Na última rodada do Campeonato Brasileiro, sábado (7), na Arena Pernambuco, o Náutico venceu o Corinthians por 1 a 0 e se livrou do risco de entrar para a história como o pior time da era dos pontos corridos. Alívio para os torcedores alvirrubros, que não vão ter que aturar as gozações eternas dos rivais. Um desses “aliviados” é o comerciante José Nunes, 50 anos, que mora em Petrolina, no Sertão pernambucano, e sofreu com as humilhantes derrotas do time do coração em 2013.
José Nunes afirma, sem um pingo de dúvidas, que o Náutico de 2013 não é o time que aprendeu a amar desde criança.
- O Náutico não é isso. O Náutico tem uma história bonita, é um clube centenário, muito querido no Nordeste. Esse é um ano que vai ser esquecido – acredita Nunes.
Natural da cidade de Santa Maria da Boa Vista, distante cerca de 105 km de Petrolina, onde foi criado, José Nunes começou a torcer pelo Náutico em 1974, após o Timbu impedir o hexacampeonato Pernambucano do Santa Cruz, que havia vencido a competição entre 1969 e 1973.
- O Náutico quebrou essa sequência do Santa Cruz e veio aquela onda de hexacampeonato. Eu nem sabia o que era hexa. O Náutico tirou essa marca do Santa Cruz e criou a expectativa em relação ao time – lembra o torcedor, que um ano depois teve a chance de ver o Timbu jogar em Petrolina e confirmar que aquele seria o seu time do coração.
- Em seguida, o Náutico veio inaugurar o gramado do estádio de Petrolina, em um jogo amistoso contra o Palmeiras local. Aí foi paixão à primeira vista – recorda.
Por causa dos mais de 700km de distância entre Petrolina e Recife, em uma época sem internet, TV à cabo e sem o sinal das rádios da capital, acompanhar os jogos do Náutico não era missão das mais fáceis. Mesmo com as dificuldades, o que José Nunes não poderia fazer, era ficar sem ouvir o jogo do Timbu.
- Eu pegava o telefone, ligava para uma rádio de Recife e alugava uma linha. Alguém da rádio atendia o telefonema e deixava o telefone fora do gancho. Aí era o narrador narrando o jogo e eu ouvindo pelo telefone. Fiz isso muitas vezes – conta Nunes, ressaltando que mesmo as ligações sendo muito caras, essa era a única maneira que ele tinha de ficar próximo do time.
Como todo torcedor apaixonado, José Nunes conseguiu fazer com que os dois filhos e a esposa se tornassem alvirrubros.
- Lá em casa todo mundo é alvirrubro. Minha esposa, quando começamos a namorar, não gostava de futebol, mas passou a gostar e a torcer pelo Náutico. E os filhos, são apaixonados. Meu filho todo dia usa a camisa do Náutico – diz o pai cheio de orgulho.
Com apenas 10 anos, o filho de José Nunes, Marcos Vinícius, segue os caminhos do pai. Mesmo sofrendo com as brincadeiras dos colegas na escola, o pai diz que o menino não se abala e mostra para todos a paixão que sente pelo time.
-Ele sabe que o Náutico não é isso daí - explica José Nunes, referindo-se ao time rebaixado para a Série B.
Por Emerson RochaPetrolina
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