28 de julho de 2018

"Cada vez mais casais se formam depois dos 50 anos", diz especialista

"Cada vez mais casais se formam depois dos 50 anos", diz especialista
Avivah Wittenberg-Cox é autora do livro Late Love: e se o melhor ainda estivesse por vir?, lançado pela norte-americana Paperback em 2018. Traduzido para o francês e ainda sem previsão de lançamento em português no Brasil, a publicação investiga uma série de casais que encontraram o amor depois dos 50 anos, ou mais tarde, na chamada terceira idade. Entrevistada pela RFI, a autora propõe o rompimento de paradigmas e tabus sobre a possibilidade de realização pessoal e amorosa na maturidade e avisa: “O segredo é se libertar do olhar dos outros”.
Aos 49 anos, Avivah Wittenberg-Cox se divorciou e recomeçou a vida ao lado de outro companheiro, uma imagem que ela gosta de usar para ilustrar a possibilidade de ser feliz no amor na maturidade. Mas o episódio da vida pessoal da autora antecipa também as estatísticas do International Longevity Center, no Reino Unido, que provam que, se o número de divórcios após os 60 anos aumentou em 85%, na Inglaterra e no País de Gales, o número de quem vive sozinho depois dos 70 anos diminuiu significativamente, o que mostra que novos casais se formam na terceira idade.
“O estilo de vida dos cinquentões de ambos os sexos se aproxima cada vez mais de jovens adultos de 20 anos. Geralmente, em ambas as faixas etárias não existe mais criança pequena para tomar conta, e podemos aprender, viajar”, afirma Wittenberg-Cox, consultora de gestão humana no ambiente de negócios e uma ativista reconhecida da diversidade de gênero no trabalho.
Aumento da longevidade
“O aumento da longevidade reconfigurou toda a viagem”, explica. “Hoje percebemos que, aos 50 anos, temos ainda um longo caminho pela frente, e começamos a nos perguntar como queremos viver pelas próximas três décadas, ao menos. Percebemos que tudo não acabou, ao contrário, está apenas (re)começando”, aponta a autora de Late Love. “É uma tendência mundial, que acontece também a partir do aumento da emancipação feminina, da participação feminina em lugares de poder”.
“É claro que esse dado varia entre países, mas também no contexto brasileiro as mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho, mesmo que seja de maneira mais lenta, mas elas começaram a se emancipar. Claro que não falo de todas as mulheres, mas especialmente daquelas que trabalharam toda sua vida, que se tornaram financeiramente independentes e que tiveram um certo grau de educação. Estas mulheres começam a tomar as rédeas de sua vida pessoal, do seu corpo”, diz Wittenberg-Cox. “Aprendemos a envelhecer com qualidade quando nos libertamos do olhar da sociedade sobre nossa aparência física, é quando começamos a nos tornar nós mesmos”.
Para a autora, conseguir escapar dos paradigmas sociais é fruto de um trabalho interno. “Uma das consequências do aumento da longevidade no mundo é que este vício de juventude eterna tem diminuído. Começa-se a apreciar o processo de envelhecimento como uma possibilidade”, acredita. “Ao contrário de seus pais, quem hoje tem de 50 ou 60 anos possui vitalidade, um aspecto mais jovem, mantêm o corpo em boas condições. Não é uma nova juventude, mas terminamos as atividades da primeira parte da vida adulta, e partimos mais livres para a segunda, é uma outra perspectiva”, diz a consultora.
As vantagens do amor na maturidade
“Acredito que, aos 30 anos, procuramos inconscientemente um(a) parceiro(a) para a primeira parte da vida adulta, que tem a ver com uma criação de si mesmo, de papeis, de família, de posição social”, analisa a autora. Depois dos 60 anos, Cox acredita que não importa se estas conquistas foram alcançadas ou não, mas o norte da bússola muda de direção. “Nos voltamos para questões mais profundas, para aqueles parceiros de quem seremos cúmplices e com quem teremos um verdadeiro prazer em passar o tempo”, detalha, dizendo que “às vezes pode ser o mesmo parceiro, que evolui conosco, às vezes não, mudamos de rota”.
Com informações da Carta Capital

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