
Michel Temer em cerimônia de lançamento do novo modelo para o Ensino Médio, em fevereiro
Divulgado na
terça-feira 12 , o último relatório Education At Glance da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que compara
dados educacionais de 45 países, mostra, mais uma vez, que apesar dos avanços
obtidos na última década, os resultados brasileiros para a educação continuam insatisfatórios.
Um dos
dados que chamaram mais atenção foi a informação de que, em 2015, mais da
metade dos adultos entre 25 e 64 anos não concluíram o Ensino Médio - outros
17% não concluíram o Ensino Fundamental. Tais índices estão abaixo da média
observada nos outros países analisados pela OCDE, na qual 22% dos adultos não
chegaram ao Médio e 2% concluíram as etapas do Ensino Fundamental.
Outro
avanço observado, por outro lado, foi o aumento do percentual de adultos (25 a
34 anos) que completou a última etapa da Educação Básica de 53% em 2010 para
64% em 2015.
Mesmo que poucos consigam chegar ao final do percurso educacional,
aqueles que cruzam a linha de chegada ganham mais e tem mais condições de
empregabilidade do que os demais - mantendo o fosso de desigualdade social no
País. Outro dado é que o percentual do PIB destinado à educação é 4,9%, próximo
da média dos países, mas que o investimento por aluno está abaixo do aplicado
pelas demais nações que participam do estudo.
Para o coordenador
da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, não é possível
analisar os dados educacionais brasileiros sem olhar para o quadro maior de
falta estrutural de investimentos no setor no Brasil. “A verdade é que desde
2010 não temos uma evolução real nos indicadores educacionais, pois não houve
políticas públicas para que isso acontecesse”, explica.
“No caso da
Educação Básica, o Brasil deu uma acertada de rumo nos últimos anos, tudo o que
poderia ser corrigido ou aprimorado em termos de gestão foi feito. Mas, agora,
é preciso uma política estrutural. A ideia era que tal política fosse o Plano
Nacional de Educação (PNE), mas ele não foi implementado por Dilma e muito
menos por Michel Temer”, critica.
Outro ponto
levantado pelo relatório da OCDE foi o baixo salário pago aos professores
brasileiros. Identificados pelo próprio documento como “espinha dorsal do
sistema educacional”, o texto afirma que os salários são baixos em comparação
com o de outros trabalhadores em tempo integral com nível educacional similar -
o que, consequentemente, precariza e torna menos atraente a profissão.
“Esse é um grande obstáculo para atrair jovens para o ensino.
Embora os salários aumentem de acordo com o nível de educação prestado, eles
ainda estão entre 78% e 94% dos salários dos trabalhadores com formação universitária
em tempo integral”, diz o relatório Education At Glance.
“Nos
últimos dias, foi anunciado um novo programa de formação de professores pelo
Ministério da Educação em que apresentam-se alternativas, mas dizendo que o
problema da carreira docente é a formação, e não o salário. Assim, o professor
vai continuar ganhando mal e tendo uma formação, que, sinceramente, talvez seja
pior do que aquela que ele já recebeu”, critica Cara.
Diante do
cenário de desmonte dos investimentos públicos em educação, porém, é pouco
provável que tal quadro mude. A maior barreira atual é a aprovação da proposta
de emenda constitucional que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos,
que ficou conhecida como "PEC dos Gastos".
"Não existe
milagre. É preciso melhorar a educação aumentando a cobertura e a qualidade.
Para isso, é preciso recurso", afirma Cara.
Confira o
relatório completo abaixo (em inglês):
Por Tony Oliveira
Com informações da Revista Carta Capital
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