10 de maio de 2015

Esqueceram da SECA o momento exige ação mais forte dos políticos


As poucas chuvas caídas no Ceará até aqui, não recarregaram os nossos açudes como gostaríamos tivesse ocorrido e, pior ainda, serviram para engabelar parte da população beneficiada, temporariamente, com o insignificante inverno, motivando o arrefecimento das poucas cobranças feitas aos governantes responsáveis pela solução de um gravíssimo problema chamado de falta de garantia hídrica para todas as necessidades de produção de alimentos, de bens e serviços, e, em especial, para o consumo humano.
A água acumulada nos reservatórios, oficialmente monitorados pelo Dnocs e a Cogerh, só garante a satisfação de uma parte da população cearense, sem exageros, por um curto espaço de tempo. O quadro, ao lado, mostra como eles estavam na última sexta-feira. Os números de hoje já outros, um pouco menor ainda.
O quadro real, já preocupante para o mais otimista ser humano, se torna deveras ameaçador quando são assimilados os efeitos de recente afirmação do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, de estarmos "vivendo uma restrição fiscal e contingenciando vários programas, o PAC inclusive", onde, para deixar os nordestinos mais inquietos ainda, estão alocados os recursos para as obras de Transposição de Águas do Rio São Francisco, um investimento capaz de minimizar muitos dos nossos problemas causados pela falta de água. Mais delonga nessa construção implica em alastrar a miséria entre os cearenses dependentes da agricultura, da agropecuária e da utilização do líquido para as mínimas necessidades do seu dia a dia.
Esmolas
É urgente a necessidade de uma mobilização de todas as forças políticas do Estado para sensibilizar e exigir, do Governo Federal, antecipações de ações emergenciais que evitem o caos. Receber esmolas quando o pior estiver acontecendo, além de humilhante, como já cantava Luiz Gonzaga, reflete o descaso, a inação, e mais disso, a irresponsabilidade dos que se ofereceram para ser os defensores do povo. Estamos necessitando, urgentemente, de menos submissão e covardia.
O momento reclama altivez e compromissos com as causas da sociedade. Uma dessas causas é a necessária prevenção com o futuro do abastecimento de água para os milhões de cearenses. Parte da população de São Paulo, o Estado mais rico da Federação, sofre, também, pela imprevidência dos seus governantes. A restrição fiscal e o contingenciamento expresso pelo ministro do Planejamento, jamais podem ser aceitos, no retardamento de uma obra como a da Transposição, cujos resultados sociais justificam investimentos além dos projetos da equipe econômica da União para ordenar as contas públicas.
Os cearenses, principalmente em relação às questões hídricas, precisamos ser mais exigentes com os nossos representantes nas Casas legislativas. E estes, devem dispensar melhor atenção aos reclamos dos necessitados para produzirem com efetividade. Quem se der ao trabalho de conhecer a capacidade de acumulação de águas no Estado e o que realmente temos hoje armazenado, confirmará a situação preocupante posto apontar para um quadro muito difícil nos meses finais do ano. O consumo diário e a evaporação constatados no monitoramento oficial a cada 24 horas por organismos oficiais retratam a crise.
Acompanhamento
As águas do Rio São Francisco, nas projeções feitas pelo Ministério da Integração Nacional antes da crise econômica, deveriam chegar ao Ceará no próximo ano. Mas isso só acontecerá se uma efetiva vigilância de vereadores, prefeitos, deputados, senadores e governador acontecer e a sociedade for suficiente esclarecida da ameaça de um colapso na distribuição do líquido. Esclarecida ela terá o combustível necessário à pressão indispensável para evitar o mal maior.
Uma pequena comissão ou grupo especial da Assembleia, aqui já sugerido em 28 de fevereiro passado, dará, por certo, uma contribuição significativa se, quinzenalmente, ou em outro espaço temporal mais curto, fizer visitas às obras da Transposição e relato, insistentemente do que está acontecendo por lá para conhecimento da população e, principalmente, do Ministério da Integração, responsável pela execução do empreendimento, por certo garantiremos a execução dos serviços no ritmo necessário à conclusão da obra.
Silêncio
No fim do mês de fevereiro foi entregue a gabinetes da Presidência da República, um "Plano Estadual de Convivência com a Seca - Ações Emergenciais e Estruturantes". Hoje, passados mais de dois meses, não se tem conhecimento se o Governo Federal acatou o Plano e, que recursos liberará para sua execução.
Pelo projetado, a União precisa disponibilizar aproximadamente R$ 5 bilhões, sendo a contrapartida do Estado de pouco mais de R$ 1 bilhão. Na época, em fevereiro, defendemos a união das nossas forças políticas em defesa do Plano, reclamando, do Poder Central, a liberação dos imprescindíveis recursos.

O documento registra que "algumas ações precisam ser adotadas urgentemente, como é o caso da continuidade e ampliação dos programas de Adutora de Montagem Rápida- AMR e de perfuração de poços para garantir o abastecimento emergencial dos centros urbanos com previsão de colapso, bem como a ampliação do atendimento da operação carro-pipa para as comunidades rurais difusas e, onde não houver alternativa".

Edison Silva
Editor de Política

Diário do Nordeste

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