAS, como a instalação de um elevador privativo, eram parte de pagamento de propina da empreiteira a Lula por supostamente tê-la favorecido em contratos com a Petrobras.

Com informações da Agência Brasil

Rogério Ceni tenta primeiro título como técnico em dia de decisões estaduais

Ceni quer o primeiro caneco como treinador (Foto: Divulgação)
Vitorioso como jogador, conquistando tudo o que foi possível atuando pelo São Paulo, Rogério Ceni agora busca agora a primeira taça como treinador. Neste domingo, o Fortaleza vai pegar o Ceará, na Arena Castelão, às 16h00 (horário de Brasília), e precisará de uma vitória simples para conquistar o título do Campeonato Cearense, já que o primeiro jogo foi 2 a 1 para o Vozão.
Neste ano, já foram três partidas entre os dois times. Um empate e duas vitórias do Ceará. Assim, o time comandado por Ceni terá que vencer. O Vovô com um empate e triunfo garante o estadual.
Rogério Ceni demonstrou confiança antes de encarar a primeira grande decisão da sua curta carreira como treinador: “Agora vamos atrás do nosso gol. Uma vitória por 1 a 0 pode acontecer”, afirmou o comandante.
Entretanto, o Leão terá desfalques para a partida: Edinho, Marcelo Boeck e Leonan estão no departamento médico. O ex-goleiro lamentou a ausência dos atletas: “É claro que o jogador não fica feliz com a derrota. Vamos entrar no próximo jogo e utilizar os jogadores que temos. Vamos torcer para a recuperação de alguém”, disse o técnico.
Fortaleza terá que bater o rival pela primeira vez em 2018, caso queira faturar o Cearense. Qualquer empate ou vitória a favor do Vovô dará o título ao Ceará.
Clássico Ba-Vi definirá campeão Baiano
O Bahia saiu na frente do Vitória por 2 a 1 no último domingo, e está em vantagem na decisão do Campeonato Baiano. Um empate garante o título ao Esquadrão. Qualquer triunfo Rubro Negro resultará no tricampeonato para a equipe comandada por Vagner Mancini.
No primeiro encontro entre os dois, o Tricolor ganhou por 3 a 0 em duelo marcado por nove expulsões e muita briga, além do resultado final ter sido decretado por W.O. Tudo começou após o gol de pênalti marcado por Vinícius, que comemorou dançando em frente a torcida do Vitória, revoltando os jogadores e provocando uma confusão generalizada.
O meia, aliás, garantiu, na última quinta-feira, que caso deixe sua marca, não repetirá a comemoração por respeito à torcida Rubro-Negra e afirmou que aprendeu após a situação ocorrida no primeiro jogo, tanto que na primeira final, Vinícius marcou, mas comemorou discretamente.
A equipe de Guto Ferreira não leva o Estadual desde 2015, e tentará quebrar a boa sequência de títulos baianos do maior rival. Um empate ou triunfo garante o Bahia como campeão. Para o Vitória, basta ganhar o jogo.
O Tricolor busca o título do Baiano (Foto: Site Oficial/EC Bahia)
Chape quer o tricampeonato em Santa Catarina
Neste domingo, na Arena Condá, Chapecoense e Figueirense decidirão o Campeonato Catarinense neste domingo às 16h00 (horário de Brasília). A Chape tem a vantagem de jogar em seus domínios, por ter feito melhor campanha na primeira fase da competição, somando 41 pontos, contra 36 do rival.
Entretanto, a equipe comandada por Gilson Kleina tem apenas o trunfo de duelar em casa, pois, em caso de empate, conheceremos o campeão de 2018 nos pênaltis. O Verdão do Oeste levou a taça em 2016 e 2017, querendo assim, o tricampeonato. O Figueira quer voltar a ganhar a competição, o que não acontece desde 2015.
Goiás tenta o tetra; Náutico quer reconquistar o Estado
Outras duas decisões importantes neste fim de semana, serão dos Campeonatos Goiano e Pernambucano. O Goiás, é soberano desde 2015 faturando todos os Estaduais, e tentará chegar ao tetracampeonato. Para isso, basta vencer o Aparecidense, time que eliminou o Botafogo da atual edição da Copa do Brasil. O primeiro jogo ficou empatado em 0 a 0.
Desde 2004, o Pernambuco não conhece outro campeão que não seja Sport ou Santa Cruz. Neste domingo, conheceremos um novo campeão, Náutico ou Central. O Timbu, não leva a taça desde 2004; o time de Caruaru chegou a primeira final da história e quer surpreender.
Com informações da Gazeta Esportiva

Remo e Paysandu fazem a decisão do Paraense neste domingo

Imagem relacionada
A grande decisão do Campeonato Paraense será realizada neste domingo, às 16h, e colocará frente a frente os principais times do estado: Remo e Paysandu. Na primeira partida da final, no último domingo, o Leão Azul levou a melhor e venceu por 2 a 1, levando a vantagem na busca pelo título.

Com a vantagem no placar, o Remo pode até empatar que leva a taça do Parazão, coisa que não acontece há três anos. O treinador Givanildo Oliveira admite que jogará com o regulamento, mas descarta qualquer favoritismo do Remo no clássico.

- Nós jogamos pelo empate. Então, de três resultados nós temos dois. Agora nós vamos ter que saber administrar essa vantagem. A história já diz que Re-Pa não tem um que possa dizer que esse é favorito, é difícil, em clássico inclusive. Eu já joguei Ba-Vi várias vezes, já joguem lá em Recife Sport e Santa, que são os mais ferrenhos.

Para a decisão, o treinador Givanildo Oliveira conta com o retorno do lateral Levy ao time titular, no lugar de Gustavo. Martony também voltou ao time, enquanto Geandro e Douglas seguem no departamento médico.

No lado do Paysandu, o técnico Dado Cavalcanti conta com os retornos do zagueiro Diego Ivo, do volante Nando Carandina e do atacante Cassiano, liberados pelo DM. No entanto, os volantes Cáceres e Renato Augusto, e o lateral Maicon Silva seguem lesionados e não entram em campo. Dado Cavalcanti fez mistério e não revelou a escalação para a final deste domingo.

Destaque do sistema defensivo do Papão no primeiro jogo da final, o zagueiro Perema destaca a importância do trabalho coletivo para reverter a vantagem do Remo e conquistar o tricampeonato.

- Se trata de uma final, então a gente tem que usar do que a gente tem de melhor. Tem que trabalhar, o grupo se fechar ainda mais. Trabalhar é fundamental, lógico que concentrado, tentando consertar o que erramos nos últimos jogos e procurar evoluir.

Remo e Paysandu entram em campo neste domingo, às 16h, no estádio do Mangueirão.

Com informações do Lance

Lula chega à Polícia Federal em Curitiba para começar a cumprir pena

Curitiba - O ex-presidente Lula chega à sede da Superintendência da Polícia Federal onde vai cumprir pena (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Curitiba - O ex-presidente Lula chega à sede da Superintendência da Polícia Federal onde vai cumprir pena Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de chegar ao prédio da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde ele ficará preso e cumprirá a pena. Mais cedo, ele desembarcou no Aeroporto Internacional Afonso Pena, na capital paranaense, e veio até a superintendência em um helicóptero da instituição.

Lula será levado para uma sala especial que foi reservada para ele. O local funcionava como dormitório para agentes da PF e foi transformada em uma sala de Estado Maior para receber o ex-presidente. No espaço, há apenas uma mesa, uma cadeira, uma cama e um banheiro. Há ainda uma janela que dá vista para a parte interna do prédio.

Tensão entre manifestantes

A chegada do ex-presidente foi acompanhada por manifestantes favoráveis e contrários e o clima foi de tensão. Foram explodidas bombas de efeito moral para conter a multidão a favor de Lula.

Separados por um espaço de 30 metros, os grupos gritavam palavras de ordem. Apoiadores de Lula se emocionaram, cantaram e gritavam palavras de ordem. Com bandeiras de movimentos sociais, entidades sindicais e de partidos políticos, o grupo usou um sinalizador ao saber que o ex-presidente havia desembarcado na capital paranaense.

Do outro lado, manifestantes contrários ao ex-presidente comemoraram a prisão com fogos de artificio, buzinas e bandeiras do Brasil.

Houve confusão quando o ex-presidente estava chegando ao local. Segundo relatos, alguns manifestantes atiraram pedras e tentaram derrubar o portão de acesso à PF. Com o tumulto, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. De acordo com informações preliminares, algumas pessoas ficaram feridas. 

O presidente do PT no Paraná, Doutor Rosinha, negou qualquer tentativa de derrubada do portão e lançamento de pedras por parte dos manifestantes favoráveis ao ex-presidente Lula.

A chegada de Lula ao local foi negociada pela defesa dele com a PF. A negociação ocorreu desde ontem (6), quando terminou o prazo determinado pelo juiz federal Sérgio Moro para que Lula se apresentasse voluntariamente à polícia em Curitiba.

Decisão da Justiça

Atendendo a um pedido da prefeitura de Curitiba, o juiz Ernani Mendes Silva Filho deferiu a liminar determinando a saída dos manifestantes das áreas próximas à Superintendência da Polícia Federal. Segundo o órgão, os manifestantes não podem transitar na área, também não podem impedir o trânsito de pessoas e ainda não devem se abster de montar estruturas e acampamentos nas ruas e praças da cidade, sem prévia autorização municipal.

De acordo com a prefeitura, a aglomeração de pessoas no local poderia causar “transtornos aos moradores da região e grave lesão à ordem e à segurança pública.”

Na decisão, o juiz afirma que “há um justo receio de turbação ou esbulho, o que ficou comprovado através dos noticiários, que registram a prática de confrontos em diversas localidades – em especial na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo -, com pessoas feridas e baleadas, assim como agressões à jornalistas e vandalismos em prédios públicos e particulares – à exemplo do ocorrido no imóvel de propriedade da Presidente do Supremo Tribunal Federal -, o que não se pode admitir no Estado Democrático de Direito.”

São Bernardo do Campo

Após dois dias no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Lula se entregou à Polícia Federal aproximadamente às 18h40, mais de 24 horas após o prazo dado pelo juiz Sérgio Moro. Antes disso, o político fez um longo discurso, no qual relembrou sua trajetória política, criticou o Judiciário, a imprensa, o processo que levou à sua condenação e disse que a prisão não encerrará suas ideias e os sonhos da população.

No fim da tarde, ele foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo para fazer exame de corpo de delito e, por fim, ao Aeroporto de Congonhas, de onde decolou para a capital paranaense em uma aeronave monomotor modelo Cessna 210.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca em São Paulo com destino a Curitiba, onde irá cumprir a pena de prisão (Reuters/Paulo Whitaker/Direitos Reservados)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca em São Paulo com destino a Curitiba, onde irá cumprir a pena de prisãoReuters/Paulo Whitaker/Direitos Reservados

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em julho do ano passado, mas o ex-presidente ganhou o direito a aguardar a prisão em liberdade. A condenação é relativa ao processo que investigou a compra e a reforma de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. Moro afirmou na sentença que as reformas executadas no apartamento pela empresa OAS provam que o imóvel era destinado ao ex-presidente em troca de ajuda a empreiteira OAS em contratos com a Petrobras.

Em janeiro deste ano, o TRF4, segunda instância da Justiça Federal, julgou os primeiros recursos da defesa do ex-presidente e do Ministério Público Federal (MPF) e aumentou a pena para 12 anos e 1 mês de prisão. No fim de março, a Oitava Turma do tribunal julgou um novo recurso, que também foi rejeitado. Em tese, caberia o último recurso, os chamados embargos dos embargos, que poderiam ser protocolados até o dia 10 de abril. No entanto, na decisão em que decretou a prisão, Moro explicou que, embora caiba mais um recurso contra a condenação de Lula, a medida não poderá rever os 12 anos de pena.

Outros dois processos em que o ex-presidente é investigado tramitam na Justiça do Paraná. Um trata do sítio em Atibaia. No primeiro, apura-se se que o sítio foi dado a Lula pelas construtoras Odebrecht, OAS e Schahin, que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), também teriam financiado obras de melhorias na propriedade. No outro, é investigada suposta compra de um terreno por parte da construtora Odebrecht que seria usado como sede para o Instituto Lula.

Por Helena Martins, de Brasília
Com informações da Agência Brasil

Clássico-Rei: chegou a hora da decisão

Resultado de imagem para Clássico-Rei: chegou a hora da decisão, opovo
Ceará e Fortaleza protagonizam hoje, a partir das 16h, na Arena Castelão, mais um capítulo de uma hegemonia que já dura 22 anos. Desde 1996, os dois clubes se revezam no posto de campeão cearense.  
Mas, no histórico recente, o duelo não tem sido tão comum em decisões. Quatro das últimas sete edições do Cearense não tiveram Clássico-Rei na briga pelo título, com as presenças de Guarani de Juazeiro (2011), Guarany de Sobral (2013), Uniclinic (2016) e Ferroviário (2017) entre os finalistas. O último encontro entre Vovô e Leão em uma decisão foi em 2015, em final épica, vencida pelo Fortaleza, com direito a gol do título marcado por Cassiano aos 47 do 2º tempo. 

O roteiro da decisão deste ano reservou final equilibrada, como reza a tradição centenária do confronto. No jogo da ida, realizado na última quarta, o Alvinegro venceu por 2x1 e conquistou a vantagem de jogar por empate para ser campeão.  

Já para o Tricolor, o único resultado que interessa é a vitória, por qualquer placar, já que possui a vantagem de jogar por dois resultados iguais (vitória e derrota pelo mesmo saldo de gols nos dois duelos da final).  

Mesmo com a vantagem para o lado alvinegro, representantes dos dois times garantem que o confronto está aberto, já que um lance - com ou sem bola na rede - pode decidir o Estadual.  

“O clima de uma decisão já é surreal. Sendo um clássico, é ainda maior. Mas estamos focados e concentrados. Trabalhar a ansiedade é muito importante também”, disse Marcelo Chamusca, técnico do Alvinegro. “É inevitável não sentir, mas estamos dando o nosso máximo nos treinamentos para que possamos mostrar o melhor em campo.” Para Chamusca, embora o Ceará tenha saído na frente, “não tem nada ganho”.  

Já no lado tricolor, o atacante Osvaldo afirmou que a chave para a vitória é a intensidade, aliada ao aproveitamento das oportunidades que surgirem no jogo. “Precisamos mais do que nunca de uma vitória simples. Se a gente conseguir repetir o 2° tempo da primeira partida da final, temos grandes chances de fazer um grande jogo. Vamos entrar mais ligados. Agora é ir para a vitória e, com apoio da torcida, espero que possamos fazer um grande jogo e sermos campeões”, afirmou o atleta. Cada time chega para a decisão com armas bem definidas. O Ceará aposta na força de seu elenco, que vem suportando bem a maratona de jogos em meio a três competições (Estadual, Copa do Nordeste e Copa do Brasil) neste início de temporada.  

Individualmente, a equipe de Chamusca conta com um centroavante em fase inspirada: Arthur, autor de 16 gols em 2018, os últimos dois deles no 1º jogo da final do Cearense.  

Já o Tricolor tem como uma de suas armas a força ofensiva de seus laterais, Bruno Melo e Tinga, que apoiam bastante o ataque, principalmente quando a equipe atua no três esquema com três zagueiros.  

Para o jogo de hoje, o Leão vai precisar mais do que nunca dos gols de 

Gustavo, artilheiro isolado do Estadual, com 16 bolas na rede. Foi dele o gol do Leão no revés de 2x1 para o Vovô, na quarta-feira passada.

FICHA TÉCNICA  

ESTADUAL 

Fortaleza 

3-5-2: Mateus Inácio (Marcelo Boeck); Tinga, Roger Carvalho, Ligger e Bruno Melo; Felipe e Derley; Osvaldo, Edinho, Gustavo e Léo Natel. Técnico: Rogério Ceni 

Ceará 

4-3-3: Everson; Pio, Luiz Otávio, Valdo e Ernandes; Juninho, Richardson e Ricardinho; Felipe Azevedo, Wescley e Arthur. Técnico: Marcelo Chamusca 

Data - 08/04/18 
Local - Arena Castelão 
Horário - 16h 
Árbitro: Rodolpho Toski (PR) Assistentes - Ivan Bohn (PR) e Eduardo Cruz (MS) Ingressos - R$ 40 (cadeira superior e inferior central), R$ 50 (Bossa Nova), R$ 60 (Especial) e R$ 120 (Premium). 

Por Bruno Balacó
Com informações do Jornal O Povo

O descaminho das humanidades

O descaminho das humanidades
Celso Furtado: alicerce em humanidades
Registrada no fim de março no Senado, a proposta de extinção dos cursos de Filosofia, História, Geografia, Sociologia, Artes e Artes Cênicas das universidades públicas contava, na segunda-feira 26, com o apoio de 3.670 indivíduos. Caso essa “ideia legislativa” obtenha ao menos 20 mil adesões no prazo de até quatro meses, será enviada à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa para debate e parecer dos senadores e eventual encaminhamento de projeto de lei.
O objetivo declarado da proposta é favorecer o ensino privado. A eliminação dos cursos se justificaria, nos termos da sugestão, por serem “baratos e facilmente realizáveis em universidades privadas, presencialmente e à distância”.
A última especificação conecta-se à intenção de o governo liberar a realização de 40% do Ensino Médio à distância, senha para a privatização e o rebaixamento generalizados da educação, impulsionados também pelo Programa “Escola Sem Partido”, aprovado em alguns municípios.
As faculdades particulares passariam a ser as ofertantes exclusivas dos cursos extintos nas universidades federais gratuitas, as mais bem avaliadas nos rankings mundiais de qualidade. Estas deixariam de formar professores e pesquisadores naquelas áreas de conhecimento e de fornecer disciplinas a outras estruturas curriculares.
Entre os prejudicados figuram, por exemplo, os bons cursos de Economia das universidades federais, que incluem o ensino de história. Cabe lembrar que a história, segundo o economista norueguês Erik S. Reinert, é o único laboratório disponível para os profissionais do seu ramo. Sem o aporte desta e de outras matérias de humanidades, será ainda mais difícil evitar o atrelamento completo do ensino aos interesses do setor financeiro.
marshall.jpg
Marshall, professor de Keynes
Há uma relação inseparável, entretanto, entre o conhecimento de ciências humanas e uma boa formação em economia, chama atenção Andrew John Mearman, professor da Escola de Negócios Bristol da Universidade West of England.
Apesar de os currículos da maior parte dos cursos denotarem a concepção de que as habilidades necessárias aos profissionais da área são essencialmente a capacidade de elaborar matemática de alto nível e reproduzir os pontos centrais de determinada linha de pensamento, diz Mearman, vários estudiosos reconhecem o caráter essencial do conhecimento de humanidades na solução de problemas complexos que exigem saber econômico combinado à flexibilidade de pensamento, insights de outras disciplinas e consciência da realidade social e política do país e do mundo.
 Muitos dos seus colegas de ofício não conseguiram entender a crise de 2008, diz o professor, por nunca terem estudado história nem o fenômeno da desigualdade. Os efeitos são ainda mais perniciosos quando o profissional trabalha no setor industrial ou no governo, alerta o professor, que esteve no Brasil em 2014 para falar sobre a necessidade de reformulação do ensino no seu segmento.
Segundo a filósofa Martha C. Nussbaum, da Universidade de Chicago, referência no debate sobre educação, “o ensino de economia deve recorrer às humanidades e às artes a fim de promover um clima de responsabilidade vigilante e uma cultura de inovação criativa. Assim, não somos forçados a escolher entre uma forma de educação que busque o lucro e outra que promova a boa cidadania. Uma economia florescente requer as mesmas habilidades que apoiam a cidadania. Os proponentes da ‘educação para o lucro’ adotaram uma concepção empobrecida do que é necessário para atingir seu próprio objetivo.”
A importância do ensino de humanidades é transcendente, defende o professor Michael S. Roth, da Universidade de Wesleyan, em Connecticut: “O acesso a uma educação ampla, autocrítica e pragmática continua a ser essencial para uma cultura que valoriza a inovação e uma economia que depende dela. Também permanece essencial à uma sociedade que aspira a ser democrática”.
Cabe ainda ressaltar que a formação humanística é indispensável ao discernimento exigido no enfrentamento das questões éticas presentes nas decisões dos economistas, conforme alerta Gary Saul Morson no livro “Centavos e Sensibilidade ‒ O que a economia pode aprender com as ciências humanas”.
A economia, adverte o autor, “envolve inevitavelmente questões éticas, não redutíveis à economia em si. Os economistas muitas vezes contrabandeiam preocupações dessa natureza nos seus modelos com conceitos como ‘preço justo de mercado’, no qual questões éticas não reconhecidas são tratadas como dados inevitáveis”.
As chamadas humanidades são alicerces da formação de John Maynard Keynes, Alfred Marshall e Celso Furtado, entre muitos outros. Reconhecido como um dos maiores expoentes de todos os tempos nas ciências econômicas, Keynes foi influenciado desde seu ingresso em Cambridge pelo professor Alfred Marshall, que o estimulou a acrescentar ao seu interesse na matemática e nos clássicos conhecimentos sólidos de política e de economia. Na universidade Keynes aproximou-se do grupo cultural de Bloomsbury, integrado pela escritora Virginia Woolf.
“Para Marshall, a economia com suas análises e leis não era um corpo de dogmas imutáveis e universais e de verdade concreta, mas ‘uma máquina para a descoberta da verdade concreta’, anotou Ottolmy Strauch em ensaio biográfico sobre o professor.
Integrante da linhagem iniciada por Adam Smith e David Ricardo, Marshall era uma sumidade em matemática, mas estava longe de supervalorizar a disciplina como fazem os economistas neoliberais, mostra este excerto de uma carta da sua lavra pinçado por Strauch: “Um bom teorema matemático relativo a hipóteses econômicas era altamente improvável de ser boa economia; e eu prossegui, cada vez mais, segundo estas regras: 1. Use matemática como uma linguagem estenográfica, antes do que como um instrumento de investigação; 2. Empregue-a até que se obtenham resultados; 3. Traduza para o inglês; 4. Então ilustre com exemplos que tenham importância na vida real; 5. Queime a matemática; 6. Se não teve êxito em 4, queime 3. Isso tenho feito com frequência”.
Este trecho do obituário de Marshall escrito por Keynes em 1924 relaciona os requisitos de uma formação de alto nível: “O economista excelente deve alcançar um elevado padrão em várias áreas diferentes e combinar talentos que raramente são encontrados juntos. Deve ser matemático, historiador, estadista, filósofo ‒ em algum grau. Deve entender os símbolos e falar em palavras, contemplar o particular em termos do geral e tocar o abstrato e o concreto no mesmo voo de pensamento. Ele deve estudar o presente à luz do passado para os propósitos do futuro. Nenhuma parte da natureza do homem ou de suas instituições deve estar inteiramente fora das suas considerações”.
Celso Furtado, economista brasileiro de projeção internacional, defendia que a reflexão sobre a cultura brasileira deveria ser o ponto de partida para o debate sobre as opções de desenvolvimento em oposição à busca de diagnósticos a partir de “montagens conceituais sem raízes em nossa história”.
JohnMaynardKeynes2.jpg
Keynes: fazer conta era o de menos (Foto: Reprodução)
Primeiro professor estrangeiro efetivo da Universidade de Sorbonne, lecionou e desenvolveu pesquisas também nas universidades de Yale, Harvard e Colúmbia, nos Estados Unidos, e em Cambridge, na Inglaterra. Foi diretor de pesquisas da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris, integrou a Comissão de Desenvolvimento e Cultura da ONU e teve várias obras traduzidas para dezenas de idiomas.
Os obscurantistas brasileiros perfilam com seus pares estadunidenses na campanha permanente pela abolição do ensino de humanidades. “Talvez pudéssemos passar sem certos luxos intelectuais. Os contribuintes não deveriam estar subsidiando a curiosidade intelectual”, disparou o governador da Califórnia em 1967, Ronald Reagan, ao se pronunciar sobre o assunto.
O senador da Flórida, Marco Rubio, durante sua campanha em 2016, disse no Twitter: “Nós não podemos continuar nos formando em graduações que não levam a empregos. Você pode decidir se vale a pena tomar emprestado 50 mil dólares para se especializar em filosofia grega, mas lembre que o mercado para os filósofos gregos tem sido muito difícil nos últimos 2 mil anos”.
O deboche resvala na tradição intelectual dos chamados “pais fundadores” dos Estados Unidos, versados nos autores clássicos fundamentais ao conhecimento humano e de grande importância atual, ensina a filósofa Monique Canto-Sperber. Muitos de nossos problemas morais, diz, são os mesmos que os gregos se colocavam e as respostas deles são ainda em parte as nossas.
Thomas Jefferson, por exemplo, dominava o latim, o grego e o francês e prosseguiu no estudo dos clássicos da Antiguidade durante sua formação em Direito. Para ingressar no King’s College, futura Universidade Colúmbia, Alexander Hamilton precisou mostrar proficiência nas gramáticas grega e latina, ler três textos de Cícero e a Eneida, de Virgílio, no original em latim, requisitos necessários também ao ingresso de James Madison no College of New Jersey, atual Universidade de Princeton.
O percurso intelectual dos founding fathers está bem descrito em inglês e ao menos em parte é encontrável também em português, mas talvez seja sempre grego para os inimigos das humanidades, ao Norte e ao Sul.
Por Carlos Drummond 
Com informações da Revista Carta Capital