20 de janeiro de 2014

Eunício Oliveira age para não ser atropelado

foto eunício 140117 pedra branca
Da coluna Política, no O POVO, pelo jornalista Érico Firmo:
Das artes da política, talvez nenhuma o governador Cid Gomes (Pros) goste tanto de manejar quanto o tempo. Essa tem sido sua arma mais eficaz. Em 2006, alimentou até o limite do prazo de desincompatibilização as esperanças de Lúcio Alcântara ter seu apoio à reeleição. Em 2008, venceu Luizianne Lins (PT) pelo cansaço para fazer do primo Tin Gomes (PHS) vice-prefeito de Fortaleza. Em 2010, Tasso Jereissati (PSDB) cansou de esperar que o governador optasse entre ele e José Pimentel (PT) e tomou a iniciativa de romper – o que o levou à derrota.
Eunício Oliveira (PMDB) viu de perto todos esses episódios e age como quem não tem a menor intenção de ser o próximo da lista. Seu método se aproxima um pouco daquilo que o próprio Cid fez em 2012. Quase um ano antes de a decisão do então PSB lançar candidato próprio ser oficializada, o partido dos Ferreira Gomes já se preparava como se candidato fosse ter. Estaria pronto para qualquer cenário. É o que faz Eunício Oliveira.
Todos os interlocutores locais e nacionais do peemedebista asseveram: o senador será candidato ao Palácio da Abolição doa em quem doer, custe o que custar – e ninguém imagine que será barato –, por cima de pau e pedra. Bem, ele nunca foi de dar ponto sem nó ou murro em ponta de faca. Não é dado a aventuras e costuma navegar com razoável segurança. Verdade que, em 2010, ao disputar o Senado com Tasso e Pimentel, assumiu muito mais riscos do que sempre esteve acostumado. Recordista de votos, deve ter ganho segurança para saltos mais altos.
Mais importante que qualquer declaração de que será candidato são os gestos de Eunício: faz tempo que ele se prepara para ser. Na prática, está em pré-campanha e arregimenta os aliados que consegue. Como o PSB fez com Roberto Cláudio, faz tudo como quem vai ser.
Claro que ele sabe que Cid não assistirá a isso parado. Tentará alguma jogada para amarrá-lo. Buscará construir alguma condição que se mostre tanto vantajosa para ele se desistir de ser candidato, quanto arriscada no caso de insistir na empreitada. Afinal, nessa negociação será decidido muito do destino da eleição: se será competitiva ou se revelará outro passeio. O governador não pode ser olhado como peça nula nesse tabuleiro. E ele ainda nem começou a jogar.
Eunício pode até vir a ser convencido, de um jeito ou de outro, a não ser candidato. Mas busca garantir condições para que não seja atropelado caso a decisão que o governador venha a tomar não o contemple. Não está disposto a ficar a reboque, nem a correr o risco de ser deixado na chuva. Está longe de ser o tipo de postura que ajude a conseguir a adesão de Cid. O governador faz questão de controlar o tempo das decisões e gosta de sinais de obediência. Mas também não sei se Eunício ainda nutre esperanças ou ilusões de vir a ter apoio palaciano.
Venha a se concretizar o rompimento ou não, o primeiro embate já é travado, pelo controle da agenda e pelo protagonismo do processo eleitoral.
Blog do Eliomar de Lima

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