
Patologia caracterizada pela opacidade do cristalino (lente natural do olho responsável pela nitidez da visão), a catarata é a principal causa de cegueira reversível no mundo. A técnica cirúrgica para sua remoção consiste na substituição do cristalino por uma lente artificial. “A catarata não é só uma doença, mas também um processo natural do envelhecimento”, afirma Dácio Costa, presidente da Sociedade Cearense de Oftalmologia (SCO).
Para o médico oftalmologista André Jucá Machado, coordenador da residência em oftalmologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), mudanças no perfil demográfico brasileiro elevam o número de casos de catarata. Relatório de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou aumento da longevidade do brasileiro em aproximadamente 11 anos quando comparados os anos de 1980 e 2010. “Doenças comuns da terceira idade – como cataratas, diabetes e hipertensão arterial – aumentam na medida em que houver aumento na expectativa de vida da população”, afirma o médico. Segundo ele, a catarata atinge cerca de metade das pessoas acima de 65 anos. “Devemos estar cada vez mais preparados para atender a esta crescente demanda”.
Para Dácio Costa, o tratamento da catarata proporciona ao Estado economia pouco considerada pelos gestores públicos. Segundo o presidente do SCO, muitos idosos sofrem acidentes por consequência da baixa visão proporcionada pela doença. “A prevenção de tais acidentes evitaria gastos futuros no tratamento de ferimentos e fraturas. Pensando nessa economia, a cirurgia de catarata em pacientes da terceira idade se paga já no primeiro ano após sua realização”.
Cirurgia
A remoção da catarata dura poucos minutos e é considerada bastante segura. A técnica cirúrgica mais utilizada é conhecida como facoemulsificação do cristalino. A cirurgia consiste na “quebra” da catarata com a utilização de ultrassom e posterior substituição do cristalino por uma lente intraocular artificial. “A técnica é muito boa, eficaz e ainda hoje é a mais utilizada – mesmo nos Estados Unidos e na Europa, onde já se percebe uma forte migração para o tratamento a laser”, afirma André Jucá.
Para Dácio costa, o maior problema está nas diferenças entre os serviços público e privado. Segundo ele, no setor público os profissionais recebem até cinco vezes menos pelo mesmo procedimento realizado em clínicas privadas. “Nos planos privado, o acesso à cirurgia é bom, fácil e o nível técnico é alto. Não fica em nada devendo aos padrões internacionais. O grande problema é no serviço púbico. Há dificuldades de acesso e de financiamento. A tabela no serviço público está congelada há mais de dez anos. O último reajuste foi em 2003”, ressalta.
Números
20 mil pessoas esperam
pela cirurgia. Estado promete R$ 60 milhões para zerar a fila
31% das cirurgias eletivas (sem urgência) do SUS é para a remoção de catarata
opovo
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