16 de janeiro de 2015

Nota 1.000 no Enem, cearense estuda até 10 horas por dia e sonha em ser médico.

Ivan sonha em passar para Medicina, na UFC (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará)
Ivan sonha em passar para Medicina, na UFC (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará)
Antônio Ivan Araújo, de 18 anos, conseguiu ficar entre os 250 vestibulandos brasileiros que atingiram a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014. O jovem, que sonha cursar Medicina na Universidade Federal do Ceará (UFC), preparou-se para a prova escrevendo redações diariamente, durante uma carga horária de 10 horas, com aulas, laboratórios e estudos em casa. A mãe emociona-se por ver o êxito do filho e sonha junto com ele.
O tema da redação do último Enem não agradou a todos. Para Ivan, não foi difícil escrever sobre publicidade infantil. Ele conta que tentou ser criativo. A dificuldade era sua caligrafia. Seus professores reclamavam que não conseguiam entender sua letra. “No começo, eu achava que era implicância de professor, até o dia que a minha professora usou uma lupa para enxergar o que eu tinha escrito. Quando eu fui passar a redação a limpo, quase desenhei as letras”, conta.
Não é a primeira vez que Ivan tenta ser aprovado para o curso de Medicina na UFC. Sua primeira tentativa foi em 2013, quando terminou o Ensino Médio, mas sua nota não foi suficiente. Conseguiu passar para o segundo curso mais concorrido do Ceará, Engenharia Civil, mas desistiu de cursar para se preparar novamente e tentar o curso dos sonhos mais uma vez. “Como foi por pouco que eu não entrei, pensei ‘não estou tão longe, vale a pena tentar de novo'”, afirma.
Em nome dos estudos, abdicou da diversão durante o ano passado. “Eu só saía às vezes, pra ir ao cinema com alguns amigos, mas o que eu sentia mais falta era de ler livros que não fossem sobre as matérias que caíam no vestibular. Quando eu não estava estudando, estava lendo jornal”, relata. O estudante sonha em ser médico desde os doze anos de idade e já sabe até que áreas poderá se especializar. “Gosto muito de cardiologia, mas eu acho que se ficar com medo da pressão de salvar vidas, vou querer trabalhar com algo estético, vou ser cirurgião plástico“.
Para atingir a nota máxima, Ivan fazia uma redação por dia (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará)
Para atingir a nota máxima, Ivan fazia uma redação por dia (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará)
Durante 2014, a rotina de Ivan dividia-se entre aulas e horas extras de estudo. Pela manhã, tinha as aulas preparatórias no cursinho do colégio Master, voltava à casa para almoçar e logo retornava ao colégio para passar a tarde estudando e escrevendo redações. Durante a noite, quando chegava em casa, o candidato ainda tinha fôlego para continuar estudando. No começo, Ivan fazia uma redação por semana e quando outubro chegou, mês que antecedeu o Enem, o estudante passou a escrever uma ou mais redações por dia. Seu segredo era escrever diferentes textos sobre o mesmo tema. “Eu pegava temas amplos. Por exemplo, ‘lixo’. Aí, eu ía pesquisar na internet várias coisas sobre o lixo e fazer redações diferentes”, revela.
A mãe é a principal incentivadora. Dona Nair é dona de casa e emociona-se ao ver “os filhos encaminhados”. Ela conta que por motivos de saúde, temeu por não estar presente para ver o êxito do filho. “Eu falava que, pelo menos, eu iria poder morrer feliz, vendo todos os meus filhos no caminho certo”, conta chorando de felicidade. Era ela quem não deixava Ivan desistir quando o cansaço dos estudos batia à porta. “Eu acordava ele ir para aula e quando ele não aguentava mais estudar, eu ficava insistindo. Dizia ‘vá, meu filho, volte pro colégio para estudar'”.
Dona Nair, orgulhosa do filho, tem certeza de que vai ver Ivan se tornar um médico (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará)
Dona Nair, orgulhosa do filho, tem certeza de que vai ver Ivan se tornar um médico (FOTO: Renata Monte/Tribuna do Ceará)
Confiante, Ivan tem certeza de que vai conseguir realizar seu sonho. Não há nenhum outro curso como “plano B”, apenas outras universidades que pode cursar, caso não consiga entrar na UFC. Além da redação, o rapaz também acertou quase todas as questões de matemática e foi bem nas outras três provas. Para ele, ficar entre os 250 candidatos que atingiram mil pontos é uma grande vitória. Dona Nair, que não esconde o orgulho, diz que sempre soube do potencial do filho.
Por Renata Monte
Tribuna do Ceará

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