Moré, Otacílio Neto, Augusto, Roberto Jacaré. Todos jogadores acostumados a marcar muitos gols. Então, porque o ataque do Guarani deixou de marcar em 10, dos últimos 13 jogos da temporada (como bem lembrou o estatístico Thiago Minhoca em seu perfil no twitter)? A explicação vai muito além que culpar os atacantes.
O empate sem gols com o Imperatriz, terceiro consecutivo na Série D, explicitou a dificuldade que o Leão do Mercado tem em criar jogadas. Em proporcionar condições para os atacantes finalizarem. Note que no primeiro tempo, a única defesa difícil do goleiro Raniere se deu numa falta (muito bem) cobrada pelo lateral Everton. A etapa inicial foi marcada pela dificuldade do time trocar três passes no meio-campo. Tanto, que a ligação direta da defesa pro ataque com chutões, foi veementemente reclamada pela torcida.
O panorama não mudou muito no segundo tempo. Apesar de ter a posse de bola e tentar controlar o jogo, cabia aos atacantes a função do passe e não da finalização. Roberto Jacaré e Otacílio Neto tinham a obrigação de recompor o meio-campo, mas não foram bem acionados ou tiveram a devida companhia de ultrapassagens pelos lados. A entrada de Augusto nada mudou na necessidade do Guarani. Mesmo assim, algumas chances surgiram e foram desperdiçadas.
As quatro apresentações na Série D já mostraram um problema que ultrapassa a análise da qualidade dos atacantes rubronegros. A falta de jogadores com a característica do passe, dificulta a criação de jogadas. E não falo apenas de meias. Mas do time todo. Os volantes têm características de marcação preponderantemente. O único que foge à regra é Adenilson, mas foi usado como o meia por dentro e não rendeu. Talvez porque encontre uma linha atrás, o verdadeiro espaço pra desenvolver seu futebol. Samir, que foi bem utilizado em Tocantins, nem entrou, mas é um jogador de lado de campo.
Nenhum dos atacantes citados no começo, nem mesmo os garotos Bebeto e Abaiara, têm no passe um ponto forte. Moré até consegue jogar vindo de trás, fez essa função nos bons tempo de Bahia, mas não é a solução. Roberto Jacaré é um jogador de explosão, de velocidade. Augusto ainda procura uma tabela, mas é um finalizador nato. E Otacílio Neto fez sucesso onde passou pelo potente chute de canhota. O técnico Carlos Octávio tenta superar as dificuldades com variações táticas. Os sistemas mais usados até aqui (4-2-3-1 e 4-3-1-2) não foram capazes de minimizar os efeitos.
Os números mostram uma realidade. Para fazer muitos gols, não basta ter bons atacantes. Um time de futebol é uma engrenagem. E as características precisam ser observadas. Muito mais que gols, faltam passes. Pra melhorar a média de gols, a média de assistências precisa acompanhar. A escassez de gols é um fardo pesado para os atacantes carregarem sozinhos. E injusto para a característica do resto do time.
Por: Fabiano Rodrigues
Blog do Fabiano Rodrigues
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