Há exatamente um ano, nascia a criança que ficaria conhecida por uma imensa campanha de motivação. Uma verdadeira rede de oração que uniu pessoas de diversas partes do Brasil e do mundo. Laurinha nasceu, mas não acordou. Sua mãe faleceu após dar a luz. Doze meses depois, a família ainda espera pela melhora da menina e foi às ruas, na noite desta quinta-feira (5), pedir por justiça pela morte de Paula Praciano.
Família, amigos e pessoas comovidas com a história se encontraram na Praça da Imprensa, em Fortaleza, por volta das 19h. Vestidas com blusas e portando cartazes com frases que falavam sobre a “justiça de Deus” e a “justiça dos homens“. Fizeram um altar ao ar livre e para rezar pela morte da mãe e pela saúde da filha.
Segundo o pai da criança, Ádamo Cruz, mais do que um momento de oração, o encontro era uma forma de manifestação. “Nós estamos aqui por dois motivos: o primeiro é buscar justiça e prestar serviço de utilidade pública, porque foi um erro médico e essa história não pode cair no esquecimento. O segundo, é para reunir as pessoas que nos apoiam para rezar por elas”, explica.
Acidente
Um ano atrás, Paula e Laura chegaram bem e saudáveis à Maternidade Gastroclínica. Em meio ao parto, a mãe sofreu um choque anafilático, devido a uma reação negativa a um medicamento que lhe foi dado, causando uma parada cardiorespiratória. Em razão disso, Laurinha não recebeu oxigênio da mãe e teve um edema cerebral.
A família entrou com um processo na Justiça. O inquérito investiga os possíveis responsáveis pela morte de Paula e a quase morte da criança. Um ano depois, nem todas as pessoas foram ouvidas ainda e o caso continua sem resolução. O pai contou que nem o médico e nem mesmo o hospital se pronunciaram. A tia de Laurinha, Rafaela Praciano, relembra emocionada o dia 6 de fevereiro de 2014. “É um sentimento de angústia muito grande. A gente sente que se minha irmã tivesse tido a Laurinha no meio da rua, ela ainda poderia estar aqui, então alguém tem que ser responsabilizado por isso“, afirma.
Laurinha deixou a maternidade há quatro meses e recebe os cuidados para a saúde de casa. O antigo quarto da mãe foi transformado em um mini hospital para atender as necessidades da criança. A menina ainda respira por aparelhos e faz, diariamente, oito tipos de tratamentos, entre fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e o Método Padovan de Reorganização Neurofuncional – uma abordagem terapêutica que tenta reabilitar o sistema nervoso, recapitulando os movimentos do corpo, da fala e do pensamento. “O quadro da Laura é estável. Ela vem evoluindo, mas tudo isso leva muito tempo. É um processo muito lento. Agora estamos empenhados em ‘desmamar’ o respirador que ela usa, para que ela tenha mais independência”, explica Ádamo.
Desde os seus primeiros dias de vida, uma verdadeira mobilização foi feita na Internet pela recuperação da criança, com correntes de oração e mensagens positivas. O grupo “Acorda, Laurinha” tem mais de 99 mil pessoas no Facebook e a família conta que Laura ganhou vários tios e tias pelo país e pelo mundo, que torcem por sua saúde.Por Renata Monte
Tribuna do Ceará
Nenhum comentário:
Postar um comentário