10 de junho de 2015

Welington Landim fez-se universal pelo regional

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Com o título “A morte não o abateu, mas o ergueu ao panteão dos veneráveis da política”, eis artigo do professor e jornalista Francisco Bezerra. Ele fala sobre o legado do deputado estadual Welington Landim (Pros), que está sendo sepultado neste fim de tarde, em Brejo Santo, vítima de meningite por complicações bacterianas. Confira:
“A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.” Aristóteles.
Fez-se universal pelo regional. Esta a trajetória política do deputado Wellington Landim, filho do Cariri, expoente maior de sua terra natal Brejo Santo. Quando se elegeu prefeito de sua aldeia em 1988, Landim dava início a uma trajetória política que cortou os céus do Cariri como um bólido. A coragem, o desassombro e o espírito sertanejo de resistir às intempéries do clima e da vida o fizeram administrador arrojado. Do ponto de vista administrativo Wellington rompeu paradigmas, construiu uma oba física que distinguiu sua urbe das demais cidades do cariri Oriental. Bíblico inscreveu pela pena de outros, pergaminho hodierno que assinala: Brejo Santo é antes e depois de Landim.
Aos kardequianos e adeptos da sobrenaturalidade é como se Juscelino lhe tivesse possuído o corpo e o fizesse erigir obra física em quatro anos que não fizeram os ascendentes ao longo de décadas. Médico formado na Academia pernambucana fez do elevado espírito público compêndio informal para conduzir-se na vida pública como em sua vida pessoal. Wellington não via a coisa pública como espaço de oportunidade de amealhar prestígio pessoal, nem tampouco trampolim para a conquista de patrimônio material, algo tão comum nos políticos brasileiros. Outra grande marca de sua gestão como prefeito foi a capacidade de agregar pessoas em torno de um projeto transformador da realidade local. Landim, como um ourives denodado, fez a intriga do bem, costurou acordos que fizeram sonhos virarem realidade, tendo como fulcro o povo, que pela primeira vez foi sujeito e não mero objeto de sua história.
A excelência administrativa em consonância com a capacidade gregária tornaram inevitável sua chegada ao Parlamento Estadual no ano de 1994. O voo agora era maior que a região sul do estado. O noviço legislador, em empreitada civilista, não perdeu o jeitão sertanejo de ser e poder de sedução para conquistar aliados às suas ideias inovadoras na política no espaço sagrado da democracia. Desta veza a missão precípua era dar visibilidade ao Cariri e, por consequência, colocar o Brejo Santo do mapa dos grandes investimentos estatais de nosso território. Hábil conquistou posição de destaque logo em seu primeiro mandato, sendo distinguido pelos colegas de Casa para ocupar importante posição na Mesa Diretora da Assembleia, indicado que foi no ano de 1997 para a primeira secretaria. Usou prestígio conquistado para erguer bem alto a bandeira da transposição do rio São Francisco, obra reclamada há mais de um século pelos estados nordestinos, que, volta e meia, se veem assolados por estiagens longas e destruidoras. Viu o sonho realizando-se quando, ainda em sue primeiro mandato, o presidente Lula deu início às obras de importante canal de transposição do velho Chico, cujas águas não se desperdiçarão mais em sangria oceânica.
Renovou mandato em 1998 e de posse da nova representação popular elegeu-se presidente em 1999, reelegendo-se para o mesmo cargo em 2001 de forma unânime nas duas oportunidades.
Aliado de primeira hora do governador Tasso dissentiu, trocando no ano de 2001 o PSDB pelo PSB, partido pelo qual viria a disputar cargo de governador no ano de 2002. Wellington saiu do grupo do governador pela porta da frente, pois rompeu por questões ideológicas e de princípios. Nada que lembrasse o modus operandi da fisiologia nacional. Sua candidatura competitiva perdeu fôlego por um casuísmo eleitoral com a instituição do voto vertical. No entanto, sua candidatura logrou êxito ao levar para o segundo turno uma disputa que, a priori, teria o tucano, à época, Lúcio Alcântara como vencedor já no primeiro round. Assim como Gonzaga mota determinou o fim do ciclo dos coronéis, Wellington Landim colaborou decisivamente para extinguir mando político dos rapazes do CIC.
Passou pela Funasa e em 2006 retomou trincheira de luta pelo desenvolvimento do Ceará, vindo a ocupar novamente cadeira de deputado estadual. Reelegeu-se mais duas vezes: em 2010 e 2014. Neste período, sua liderança política foi capital essencial para sedimentar caminho de Cid Gomes em dois períodos administrativos.
Na terça, dia 9 de junho, após período de internamento de 10 dias, Wellington Landim abriu temporada de luto no Ceará. Deixa registrada sua passagem pela vida como exemplo de político vocacionado para servir aos seus concidadãos. O filho Guilherme Landim, prefeito de Brejo Santo, tem o caminho das pedras à sua frente. O pai será sempre o Norte, a bússola a orientar nos tortuosos caminhos da vida pública. A opção está à sua frente.
* Francisco Bezerra,
Professor e jornalista.
Blog do Eliomar de Lima

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