Os trabalhadores dos Correios decidiram entrar em greve a partir das 22h de quarta-feira (26), segundo
a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e
Similares (Fentect). A paralisação, segundo a entidade, é por tempo
indeterminado, caso as negociações não avancem.
A greve é contra a privatização, demissões e retiradas de direitos, além
do fechamento de mais de 200 agências no país, segundo a Fentect. De acordo com
a federação, dos 36 sindicatos filiados à entidade, 33 aderiram. Somente três
estados não participam: Sergipe, Amapá e Roraima.
Os funcionários das agências franqueadas, que são terceirizados, não
participam da greve. A empresa possui atualmente cerca de 6.500 agências
próprias, além de mais de 1 mil franqueadas.
"Além do fim das agências próprias dos Correios, com
fortalecimento das franqueadas, o que esvazia os negócios da empresa para a
iniciativa privada, a ECT implantou a entrega alternada em vários locais do
país. Assim, aprofunda a má qualidade na entrega de correspondências, que deixa
de ser diária, retirando, dessa maneira, o direito do cliente de receber
regularmente as encomendas", diz a federação.
Em nota, os Correios se posicionaram sobre a greve. "Uma paralisação dos empregados
neste momento delicado pelo qual passa a empresa é um ato de
irresponsabilidade, uma vez que a direção está e sempre esteve aberta ao
diálogo com as representações dos trabalhadores. No entanto, os Correios irão adotar
todas as medidas necessárias para garantir a continuidade de todos os
serviços". A estatal enviará mais tarde posição sobre a adesão em todo o
país.
Crise nos Correios
Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e
melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta. O presidente dos Correios,
Guilherme Campos, afirmou que a estatal teve um prejuízo estimado de R$ 400
milhões no primeiro trimestre, após ter tido prejuízo anual de cerca de R$ 2
bilhões em 2015 e em 2016. Ele disse ainda que a empresa não tem condições de
arcar com sua folha de pagamentos e que demissões de servidores
concursados estão em pauta.
A estatal não tem contatações há vários anos - o último concurso foi
realizado em 2011.
Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir
a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao
programa. “A economia com esses 5,5 mil é de R$ 700 milhões
anuais e essa marca alcançada com o PDI fica aquém da necessidade da empresa.
Precisamos ter outras ações para enxugamento da máquina da empresa”, afirmou
Campos no dia 20 de abril.
Os Correios planejam também fechar cerca de
200 agências neste ano, além de uma série de medidas de redução
de custos e de reestruturação da folha de pagamentos. Segundo os Correios, o
fechamento dessas agências acontecerá sobretudo nos grandes centros urbanos.
Para Campos, outro ponto fundamental para reestruturar o orçamento dos
Correios é encontrar um novo formato para o plano de saúde dos funcionários dos
Correios, o Postal Saúde. Segundo ele, esse custeio é o responsável pela maior
parte do déficit registrado nos últimos anos.
Pelo modelo, a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os
funcionários com 7%. “Estamos negociando com os trabalhadores, com os
sindicatos, buscando uma alternativa. Nos moldes que está é impossível de ser
mantido”, diz.
Com informações do G1
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