10 de março de 2014

Papa pede estudo sobre união gay

Francisco quer entender o casamento homossexual, e não condená-lo (Foto: Maxi Rossi/Reuters)
O papa Francisco afirmou, ontem, que a Igreja Católica precisa examinar quais os motivos que levam países a legalizarem uniões civis entre casais homossexuais. A informação foi confirmada pelo cardeal de Nova York, Timothy Dolan, em entrevista ao programa Meet the Press, da rede de tevê americana NBC. Apesar da declaração, Dolan reforçou que o pontífice não expressou aprovação pelo casamento gay. “Ele não disse que concordava com a união entre pessoas do mesmo sexo”, ressaltou.
O cardeal explica que o pedido do papa é para que a Igreja “busque as razões que levam à autorização da união homossexual ao invés de condená-la rapidamente”. Dolan afirma que a união entre homossexuais não é apenas uma questão ligada à religião e ao sacramento, mas faz parte da construção da cultura e da sociedade. “Se ignorarmos o significado sagrado do matrimônio, temo que não apenas a Igreja sofra, mas a sociedade e a cultura também”, concluiu.
Ainda ontem, durante a missa do Angelus, o papa recomendou aos fiéis que “construam suas vidas no que é essencial”, poucas horas antes de partir para uma aldeia no sul de Roma, onde passará seis dias em retiro quaresmal. O líder católico declarou à multidão, na Praça de São Pedro, que “devemos nos livrar dos ídolos e das coisas vãs”.
O discurso estava relacionado a uma passagem da Bíblia, segundo a qual Satanás tenta fazer com que Cristo caia em tentação. Francisco ressaltou que “o homem não vive só de pão, mas de toda palavra da boca de Deus”. “Isso nos dá força, nos apoia na luta contra a mentalidade mundana, que reduz o homem ao nível de suas necessidades básicas e que faz perder a fome de tudo que é verdadeiro, bom e belo, a fome de Deus e de seu amor”, comentou.
Uma das ressalvas de Francisco foi em relação à luta contra “tentações a serem resistidas” — segundo ele, as principais são “o bem-estar econômico, um estilo de vida espetacular e a sede de poder e dominação”. “Quando estamos sujeitos a tentações, só é necessário referir-se às palavras do Senhor”, aconselhou. Francisco encerrou o Angelus com o pedido para que os fiéis orem por ele e por seus colaboradores da Cúria Romana, que vão começar um retiro de exercícios espirituais até a próxima sexta-feira.
Por causa do retiro, o papa deve se ausentar da celebração do primeiro aniversário de sua eleição, em 13 de março. Os exercícios espirituais eram realizados no próprio Vaticano, conduzidos por cardeais e arcebispos. Desta vez, o pontífice e 82 membros da Cúria vão para um convento da década de 1960, construído em Ariccia, uma pequena aldeia de Castelli Romani, ao sudeste de Roma. Cardeais e bispos deverão pagar pela própria estadia.
Correio Brasiliense 

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