Você certamente ouvirá piadas sobre. A privada assassina. O vaso voador. O crime sanitário. A latrina mortal. É o jeito brasileiro de lidar com as tragédias alheias. E a tragédia é sempre alheia até bater na sua porta. Aí o humor acaba, o sorriso se desidrata, a gargalhada engasga.
Para Paulo Ricardo Gomes da Silva, foi assim. A graça acabou de repente. O que Paulo Ricardo fez na sexta-feira à noite? Decidiu acompanhar um jogo no Mundão do Arruda. E morreu. Foi ao futebol e morreu.
E esse é o futebol... brasileiro.
Esse é o país que vai organizar, daqui a 40 dias, a maior competição do futebol mundial.
Paulo Ricardo Gomes da Silva tinha apenas 26 anos (Foto: Thiago Augustto)
A violência nas arquibancadas é um problema planetário. Já tivemos massacres na Europa e mais recentemente na África. No Brasil, nossa tolerância para a barbárie tem provocado a morte pontual. Você simplesmente corre risco de morrer caso saia de casa para ver um jogo no auto-intitulado país do futebol.
A culpa é de quem?
É da polícia - que não consegue prender todos esses marginais que frequentam locais públicos regularmente?
É da justiça - que não consegue manter na cadeia os marginais eventualmente presos?
É dos legisladores - que não conseguiram produzir uma lei capaz de manter na cadeia esses bandidos reincidentes e facilmente identificáveis?
Ou é sua que elege esses legisladores?
Talvez uma parte da resposta esteja aqui.
Em outubro - quando você for escolher um deputado ou senador pra chamar de seu - lembre-se de Paulo Ricardo. Da latrina que decolou. E da morte que veio voando.
Em junho - quando o primeiro apito soar em Itaquera - lembre-se de Paulo Ricardo. Do vaso que o atingiu. E das palavras de sua mãe ao telefone:
- Não, não... O Paulinho, não!"
Por Gustavo Poli
Rio de Janeiro
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