"Jesus é meu caminho; Maranguape, meu lugar". A placa, com o escudo de todos os times pelos quais Everton já atuou, recebe aqueles que o visitam em casa, na cidade distante 30 quilômetros da Capital cearense. Maranguape não é somente a terra natal do meia do Fortaleza. Por lá, nasceram figuras ilustres como o humorista Chico Anysio e o historiador Capistrano de Abreu. Perto da família, Éverton se recupera de cirurgia no ombro, após lesão na final do Campeonato Cearense, e projeta retorno um mês antes do esperado: em julho, deve estar em campo na Série C do Campeonato Brasileiro. Uma espera difícil para aquele que quer ajudar, e não só torcer.
Everton, do Fortaleza, colocava marca em ventiladores, em Maranguape (Foto: Thaís Jorge)
- Em 10 ou 12 dias, estou tirando o ferro do meu ombro. Depois de tirar esse ferro, posso fazer os trabalhos físicos. Esse é o processo de volta. Creio que, junto com o preparador físico, depois desses dias, eu deva estar com 80% de recuperação. Em vinte dias, devo estar voltando aos 100%. Em julho, devo voltar a jogar. No começo, era em agosto. Mas a minha recuperação está boa. Os fisioterapeutas estão gostando. A cicatrização está bem. Quero voltar e ficar feliz - conta, em entrevista ao GloboEsporte.com/ce na última quarta-feira (10), em Maranguape.
Em julho, devo voltar a jogar. Quero voltar e ficar feliz
Everton
Cobrado no início da temporada e sem render o esperado, Everton ganhou protagonismo no decorrer do estadual, em que o Fortaleza saiu vencedor. O jogador, de 30 anos, acumula outros títulos importantes na carreira: foi campeão estadual e da Série A do Brasileiro, em 2013, pelo Cruzeiro; em 2014, comemorou com o Joinville o acesso à elite, também com troféu. Em 2015, o fato de ser torcedor, de ter recebido boa proposta, de ser amigo de dirigentes, de querer estar mais perto da família e dos amigos pesou. Assim, explica a escolha pelas cores do Fortaleza, clube que defende atualmente e do qual é artilheiro da temporada, com sete gols, ao lado do volante Pio.
- O meu início no campeonato (Cearense de 2015) não foi tão bom. A torcida pegou no meu pé, estava sendo cobrado. O motivo foi uma pré-temporada que não foi boa. Em cinco dias, estava jogando. Acho que a torcida teve paciência depois. Comecei a jogar bem, fazer gol. Pelo Joinville, fiz o gol do acesso, mas foi somente um. Em 2013, fiz três ou quatro. No Ferroviário, fiz muitos gols, fui até o vice-artilheiro da Série C (do Brasileiro, em 2006). Esse ano, sou artilheiro ao lado do Pio. Espero voltar logo para fazer mais gols e alegrar nossa torcida - afirma.
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EMPREGO EM FÁBRICA E VIZINHO ILUSTRE
Em Maranguape, Everton não viveu histórias relacionadas apenas ao futebol. Se hoje ele desfila com braço imobilizado devido a uma lesão dentro do gramado da Arena Castelão, antes ele ralava em uma fábrica de ventiladores. A função? Colocar o nome da marca em cada objeto, um por um. Então, foi descoberto quando disputava a Liga Amadora de Indústrias de Maranguape. Um olheiro do Santana Têxtil, da Terceira Divisão do Campeonato Cearense, convidou o menino, ainda em 2003, para mudar de vida. Everton acertou. Depois do Santana Têxtil, Everton foi para o Ferroviário e despontou para o resto do País.
- Eu fazia a tampografia. Eu colocava o nome da marca no ventilador. Não consertava. Nunca tive reclamação - brinca.
Do "Recanto do Guerreiro", nome dado pelo meia do Fortaleza ao local de lazer da casa em Maranguape, também é possível o contato com outra personalidade. Everton é vizinho do museu em homenagem a Chico Anysio, casa onde o humorista viveu até os sete anos de idade. Um ano depois, mudou-se para Fortaleza e, depois, para o Rio de Janeiro.
Na rua "Chico Amador", a placa de número 68 avisa que ali pode-se viver um pouco da história do conterrâneo famoso, que faleceu em 2012. Personagens de Chico e uma estátua gigante enfeitam a casa, de aproximadamente 100 anos, aberta para visitações durante toda a semana. Em Maranguape, o humorista esteve pela última vez em 2010, em um show de humor, na Praça Capistrano de Abreu, outro ilustre da cidade.
Caso de Chico Anysio, em Maranguape, ao lado da residência do jogador do Fortaleza (Foto: Thaís Jorge)
- É bom, é gratificante ser conhecido aqui. Todo maranguapense tem sua referência. Tem o museu do Chico Anysio, que é do lado da minha casa. Meu tio trabalha lá há dois anos. Muitos torcedores rivais vêm conversar comigo. Isso é bom também. Onde passo o pessoal fala comigo. Rivalidade? Somente dentro de campo - pontua Everton.
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À ESPERA DE MAIS UM PÔSTER
Na Série C do Campeonato Brasileiro, o Fortaleza tem dez pontos e é o atual líder do Grupo A. O próximo duelo do time é apenas no dia 28, após Copa América, diante do Salgueiro. Com tantos títulos na bagagem e referência na equipe de Marcelo Chamusca, Everton é firme ao apontar qual o cartaz que ainda falta na parede do seu "Recanto do Guerreiro": o do acesso à Série B do Campeonato Brasileiro. E espera retornar aos gramados com a mesma inspiração dos anos anteriores.
Everton quer mais um pôster: o do acesso à Série B do Brasileiro (Foto: Thaís Jorge)
- É difícil demais apenas torcer, não vou ao estádio quando estou machucado. É melhor jogar e torcer do que somente torcer, sem ajudar o time. Eu jogo com o coração e com a alma. E o espírito é esse aí. Esse ano, se Deus quiser, vai dar certo - arremata o jogador.
Por Thaís JorgeDireto de Maranguape, CE