16 de abril de 2014

Mesmo calada, Rachel Sheherazade ainda grita

Rachel Sheherazade: censurada, mas não derrubada
Rachel Sheherazade: censurada, mas não derrubada
Pode-se acusar o SBT de tudo, menos de falta de polidez. Ao censurar descaradamente a jornalista Rachel Sheherazadeproibindo-a de emitir suas opiniões pessoais no “SBT Brasil“, a emissora afirmou em nota oficial que a medida foi adotada para “preservar a âncora”.
Que fofura! Pode existir ditadura mais zelosa do que esta?
Afinal, do que Rachel está sendo “preservada”? Do debate enriquecedor gerado por suas opiniões livres? Do embate contra minorias raivosas detentoras do freio intelectual que paralisa a sociedade? Da luta por um Brasil mais justo e feliz?
Rachel tem hoje a boca mais cara do mundo. Suas palavras valem R$ 150 milhões, valor da verba gasta pelo governo em propaganda somente no SBT e que poderia ser tirada caso a ‘perigosa’ Sheherazade continuasse a dizer o que pensa.
Ao calar Rachel, a base governista aderiu à moda do momento e tirou um selfie. Olhe atentamente para a foto e você verá as rugas da intolerância, do autoritarismo, da manipulação, da corrupção, da inversão de valores e da aversão à democracia. Eis a face da Era Lulo-Petista-Radical-Esquerdista: se você pensa como eles, prepare-se para os lucros; se os incomoda, prepare-se para o poste.
O mesmo poste onde, além de Rachel, foram amarradas a liberdade de imprensa, o diálogo entre a mídia e o público, a humanização da bancada e, de quebra, a pobre coitada dademocracia, velha senhora que há anos não consegue um leito no SUS.
A censura em si não é espantosa, afinal, as mãos que passaram o zíper pela boca de Rachel são as mesmas que têm assaltado nossos bolsos e envergonhado a alma dos cidadãos de bem. São mãos sujas de denúncias, rombos e CPI’s.
É por isso que o sorriso da deputada Jandira Feghali, aquela “indignada” que entrou com uma representação junto ao Ministério Público pedindo a ‘extinção’ de Rachel na TV, é, usando palavras da própria Rachel, “até compreensível” (Xi! Falei ‘compreensível’. Já posso ser acusado de apoiar e incitar a ação de hipócritas!).
Digo isso porque Feghali faz parte de um partido carente de votos e repleto de denúncias. Precisa mesmo de algumas manchetes positivas. Deprimente mesmo é ver o sorriso de jornalistas radiantes com o veto à colega. Jornalistas que deveriam zelar pela liberdade, matéria-prima de sua profissão.
É como ver ratos cinzas exaltando as qualidades do gato porque ele prometeu que comerá apenas ratos brancos. Um dia, o gato mudará o cardápio, mas aí já será tarde demais. Quem hoje ri de Rachel, amanhã poderá chorar ao lado dela.
Isso, aliás, se ela estiver chorando, hipótese da qual duvido.
Rachel perdeu um minuto em horário nobre, mas não perdeu seus maiores bens: a admiração de milhões de pessoas, o apoio incondicional dos indignados, a manifestação carinhosa dos sofredores, os aplausos dos trabalhadores, o legado deixado por sua sede por democracia.
O silêncio de Rachel promete ecoar ainda mais alto do que suas opiniões.
Censurada, ela pode ser ainda mais poderosa do que livre. Não porque tenha algum plano maligno, mas porque representa uma larga fatia da sociedade, cansada da mordaça que os assola diariamente. A mordaça da inflação que faz seu salário desaparecer. A mordaça da impunidade que faz seus algozes sorrirem. A mordaça das necessidades que faz seus filhos chorarem.
É grande o coro dos amordaçados que dizem: “Ainda estou com você, Rachel!”. Mesmo calada, Sheherazade ainda fala.
R$ 150 milhões podem ‘comprar’ a TV, mas dinheiro algum pode comprar as urnas. E nem mesmo centenas de “Dilmas” conseguirão calá-las quando elas resolverem gritar…
RD1.IG

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