3 de junho de 2016

Fã de Levir, Sargento da PM treina de graça time mineiro que disputa Série D

Técnico Magela Rodrigues URT, Patos de Minas, Série D (Foto: Magela Rodrigues/Arquivo Pessoal)De farda, sargento e técnico Magela Rodrigues puxa fila com alguns atletas do projeto de futebol de base da PM em parceria com URT (Foto: Magela Rodrigues/Arquivo Pessoal)
Fim de expediente no 15º Batalhão da Polícia Militar de Patos de Minas, interior de Minas Gerais. Sai a farda de sargento e entra o uniforme do treinador. Essa é a rotina dupla de Geraldo Magela Rodrigues, que comandará a URT na Série D do Campeonato Brasileiro. Dividindo as atenções com a preservação da ordem pública da cidade durante uma parte do dia e o comando técnico de um time de futebol na outra, Magela conduzirá uma equipe profissional pela primeira vez depois de anos de experiência no comando das categorias de base do clube - e detalhe: sem receber do clube para a função. Fã de Levir Culpi, Fernando Diniz e Jorge Sampaoli, ele diz que o futebol está ficando feio e acredita que jogar para frente é a melhor forma de surpreender.
Técnico Magela Rodrigues URT, Patos de Minas, Série D (Foto: Bruno Fernandes/Assessoria URT)Técnico tenta adaptar disciplina da PM no comando de um time de futebol (Foto: Bruno Fernandes/Assessoria URT)
Em tempos de crise, Magela Rodrigues, nome usado quando veste a camisa da URT, é a solução caseira do time para economizar. Outra estratégia do clube é aproveitar os garotos do projeto realizado em parceria com o batalhão da PM da cidade. Quando termina o expediente nas ruas de Patos de Minas, o lado sargento fica em segundo plano. Mas na dose certa. Treinando a URT no período da tarde, Magela não se distancia da filosofia militar e garante que isso ajuda no seu trabalho como treinador.
– A primeira coisa é a disciplina. Como militar, somos acostumados com a disciplina. Até para formação de um jogador é preciso dela. Não admito jogador em confusão extracampo, que se envolva em situações que atrapalhem a imagem do próprio atleta e do time. Outro ponto é: você, como PM, tem que solucionar problemas com muita rapidez. No futebol também é assim. Você tem que ser rápido e fazer tal ação com certa frieza. Você está sob pressão, os torcedores ali, e você tem que tomar uma decisão muito racional para o time – explicou.
Além de policial militar há mais de duas décadas, Magela é profissional de educação física provisionado em futebol. Fez todos os cursos preparatórios para se tornar um treinador de futebol. Aos 46 anos, recebe sua primeira chance no profissional, e logo em uma competição como a Série D.
A inspiração para montar seu esquema de jogo vem de treinadores como Fernando Diniz, passando pelo repaginado Levir Culpi, até chegar a Jorge Sampaoli. Futebol moderno, com visões diferenciadas de treino e de jogo. Sem essa de querer armar time para jogar na retranca, Magela diz que suas equipes têm outras mentalidades, justamente para surpreender. 
Comissão técnica e elenco URT pré-temporada Série D (Foto: Bruno Fernandes/Assessoria URT)Comissão técnica aposta em conversa para ter grupo na mão no profissional (Foto: Bruno Fernandes/Assessoria URT)
– Nosso futebol está ficando feio, todos jogam por uma bola. Não sou dessa filosofia de jogar atrás. Temos que criar mais oportunidades e criar um esquema que defenda lá na frente. Gosto de bolas lançadas em profundidade e de verticalizar a direção do jogo. Nosso time é muito novo, mesmo os outros times sendo jovens, temos que surpreender em alguma coisa, se não, não vamos longe na competição – analisou.
Magela treinador da URT para a Série D do Brasileiro (Foto: Arquivo Pessoal/Geraldo Magela)Magela (esq.) é trienador de todas categorias do projeto (Foto:Magela Rodrigues/Arquivo Pessoal)
Se o objetivo é mostrar serviço e não onerar o clube, Magela Rodrigues é o nome certo. Sem receber nenhum centavo para comandar a URT na Série D, o treinador sabe que a pressão será grande, mas garante estar preparado para isso. 
– A pressão é maior, com certeza. Na categoria de base, o público bom era de 600 pessoas, agora serão de mais de 2 mil pessoas. Tudo mundo aqui acompanha o profissional. O que eu falo é que não virei um treinador, eu me preparei para ser um. Estudei, foquei em uma série de coisas: formato de treinamento, filosofia de jogo. A diretoria já me acompanha de perto pelo projeto e não sou remunerado, só se tiver premiação. Eu preciso primeiro mostrar para o que vim, para depois pensar em alguma coisa – finalizou o treinador.
Por Patos de Minas, MG

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