O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteve em Fortaleza, na última quinta-feira, 7, para participar de mais um evento para fomentar o discurso conservador, que é bandeira da direita brasileira. Ao O POVO, o polêmico parlamentar concedeu entrevista e afirmou que sua candidatura à presidência da República em 2018 pelo PSC é “irreversível”.
Réu no STF por apologia ao estupro e alvo de representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Bolsonaro faz questão de manter sua imagem atrelada a assuntos polêmicos.
Confira os principais pontos da entrevista:
O POVO - O nome do senhor é ventilado pelo PSC para candidatura à presidência em 2018. Realidade ou é apenas uma possibilidade?
Jair Bolsonaro - Eu digo para você que é irreversível. Eu tomei essa decisão. Estava no Partido Progressista (PP), e, em março, conversei com o pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, e acertamos nossos ponteiros. Uma das condições que foram colocadas na mesa da negociação era que eu deveria ter até 10% das intenções de votos até meados de 2018 (para lançar a candidatura). E nós já ultrapassamos isso daí. No mais, agora, estamos viajando pelo Brasil. Tivemos em Israel para ver como é a agricultura lá, questão da segurança, piscicultura... Vimos muita coisa lá e fizemos contatos com autoridades também. Talvez façamos negociações futuras, acordos etc. Basicamente a gente entra numa pré-campanha depois das eleições municipais porque atá lá toda a política vai estar voltada para as questões municipais, para fortalecer bancadas, fazer prefeitos. Só depois que a gente começa a se aprofundar mais com um possível plano de governo. Por enquanto, ainda não temos aliados, estamos sozinhos.
O POVO - Como o senhor recebe as pesquisas eleitorais?
Jair: A pesquisa agora no DF (Distrito Federal) me coloca em segundo lugar. Em São João do Meriti (RJ) estou em segundo lugar também. Lógico que em alguns lugares ainda estou muito embaixo porque eu não sou conhecido. A imprensa, em grande parte, só se lembra de mim para bater. Mas para mim isso não tem problema não, porque, quando a gente tem oportunidade de falar, a gente mostra quem nós somos.
O POVO - O senhor é conhecido também por críticas duras ao PT. Nesse contexto. consegue extrair algum ponto positivo da gestão petista nos últimos 13 anos?
Jair - Eu estou no sétimo mandato de deputado federal. Praticamente tudo o que eles fizeram foi visando a perpetuação no poder, até projetos, por exemplo, como Bolsa Família. Praticamente nada se aproveita do PT, tudo é um populismo. A nossa economia está na situação que está porque foi um viés ideológico, aproximando-se de ditaduras na África, Cuba, aqui na América do Sul também, foi um projeto de poder. Enquanto a Petrobras estava sendo assaltada, tudo o que interessava ao PT era aprovar (projetos) dentro da Câmara dos Deputados. (Na época do PT) a questão dos currículos escolares, voltava o marxismo cultural, a questão da homossexualidade também. Não consigo tirar nada de bom do PT. No meu entender, não foi nada bem.
O POVO - E o papel dos militares?
Jair - No período militar, de 64 a 85, nós melhoramos a economia da 49ª para a 8ª posição no mundo e tínhamos aqui uma educação de qualidade. O povo foi às ruas para pedir Diretas Já, e não para pedir saúde, educação e segurança. O que eu pretendo é buscar a parte boa da Ditadura Militar. No tocante à educação, (pretendo) modificar completamente o nosso currículo escolar, abrir o comércio para o mundo todo e jogar duro na questão da segurança. Porque sem segurança não tem como sonhar com turismo no nosso País, e o turismo é uma receita que vem de graça para o Brasil. O turismo quer apenas isso, segurança e paz para aproveitar o seu momento de lazer. Eu não vi o PT fazendo nada que fosse da mesma linha que nós pretendemos trabalhar no futuro.
O POVO - O senhor é alvo de uma representação do PV no Conselho de Ética por incitação ao crime de tortura. O senhor teme?
Jair - Nada, nenhuma. Eu usei a tribuna da Câmara dos Deputados. O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra esteve de um lado da história, e do outro lado estava José Dirceu, José Genoíno, Dilma Rousseff, Franklin Martins. Quem estava do lado certo? O lado de cá está preso ou na iminência de ser preso. O Zé Dirceu foi preso no regime que ele chama de ditadura e foi preso no que ele chama de democracia. O Dirceu foi agente da polícia secreta cubana. O que nós temos de bom desses caras? Alguém acredita no relatório da Comissão Nacional da Verdade? Por que não começou investigando o Celso Daniel, onde eles sequestraram e torturaram para que eles dissessem onde estava uns dossiês da empresa de ônibus que financiava a campanha do Lula em 2002? O coronel foi um herói, ele brigou com gente que foi treinada fora do Brasil. O PCdoB mandou seus jovens quadros em 1961 para a academia militar de Pequim para aprender o quê lá? Guerrilha, luta armada, tomada do poder pela força. Você vê o carinho que o PT, as suas pessoas mais importantes, têm pelo regime cubano. Nós queremos isso para o Brasil? Quem estava do lado certo? Agora, a política da esquerda sempre foi se vitimizar, sempre foi assim. É o caso da (deputada) Maria do Rosário (PT-RS), no passado isso sempre aconteceu. Sempre se vitimizar atrás da simpatia do povo, do voto, poder.
“O que eu pretendo (caso eleito presidente) é buscar a parte boa da Ditadura Militar”
O Povo
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