6 de julho de 2014

Arcebispo pede ao Vaticano que proiba nomeação de padrinhos

Um arcebispo de uma cidade do sul da Itália pediu ao papa Francisco que proíba por dez anos, pelo menos, a nomeação de padrinhos, numa tentativa de diminuir a influência da Máfia na região. Giuseppe Fiorini Morosini, arcebispo de Reggio Calabria, disse que debateu o tema com o pontífice durante uma visita a Roma no fim de semana. O papa, segundo ele, pediu que os bispos da região enviem por escrito uma proposta sobre o assunto.
Dentro da tradição católica, o padrinho é escolhido para ajudar os pais a criar a criança. Na Calábria, porém, a nomeação é usada pelas organizações mafiosas para estabelecer ligações entre as famílias. Segundo o arcebispo, na Calábria os padrinhos não são modelos religiosos e sim “pontos de referência” da Máfia.
A relação entre a Máfia e os padrinhos é retratada na trilogia de filmes “O Poderoso Chefão” - que no original em inglês, se chama “The Godfather” ou padrinho na tradução para o português.
A Calábria tem a presença da “ndrangheta”, considerada a mais ponderosa máfia da Itália. A organização do grupo se baseia em laços de sangue e familiares, como o casamentos e a nomeação de padrinho.
Morosini disse que ele escreveu ao papa pedindo o fim da nomeação de padrinhos “para evitar que a ‘ndrangheta’ explore a Igreja e os sacramentos”. Ele afirmou que Francisco inicialmente rejeitou a ideia, mas se mostrou aberto depois de uma visita a região.
O papa visitou a Calábria no ultimo dia 21 e criticou fortemente o crime organizado. Na ocasião, disse que os mafiosos “adoram o mal” e são excomungados da Igreja. O Pontífice atacou violentamente os poderosos grupos do crime organizado italianos.
A mensagem do religioso deveria ser ouvida em toda a Itália, mas tinha uma destinação particular à ‘Ndrangheta, já que foi enviada a partir de uma missa celebrada em Cassano, no final de uma visita de nove horas à Clábria. Os analistas consideram ter sido o ataque mais forte do Vaticano contra o crime organizado dos últimos anos. Antes, em 1993, o Papa João Paulo II tinha criticado fortemente a máfia siciliana.
O Povo

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