23 de novembro de 2019

Hospital alerta para cuidados com mães de prematuros

Bebes na UTI Neonatal do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB). O hospotal realiza rodada de palestras com o tema “Prematuridade: o cuidado centrado na família”. O evento faz parte das comemorações do Novembro Roxo, mês do Dia Mundial da
Uma gravidez conturbada, perda de líquido ou de sangue, repleta de sintomas que trazem preocupação e mal-estar psicológico. As histórias sobre nascimentos de prematuros têm vários fatores em comum, mas no centro de todos estão mães que passaram por situações físicas e mentais extremamente desgastantes e lutam pela vida de bebês que podem ser tão pequenos quanto a palma da mão.
O Brasil apresenta estatísticas alarmantes sobre a prematuridade. Uma em cada 10 crianças brasileiras nasce antes de 37 semanas de gestação, de acordo os dados do Ministério da Saúde. E isso se reflete diretamente no bem-estar da família e das mulheres. O mês de novembro, além da conscientização sobre o câncer de próstata em homens, foi escolhido também para tratar o tema da prematuridade.
Para discutir o assunto, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) promoveu, hoje (22), o painel Prematuridade: o cuidado centrado na família. Considerado referência no tratamento de crianças prematuras, o hospital já recebeu, apenas em 2019, mais de 200 bebês prematuros.
“Idealizamos um bebê totalmente diferente. Toda mãe pensa que aquele bebê que ela está gestando vai, assim que sair, para o colo. Mas a realidade neonatal dos prematuros é bem diferente. Eles vão direto para o auxílio da respiração mecânica”, explicou a especialista neonatal Lizandra Paravidine Sasaki, chefe da UTI Neonatal do HUB. “Esse grupo de pacientes existe, e eles precisam ser escutados. A rede de apoio e o suporte dessas famílias não vêm apenas da obstetrícia ou da ginecologia, vêm de uma equipe multidisciplinar que conta com psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais. Os cuidados precisam acontecer não apenas durante a fase crítica do bebê, mas durante todo o tratamento da família”, disse a doutora.

Saúde mental

Para Evandro de Quadros Scherer, doutor em psicologia clínica e pesquisador, o elo psicológico com o recém-nascido pode ser afetado pela necessidade de cuidados especiais. “Esses bebês quando nascem não estão com a psiquê completamente desenvolvida. O laço da relação com o filho é dificultado pela distância da UTI neonatal. É uma criança que não é aquele bebê idealizado, que não é aquele bebê coradinho, gorduchinho. São fatores que atrapalham a criação de vínculos psíquicos entre mãe e filho”.
Outro quadro possível é o de depressão pós-parto. De acordo com Scherer, a idealização da vida materna pode se tornar uma enfermidade quando o quadro de saúde do bebê não evolui como deveria. “A mulher cria uma imagem completamente diferente da maternidade, e os problemas da prematuridade podem se tornar empecilhos na criação de um vínculo materno e do investimento afetivo necessário”, explicou.

O valor do pré-natal

Bruna Heloísa Sousa, mãe de Samuel, que nasceu com 37 semanas de gestação e agora tem 2 meses, passou a compreender o valor do acompanhamento pré-natal após uma gravidez conturbada. Após ter dengue, zika, perda de líquido amniótico e sangramentos, o pequeno Samuel surpreendeu a mãe por ter nascido com síndrome de down. “Eu achava que o pré-natal era chato. Todas as consultas eram iguais. Mas entendi depois que cada exame é diferente, que cada fase trata de uma coisa diferente. Se eu pudesse voltar atrás e fazer, faria certinho”, lamenta a mãe de Samuel. “Se eu pudesse dar um conselho a todas as mamães do Brasil, eu diria: façam o pré-natal. A gente acha que é besta, mas é muito importante”.
Por Pedro Ivo de Oliveira
Com informações da Agência Brasil

Entenda a morte cerebral causada por traumatismo craniano

Algumas lesões causam danos irreversíveis ao cérebroA gravidade de um traumatismo craniano, como o que matou o apresentador Gugu Liberato, aos 60 anos, depende de fatores como a dimensão do trauma, a idade e o quadro de saúde da vítima. 
Segundo o neurocirurgião José Oswaldo de Oliveira Junior, da Clínica Everest, em São Paulo, um traumatismo craniano grave causa lesões no cérebro, em algumas situações irreversíveis.

"Uma caixa craniana tem um volume interno que está cabendo o cérebro e tudo o que tem lá. Quando há uma pancada, pode ter um sangramento e formar um coágulo. Vai haver competição por espaço, a pressão vai aumentar e o cérebro não consegue receber a quantidade de sangue que precisa. A morte cerebral acontece quando você tem geralmente uma pressão intracraniana tão elevada que o sangue bombeado pelo coração não consegue penetrar para nutrir os tecidos."
Gugu, de 60 anos, foi internado após cair de uma altura de 4 m e bater com a cabeça, dentro da casa dele em Orlando, nos Estados Unidos, na quarta-feira (20). A morte cerebral do apresentador foi confirmada nesta sexta-feira (22).

Ainda de acordo com Oliveira Junior, a idade da vítima é um fator de risco.

"A pessoa idosa tem uma pequena hipotrofia do cérebro, ou seja, o conteúdo fica menor em relação ao continente, o que aumenta os movimentos internos do cérebro [em caso de choque]. O idoso está mais sujeito a ter mais sangramento no cérebro na queda, mesmo em queda leve."

Se a pessoa tiver alguma deficiência de coagulação, seja por uso de medicamentos ou pela perda de plaquetas (comum em indivíduos que são submetidos a uma quimioterapia), o risco de ter um sangramento e não haver a coagulação adequada é maior.

"Às vezes, um pequeno traumatismo em um paciente que fez quimioterapia e esteja com uma baixa do número de plaquetas e não tenha uma coagulação normal pode levar a uma sangramento e até morte."

A dimensão do trauma tem uma importância fundamental, segundo o neurocirurgião.

"A altura está associada à energia envolvida com o traumatismo. O cérebro, na verdade, é protegido. É a estrutura mais complexa do nosso corpo e bem protegida. Existe o couro cabeludo, o crânio, as meninges e um líquido que envolve o cérebro. Mas alguns traumatismos são tão violentos que ultrapassam tudo isso." 

Para diagnosticar a morte cerebral de alguém que tenha sofrido um traumatismo craniano severo, os médicos realizam testes clínicos, relacionados aos reflexos do paciente, e também exames, que podem ser um eletroencefalograma (para medir a atividade elétrica do cérebro) ou uma angiografia (para verificar a irrigação sanguínea do cérebro).

Além disso, acrescenta Oliveira Junior, é preciso descartar que o paciente esteja sob influência de algum inibidor de atividade cerebral (anestésico ou sedativo). Por isso, é importante que seja feita uma avaliação o mais prolongada possível para detectar a ausência de função cerebral.

"A morte cerebral é um divisor de águas entre uma pessoa que pode se recuperar e uma pessoa que já tem um quadro irreversível", conclui o neurocirurgião.

Por Fernando Mellis
Com informações do R7