25 de setembro de 2017

Marcelo Boeck escapa da tragédia da Chape, emociona-se com acesso, e vira herói do Fortaleza.

Ele escapou da tragédia da Chape e virou herói no Leão:
Quando o telefone de Marcelo Boeck tocou no dia 18 do novembro do ano passado, o goleiro mal poderia imaginar que esta ligação salvaria sua vida. Do outro lado da linha, dirigentes do Fortaleza queriam sua contratação para a temporada de 2017. Ele acabou ficando fora da lista do relacionados para a final da Copa Sul-Americana, quando houve o acidente com o avião da Chapecoense.

Agora, é a vez do goleiro salvar o Fortaleza. Foi assim durante toda a campanha na Série C, com muitos milagres debaixo do travessão. Roteiro que se repetiu no último sábado, na derrota por 1 a 0 para o Tupi em Juiz de Fora (MG), com o camisa 1 evitando em cima da linha o que seria o gol de mais uma eliminação do Leão em oito anos de Terceira Divisão. Só que não desta vez!
Herói, Marcelo Boeck foi tietado por torcedores no gramado do Mario Helênio (Foto: Thiago Lima)
Herói, Marcelo Boeck foi tietado por torcedores no gramado do Mario Helênio (Foto: Thiago Lima)

Pelas mãos de Boeck, o Fortaleza garantiu o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro em 2018. O goleiro, capitão e maior destaque do time se emocionou e chorou copiosamente após a partida, no gramado do Estádio Radialista Mario Helênio. Religioso, ele acredita ter encontrado a explicação para não estar no avião da Chapecoense naquele fatídico dia da tragédia.

– Após aquela tragédia, aquela semana toda ruim, de luto, o Fortaleza ainda assim esperou. E a gente, eu e minha esposa, sentimos algo muito forte de vir para o Fortaleza. Uma Série C, um projeto desafiador, muita pressão, mas nós aceitamos. Creio que a explicação que não tinha, do porque não estou morto, hoje tenho: para viver um dia como esse – refletiu o goleiro, que também já passou pelo Internacional.

– Se hoje estou aqui, em primeiro lugar devo a Deus, em segunda à minha esposa, porque sem ela não sou nada. E a esse grupo e esse clube, que não merecia estar esses anos todos em uma Série C. Deus quis que fosse aqui em Juiz de Fora, porque minha esposa é daqui, minha família está toda aqui. Ficou marcado eternamente.
Boeck com a esposa Dayane, que é de Juiz de Fora e estava no jogo (Foto: Divulgação)
Boeck com a esposa Dayane, que é de Juiz de Fora e estava no jogo (Foto: Divulgação)

A ligação com a Chapecoense continua forte, tanto que seu uniforme, com dirieto ao próprio autógrafo no peito, é verde em alusão ao clube catarinense. Boeck agradeceu a sensibilidade da diretoria em permitir usar a camisa de uma cor que não faz parte da bandeira do clube, mas que guarda um grande valor sentimental.

– Quando o Fortaleza quis fazer uma homenagem a mim, havia três cores. Vermelha e azul, que são as cores do clube, e a verde. Eles me deixaram muito à vontade, foi a minha maneira de reconhecer tudo aquilo que meus companheiros que partiram na Chapecoense, por isso escolhi a verde. Hoje ela representa muito para mim, tudo aquilo que aprendi lá, tudo o que sofri, mas principalmente o carinho que recebi dessa imensa nação (aponta para a torcida do Fortaleza em Juiz de Fora).
Goleiro foi saudar a torcida que veio de longe para ver de perto o acesso (Foto: Raphael Lemos)
Goleiro foi saudar a torcida que veio de longe para ver de perto o acesso (Foto: Raphael Lemos)

Já garantido na Série B do ano que vem, o Fortaleza vai em busca agora de seu primeiro título nacional. Para isso, precisará passar pelo Sampaio Corrêa para chegar à final da Terceira Divisão. A CBF ainda irá definir datas e horários dos jogos da semifinal.

– Posso dizer que tive uma noite de um grupo que soube suportar toda a pressão e dificuldade para chegar nessa glória. Agora é poder comemorar porque o peso foi grande, um jogo de oito anos. E vamos em busca de uma final. Esse clube merece, e a gente está aqui para isso.

Por Thiago Lima
Com informações do GloboEsporte.com, Fortaleza Ce

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